1. Estou acamado. Febril e tomado de catarros... Jimmy vai ter que esperar para a sua/minha merecida reação. No entanto, minhas entranhas estremecem. Se eu não escrever duas linhas, não durmo... Então, direi o que segue.
2. O conhecimento humano é desenvolvimento direto do conhecimento biológico, celular, protozoário, metazoário, animal. Isso quer dizer que o conhecimento humano é função orgânica para instalação eficaz, eficiente e efetiva no ecossistema. O conhecimento tem uma função vital - literalmente. Na espécie humana, contudo, dada a absurda complexidade cerebral, a computação viva tornou-se cogitação noológica, sem, contudo, deixar de ser, ainda e necessariamente, computação viva (cf. Morin, O Método, particularmente volumes 1 a 3). Muita gente boa do século XX "esqueceu" a identidade biológica e animal da espécie, e inventou uma Hermenêutica não-fundacional, como se, além de o homem ser um fantasma a voejar sobre o planeta, também não houvesse nada em torno dele além dele mesmo - e, eventualmente, outros fantasmas com quem negociar palavras consensuais... Platão fazia mais sentido do que qualquer coisa não-fundacional... Ao menos era política e mito em coito programático!
3. Pois bem, por analogia a essa situação, pressinto que caminharei para enfrentar o "desespero" trágico (moderno!) como a conseqüência de encarar o mundo moderno ainda com os olhos antigos. Durante o longo período "platônico" - que, a rigor, começou há milênios antes dele -, a verdade era extra-humana, era "divina", era "sagrada", era "forte", porque assim o mito a pintava. Depois do século XIX, ápice e marco didático dos últimos 500 anos, ruiu não a verdade, mas a verdade extra-humana, soçobrou não a verdade, mas a verdade forte, estabacou-se não a verdade, mas a verdade "divina". A alma humana tem tanta saudade da verdade divina que, quando tem de encarar a condição humana da verdade humana, desespera. A auto-piedade toma conta do homem, choroso que fica, porque perdeu... o que ele perdeu mesmo? Ah, sim, uma ilusão política...
4. O sintoma do século XX deve ser esse: desespero pelo fim do jogo ontológico. Desse desespero, assumido ou recalcado, advém toda a sorte de lamentações fúnebres sobre a vida. Todavia, duvido, caros amigos, que um Eclesiastes desesperasse hoje, tanto quanto não desesperava ontem, comendo seu pão, bebendo seu vinho e, sobretudo, amando a mulher da sua juventude. Isso parecerá a covardia dos modernos? Ou sinal de sobriedade?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. O conhecimento humano é desenvolvimento direto do conhecimento biológico, celular, protozoário, metazoário, animal. Isso quer dizer que o conhecimento humano é função orgânica para instalação eficaz, eficiente e efetiva no ecossistema. O conhecimento tem uma função vital - literalmente. Na espécie humana, contudo, dada a absurda complexidade cerebral, a computação viva tornou-se cogitação noológica, sem, contudo, deixar de ser, ainda e necessariamente, computação viva (cf. Morin, O Método, particularmente volumes 1 a 3). Muita gente boa do século XX "esqueceu" a identidade biológica e animal da espécie, e inventou uma Hermenêutica não-fundacional, como se, além de o homem ser um fantasma a voejar sobre o planeta, também não houvesse nada em torno dele além dele mesmo - e, eventualmente, outros fantasmas com quem negociar palavras consensuais... Platão fazia mais sentido do que qualquer coisa não-fundacional... Ao menos era política e mito em coito programático!
3. Pois bem, por analogia a essa situação, pressinto que caminharei para enfrentar o "desespero" trágico (moderno!) como a conseqüência de encarar o mundo moderno ainda com os olhos antigos. Durante o longo período "platônico" - que, a rigor, começou há milênios antes dele -, a verdade era extra-humana, era "divina", era "sagrada", era "forte", porque assim o mito a pintava. Depois do século XIX, ápice e marco didático dos últimos 500 anos, ruiu não a verdade, mas a verdade extra-humana, soçobrou não a verdade, mas a verdade forte, estabacou-se não a verdade, mas a verdade "divina". A alma humana tem tanta saudade da verdade divina que, quando tem de encarar a condição humana da verdade humana, desespera. A auto-piedade toma conta do homem, choroso que fica, porque perdeu... o que ele perdeu mesmo? Ah, sim, uma ilusão política...
4. O sintoma do século XX deve ser esse: desespero pelo fim do jogo ontológico. Desse desespero, assumido ou recalcado, advém toda a sorte de lamentações fúnebres sobre a vida. Todavia, duvido, caros amigos, que um Eclesiastes desesperasse hoje, tanto quanto não desesperava ontem, comendo seu pão, bebendo seu vinho e, sobretudo, amando a mulher da sua juventude. Isso parecerá a covardia dos modernos? Ou sinal de sobriedade?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Um comentário:
Sinceramente, só venho ao seu blog ler os seus textos. Sua concisão, objetividade tornam as palavras leves, soltas... Você cumpre a função sacerdotal, verdadeiramente, porque só discirno o que os "deuses" intentaram dizer através das suas proposições.
Amei a frase: A alma hmana tem tanta saudade da verdade divina que, quando tem de encarar a condição humana da verdade humana, desespera.
Melhoras!!!
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