terça-feira, 28 de junho de 2011

(2011/403) "Fala, Lourenço Vala!" - de um "490" que detonou com o plágio - porque corrigir trabalhos é trabalho indiciário!




2. Há um mês ando às voltas com uma pilha de mais de cem trabalhos "acadêmicos". Mais da metade, plágio (tanto da obra "resenhada" quanto da Internet), bem como colagens. Coisa fácil de pegar, às vezes, mas, às vezes, a sem-vergonhice do sujeito é tão grande, o calhorda é tão sacana, que, além de copiar o texto da Internet, modifica-o ligeiramente, para ver se o bestão do professor cochila... Vai um monte pro saco...

3. Mas um caso me marcou, e acabei de dar cambalhotas de gargalhada... Há uns 15 dias, corrigi um trabalho, que está na pilha dos corrigidos. Era plágio, eu tinha certeza absoluta, mas não tinha como pegar. Não encontrava na internet, e não era colagem do texto resenhado. Mas era plágio, eu dava um braço...

4. Por que a certeza? Porque o inteligente do bandido do aluno escreveu assim: "nestes dias, em que comemoramos 490 anos da Reforma"... Ué, mas isso se deu em 2007/2008! E o trabalho é de 2011! Só pode ser plágio - cópia ou "aproximação" de um texto que não está na Internet. Escrevi isso, mas não tinha como "provar"... Que dó!

5. Hoje, finalmente, acabo a pilha - eu acho! Aí, juro!, não é mentira, não: quando estou corrigindo o penúltimo trabalho da pilha, lei a mesmíssima frase num texto bem escrito - mas a mesma frase, e lá meus olhos bateram, e brilharam, nos 490. Não deu outra: foi rever a pilha, olhar trabalho por trabalho, e lá está o trabalhinho do sujeito enrolão. Sei, agora, até quem copiou de quem, se bem que não se trata de uma cópia exatamente, mas algo mais parecido com o que 2 Pedro 2 faz com Judas: uma re-escrituração, na mesma ordem, com os mesmos termos. No caso dos "490", o texto é cerca de metade do tamanho do outro...

6. Peguei o sujeito! À moda Lorenzo Valla! E isso me faz divertir-me cada vez mais com as teses que prendem o texto dentro de si mesmo - absurdo! Fosse eu um pós-moderno desses, não poderia jamais trabalhar com a hipótese que me dizia, me gritava, que o autor do trabalho 2 pegou o trabalho do autor 1, e, tendo-o à sua frente, foi copiando e adaptando algumas frases, alguns períodos, saltando outros, na esperança aflitiva de que não fosse pego. Mas, caiu do cavalo. Gosto tanto de teorias pós-modernas de textos quanto de unha encravada... Acho que nem eles mesmos acreditam - mas é que tá na moda, e você tem que ir na onda... Mas, na hora do vamos ver, acho que acaba caindo a ficha...









OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Cláudio Roberto de Souza disse...

Parabéns, pela delícia de texto, professor. Descontraído e com rigor intelectual.

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