quinta-feira, 2 de abril de 2009

(2009/130) Emergências


1. Efetivamente, faz brotar um sentimento danado de bom no peito da gente ver nosso agente político maior fazer a representação d@s brasileir@s. De certa forma, é uma variante do verdeamarelismo mítico da cultura brasileira, o qual emerge em momentos 'fortes' e que tantas vezes é cooptado pelas elites.

2. Não pude votar no Lula na primeira eleição, pois estava fazendo meu doutorado no exterior. Fiz, contudo, uma votação 'simbólica' na Embaixada brasileira. Votei todas as outras vezes em Lula, sem nenhuma dúvida. Considerava-o a melhor opção enquanto 'emergência' social. Saído dos grotões de Pernambuco, passou vida entre trabalho e sindicato, farinha e cachaça e, agora, por força de uma trajetória política sólida, comprometida com causas fundamentais de gente trabalhadora no Brasil, representa a gente no conjunto dos 'grandes' chefes políticos.

3. Acho que minha simpatia tem a ver com a minha própria trajetória. Nunca passei fome; nasci e me malcriei lá nas grotas catarinenses, onde havia sempre o que comer. Mas percebo hoje que minha vida foi, sempre, uma vida de trabalho e luta. E continuo lutando... Acho, pessoalmente, que toda realização deve ser medida em relação ao startpoint, isto é, ao ponto de partida. Considero isso de fundamental importância no processo pedagógico em sala de aula. Mas penso ser válido também para a vida em geral. Tem mais sabor uma vitória de quem treina, treina, joga e joga e acaba por conseguir fazer um gol.

4. Lula é um tipo assim. É claro que hoje come comida requintada, bebe bebidas especiais, usa roupas chiques. Mas isso são as benesses do cargo.

5. Isso me faz lembrar, em termos bíblicos, da figura do rei Josias, conforme é referendado em um texto no profeta Jeremias 22,13-19. Cito agora de memória. Lá diz que Josias 'comeu e bebeu', o que significa 'banqueteou'. Mas diz também que ele fez justiça ao órfão e à viúva e não fez Israel retornar ao Egito, o que significa não fez retornar sistema de pesada tributação e trabalhos forçados, como tantos outros reis.

6. No caso brasileiro, a carga de impostos é grande. Há concessões significativas aos economicamente fortes. Mas Lula ainda continua sintonizado com as causas populares.

7. Sentar ao lado da rainha, à frente de Obama, é significativo. Remete para emergências. Que justiça e direito continuem a ser referenciais...


HAROLDO REIMER

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