1. Pense num pai judeu. De preferência, um pai judeu lá dos séculos VIII, VII a.C., um israelita de boa estirpe. O termo hebraico para a palavra pai é 'av. Muito cioso de sua sexualidade - de seu gênero, ele é "macho". O judaísmo bíblico é assertivo em relação à homossexualidade- o que significa que a homossexalidade é muito antiga. Mas o 'av judeu e israelita é "macho". Como diz o Malafaia, "Deus os criou macho e fêmea"...
2. A partir daqui, vou esculhambar a coisa. Não é mais sério o que escrevo agora. É pilhéria. Imagine você uma confraria de pais judeus, um 'av aqui, outro 'av ali... O que temos? Um grupo de... Bem, como vamos pluralizar esse grupo de pais judeus? O certo, já que são machos, seria 'avim, porque o plural masculino é "im". Mas alguma coisa curiosa acontece quando um 'av se junta a outro 'av... eles mudam de sexo! Isso mesmo - todos eles passam a ser de sexo feminino!, ou de gênero, se preferirem (nesse caso, dá no mesmo). O termo hebraico para "pais", o plural de pais, é 'avot. A terminação "ot" é do feminino. De modo que quando pais judeus se reúnem, transformam-se em... mulheres!
3. Ainda continuo a esculhambação. Voltando ao tom, então. O que, não acredita que pais viram mulheres? Então acompanhe a crise. Quando os pais de uma cidade se reúnem, já vimos - só não imaginamos como isso se dê!, eles viram mulher. E o que acontece então com as pobres mulheres das cidades, perdidas, sem seus homens, e vendo aumentada, agora, a concorrência? Ora, para tudo há uma saída! Elas se reúnem e... adivinhem... Bingo! Viram homem, porque o plural de 'ishshah, mulher, é nashim. Ora, im, já disse, é terminal plural do gênero masculino, de modo que, sozinha, uma 'ishshah é fêmea, mas, depois que os 'av viraram 'avot, isto é, depois que mudaram de sexo, a saída das mulheres é se reunirem e... mudar de sexo também!
4. Falando sério, agora. O fato de palavras no hebraico terem gênero feminino ou masculino não determina necessariamente o seu sexo. Não há "sexo" na gramática - há gênero. Quando as coisas na vida real têm genitália, têm sexo, é natural que o gênero na gramática acompanhe o sexo do ser em questão. Mas não se trata de regra. Na prática, tanto essa questão curiosa do plural feminino do masclino 'av, bem como do plural masculino do feminino 'ishshah prende-se à história da língua e da palavra, assim como os demais casos. Fazer disso base para a Teologia, ou para qualquer outra coisa, pode ser até criativo, às vezes, até esteticamente criativo - nem tudo que é criativo é belo, eu diria. Todavia, só tem validade aí, na esfera dessa criatividade, e enquanto ela não é sacudida, à luz do dia, pela materialidade da história - inclusive da história da teologia.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. A partir daqui, vou esculhambar a coisa. Não é mais sério o que escrevo agora. É pilhéria. Imagine você uma confraria de pais judeus, um 'av aqui, outro 'av ali... O que temos? Um grupo de... Bem, como vamos pluralizar esse grupo de pais judeus? O certo, já que são machos, seria 'avim, porque o plural masculino é "im". Mas alguma coisa curiosa acontece quando um 'av se junta a outro 'av... eles mudam de sexo! Isso mesmo - todos eles passam a ser de sexo feminino!, ou de gênero, se preferirem (nesse caso, dá no mesmo). O termo hebraico para "pais", o plural de pais, é 'avot. A terminação "ot" é do feminino. De modo que quando pais judeus se reúnem, transformam-se em... mulheres!
3. Ainda continuo a esculhambação. Voltando ao tom, então. O que, não acredita que pais viram mulheres? Então acompanhe a crise. Quando os pais de uma cidade se reúnem, já vimos - só não imaginamos como isso se dê!, eles viram mulher. E o que acontece então com as pobres mulheres das cidades, perdidas, sem seus homens, e vendo aumentada, agora, a concorrência? Ora, para tudo há uma saída! Elas se reúnem e... adivinhem... Bingo! Viram homem, porque o plural de 'ishshah, mulher, é nashim. Ora, im, já disse, é terminal plural do gênero masculino, de modo que, sozinha, uma 'ishshah é fêmea, mas, depois que os 'av viraram 'avot, isto é, depois que mudaram de sexo, a saída das mulheres é se reunirem e... mudar de sexo também!
4. Falando sério, agora. O fato de palavras no hebraico terem gênero feminino ou masculino não determina necessariamente o seu sexo. Não há "sexo" na gramática - há gênero. Quando as coisas na vida real têm genitália, têm sexo, é natural que o gênero na gramática acompanhe o sexo do ser em questão. Mas não se trata de regra. Na prática, tanto essa questão curiosa do plural feminino do masclino 'av, bem como do plural masculino do feminino 'ishshah prende-se à história da língua e da palavra, assim como os demais casos. Fazer disso base para a Teologia, ou para qualquer outra coisa, pode ser até criativo, às vezes, até esteticamente criativo - nem tudo que é criativo é belo, eu diria. Todavia, só tem validade aí, na esfera dessa criatividade, e enquanto ela não é sacudida, à luz do dia, pela materialidade da história - inclusive da história da teologia.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
uau!
muito criativo, não necessariamente belo, não fez questão da estética, mas do conteúdo :)
o que tens muuuuito!
Como sempre, aqui fica minha admiração,
bom que posso continuar aprendendo e sendo provocada a pensar por este blog!
Grande incentivo também...
Mais uma vez, obrigada por tudo
e parabéns por tudo que és!
Prisca
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