1. Bem, aqui você pode ler a matéria no Financial Times (Zuma should learn from Lula). Aqui você pode ler a matéria, traduzida por Eloise De Vylder (Zuma deveria aprender lições políticas com o defensor brasileiro dos pobres). Aqui, finalmente, você poderia ler um comentário à matéria apresentado na página da BBC Brasil (Novo presidente sul-africano deveria aprender lições políticas de Lula, diz 'FT'). Daí, então, extraio um veio.
2. Assinada por Richard Lapper ("editor de América Latina do jornal"), a matéria traça um perfil muito elogioso da capacidade de, contra as expectativas da oposição, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva ter-se havido bem na administração do país, dado o contexto tremendamente negativo em que assumiu o Governo, em 2002: "'[Ele] vai ganhar a eleição... Então a crise vai ficar muito maior, e logo'" - foi o que se disse, desde a oposição (incluindo aí, naturalmente, a maedia).
3. Que nada! Ganhou, sim, e duas vezes, mas as coisas tomaram um rumo para além do que se esperava - ainda que, é verdade, muito, muito, muitíssimo aquém das esperanças dos militantes. Todos os que apoiaram Lula - não falo dos "de última hora", mas dos apoiadores históricos, a esquerda e a população menos favorecida pelos modelos político-econômicos anteriores - esperavam uma mudança mais rápida, uma transformação mais imediata das relações político-econômicas. Esses, decerto, estamos um tanto frustrados.
4. E é aí que eu quero chegar. O último parágrafo do artigo do Financial Times descreve a tática de Lula de obter "paciência" das bases como "truque": "'No Brasil, Lula foi capaz de usar sua imagem de 'homem do povo' para conter as expectativas de mudanças do dia para a noite e convencer os simpatizantes a segui-lo no longo prazo. É um truque que Zuma poderia repetir'".
5. Truque? Foi, mesmo, um truque? Ou o que se deu no Brasil, nesses últimos seis anos e meio foi o utopia possível sem transtornos, sem quebra de marcos regulatórios, sem "revolução", sim, muito lentamente, porque se tendo de empregar as "regras do jogo"? A palavra "truque" pode sugerir manobras programáticas, performances midiáticas, estratégias e táticas de controle de massas, ilusão de ótica, mágica, prestidigitação. Não estou convencido de tratar-se disso.
6. Prefiro interpretar a, sim, morosa caminhada das políticas econômico-sociais do Governo Lula como o resultado da decisão político-estratégica de não se transtornar o regime democrático - e, nesse caso, a mesa de negociaões está ocupada pelo que de mais retrógrado, reacionário, anti-popular, mesquinho e pérfido há na política nacional. Você só tem dois modos de lidar com essa turma - o de Chávez e o de Lula. PHA vive chamando Lula de covarde e medroso - talvez o seja. Por outro lado, Chávez é acusado de fanfarrão, autoritário, "maluco". Se os dois estão atrás da mesma coisa - vejamos quem há de chegar lá, se não em primero lugar, ao menos nas melhores condições.
7. Mas, vai ver estou sob o "truque" de Lula e tenha me convencido da razoabilidade de caminhar-se mais lentamente do que se poderia caminhar...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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