1. Minha mãe foi médium kardecista até longa idade. Freqüentava um centro próximo de casa, no alto da Avenida São Paulo, onde vivi grande parte de minha infância e juventude. Ela "via" coisas. Uma delas foi a queda do Viaduto Paulo de Frontin (aqui e aqui). Que ela me tenha contado, outra ainda, foi o assassinato do vigia da Padaria Paulista, na esquina da Av. São Paulo com a Rua Rio de Janeiro, em Mesquita/RJ.
2. Desciam ela e Dona Odete, vizinha da casa da frente e também kardecista, o morro da Av. São Paulo, tendo saído da sessão espírita. E subia um homem. Minha mãe teria visto um vulto se aproximar dele, e lhe dar um tiro. Era uma visão. Ela perguntou a Dona Odete quem era. Era o vigia da Padatria Paulista. Ele morrerá hoje à noite. Avisaram-no. Ele não creu. Na madrugada, um fusca parou em frente à padaria, dele saiu um homem e deu um tirou na cabeça do vigia. Nunca chequei a história, é claro. A de cima, contudo, ao menos a tragédia, foi real.
3. Minha mãe conta que abandonou por isso o kardecismo - porque via, e não podia fazer nada, de modo que o sofrimento era maior... De fato, abandonou completamente as sessões. Hoje, confessa a fé evangélica.
4. A mediunidade é um caso extremo. Fiquemos com a lucidez da vida - a consciência. É uma desgraça. Pergunto-me - e ontem o fiz por longos períodos do dia - que vantagem advém-nos dela? Os animais têm as mesmas alegrias que nós, pelo menos os mamíferos, e disso não advém qualquer vantagem nossa, dado o fato de termos consciência - trata-se da alegria mamífera, o folguedo dos filhotes...
5. Por outro lado, a consciência humana nos dá ciência das desgraças em escala inimaginável. E que bem há nisso? Há milenios adquirimos a consciência e o que conseguimos evitar, de desgraça, com ela? A fome? O estupro? A guerra? O crime? Só conseguimos dormir intranqüilos, assombrados com a maldade humana...
6. Melhor seria não saber de nada, viver como um tolo, ser um tolo, como as crianças, que acreditam que a vida se faz com Papais Noéis e coelhos da Páscoa. O pior, senhores, é que essas mitologias infantis até se perpetuam na fase adulta - as mitologias religiosas. Mas, se observarmos bem, elas, as mitologias religiosas, estão tão carregadas da consciência da maldade quando a própria realidade. Diria que as teologias deixaram-se contaminar pela consciência humana. Não há, pois, mais Paraíso possível...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Desciam ela e Dona Odete, vizinha da casa da frente e também kardecista, o morro da Av. São Paulo, tendo saído da sessão espírita. E subia um homem. Minha mãe teria visto um vulto se aproximar dele, e lhe dar um tiro. Era uma visão. Ela perguntou a Dona Odete quem era. Era o vigia da Padatria Paulista. Ele morrerá hoje à noite. Avisaram-no. Ele não creu. Na madrugada, um fusca parou em frente à padaria, dele saiu um homem e deu um tirou na cabeça do vigia. Nunca chequei a história, é claro. A de cima, contudo, ao menos a tragédia, foi real.
3. Minha mãe conta que abandonou por isso o kardecismo - porque via, e não podia fazer nada, de modo que o sofrimento era maior... De fato, abandonou completamente as sessões. Hoje, confessa a fé evangélica.
4. A mediunidade é um caso extremo. Fiquemos com a lucidez da vida - a consciência. É uma desgraça. Pergunto-me - e ontem o fiz por longos períodos do dia - que vantagem advém-nos dela? Os animais têm as mesmas alegrias que nós, pelo menos os mamíferos, e disso não advém qualquer vantagem nossa, dado o fato de termos consciência - trata-se da alegria mamífera, o folguedo dos filhotes...
5. Por outro lado, a consciência humana nos dá ciência das desgraças em escala inimaginável. E que bem há nisso? Há milenios adquirimos a consciência e o que conseguimos evitar, de desgraça, com ela? A fome? O estupro? A guerra? O crime? Só conseguimos dormir intranqüilos, assombrados com a maldade humana...
6. Melhor seria não saber de nada, viver como um tolo, ser um tolo, como as crianças, que acreditam que a vida se faz com Papais Noéis e coelhos da Páscoa. O pior, senhores, é que essas mitologias infantis até se perpetuam na fase adulta - as mitologias religiosas. Mas, se observarmos bem, elas, as mitologias religiosas, estão tão carregadas da consciência da maldade quando a própria realidade. Diria que as teologias deixaram-se contaminar pela consciência humana. Não há, pois, mais Paraíso possível...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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