tag:blogger.com,1999:blog-68152468072522723182024-03-13T17:19:20.980-03:00PeroratioBlog de Teologia, Filosofia, História, Política, Fenomenologia da Religião, Cultura e Arte de Osvaldo Luiz Ribeiro.Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.comBlogger5867125tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-40242923312487872342020-09-26T13:44:00.002-03:002020-09-26T13:44:11.515-03:00(2020/058) Racismo e opressão<p style="text-align: justify;"> <img border="0" data-original-height="60" data-original-width="46" src="https://1.bp.blogspot.com/-6ZBNFqQFmeA/X29vSW43uTI/AAAAAAAAWbc/_P1dW9HdKEMwZ0ITi1td-copbDuR3rMzQCPcBGAsYHg/s0/Avatar_Osvaldo-MOTION.gif" /> O racismo é a expressão cultural da opressão política. O racismo existe porque há classes étnicas que são mantidas sob opressão contínua. O racismo só acabará quando acabar a opressão. E, dado que a opressão é o modus operandi do regime capitalista, enquanto houver capitalismo haverá racismo.</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p>OSVALDO LUIZ RIBEIRO</p>Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-53977470444234831662020-06-23T17:04:00.001-03:002020-08-31T18:27:53.827-03:00(2020/057) Da teologia que se faz em comunidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
Da teologia que se faz - e, segundo se diz, só se pode fazer em comunidade, tenho a dizer o seguinte.<br />
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1. Esse tipo de teologia é política, e apenas isso. É alguma coisa entre autoajuda, animação de auditório e placebo. Autoajuda porque teologia só funciona psicologicamente por autossugestão. Animação de auditório porque o grande circo das comunidades se justifica pela total desarticulação política das massas. E é placebo porque a fé é placebo, com o agravante de que os operadores do circo sabem disso. Tanto sabem que, se apertados, falarão de terapia, benefícios psicológicos, conforto, essas coisas...</div>
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<br /></div>
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2. Esse tipo de teologia é, além disso, baseada em autoridade. Todo mundo sabe que, em comunidades, a "verdade" é imposta de cima para baixo, sustentada na retórica do deus articulado na doutrina, e que as lideranças se impõem sobre as pessoas, tudo sendo encenado como submissão ao deus. Logo, não existe teologia comunitária, mas o assenhoramento do comunidade pelos teólogos.</div>
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<br /></div>
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3. Teologia, como coisa séria, de pesquisa e estudo, se faz é em gabinete. Seu material não é a vida, mas a história e os livros, as teorias e as teses. Se a população não sabe disso e não sabe fazer isso, a teologia que fará é da pior qualidade possível, o papel tristíssimo de ser levada a considerar que sabe o que não sabe. </div>
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Não é por outra razão que concordo com alguém que disse que no Brasil não há nem se faz teologia. </div>
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Uma teologia que efetivamente tivesse lugar na comunidade e prestasse seria aquela que fosse levada a cabo por uma comunidade em que cada membro estivesse informado em gabinete, dominasse a história da teologia, os livros, as teses, os autores, na qual cada membro estivesse em pé de igualdade para avaliar, criticar, ponderar, superar, e não esse circo de púlpito, no qual o mais bem intencionado é um manipulador do sagrado, em que o cenário é a mais profunda ignorância popular, ignorância tanto mais criminosa quanto diplomado for o pregador.</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-34832529413599500462020-04-27T18:17:00.001-03:002020-04-27T18:17:28.692-03:00(2020/056) The Dragonborn Comes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
The Elders Scroll V - Skyrim Special Edition<br />
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8rg2vkz72a8" width="560"></iframe>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-WQlTA1lCGlM/XqdLSfrIp5I/AAAAAAAAWZI/BvdDBZR-Kg40RHI74e5fyJeoDtWNFo0ygCLcBGAsYHQ/s1600/20200427111601_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1600" height="270" src="https://1.bp.blogspot.com/-WQlTA1lCGlM/XqdLSfrIp5I/AAAAAAAAWZI/BvdDBZR-Kg40RHI74e5fyJeoDtWNFo0ygCLcBGAsYHQ/s640/20200427111601_1.jpg" width="640" /></a></div>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-k1TCEP1XDhw/XqdLTJ2n02I/AAAAAAAAWZM/FLdHukSrbNATPcrj74Verp-9dwYS0XwpgCLcBGAsYHQ/s1600/20200427173544_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="675" data-original-width="1600" height="270" src="https://1.bp.blogspot.com/-k1TCEP1XDhw/XqdLTJ2n02I/AAAAAAAAWZM/FLdHukSrbNATPcrj74Verp-9dwYS0XwpgCLcBGAsYHQ/s640/20200427173544_1.jpg" width="640" /></a></div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIROPeroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-48945903025424631982020-04-26T07:47:00.001-03:002020-04-26T07:47:18.217-03:00(2020/055) Novo curso ONLINE, AO VIVO e GRATUITO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-HQbMpPKe2Dw/XqVmF95NbgI/AAAAAAAAWY0/P6eRG9IYalYTvg9wsYwKqo1izzLmlmKpwCLcBGAsYHQ/s1600/postagem_facebook_feed_leitura_sonetos_osvaldo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1458" data-original-width="1200" height="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-HQbMpPKe2Dw/XqVmF95NbgI/AAAAAAAAWY0/P6eRG9IYalYTvg9wsYwKqo1izzLmlmKpwCLcBGAsYHQ/s640/postagem_facebook_feed_leitura_sonetos_osvaldo.png" width="526" /></a></div>
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Nas sociedades modernas, poucas habilidades são tão fundamentais ao cidadão e à cidadã do que a capacidade desenvolvida de leitura de textos. Não se trata apenas da dimensão básica do letramento, mas a habilidade de compreender e interpretar os textos na dimensão necessária para a interpretação crítica dos discursos, das normas, das narrativas que circulam na sociedade. Tal habilidade demanda tempo: muita prática de leitura, eventualmente muita prática de escrita e, alternativamente, treinamentos específicos. “Exercitando leitura analítica em sonetos: Florbela Escrita e Olavo Bilac” propõem-se a contribuir para o exercício de leitura analítica, utilizando para isso essas extraordinárias peças da literatura, os sonetos, que comprimem um impulso de comunicação numa estrutura narrativa precisa e concisa. Sua sintaxe incomum força e atenção do leitor e impõe à leitura analítica dar a máxima atenção à configuração sintática dos períodos, potencializando aprofundamento da capacidade de leitura, compreensão e interpretação. Serão lidos os sonetos: Ronda Noturna, de Bilac, e Fanatismo, de Espanca.</div>
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Não se trata de um curso voltado para o estudo da Bíblia, mas deve-se ter em mente que a capacidade de leitura analítica é uma das principais imposições que as Escrituras fazem aos leitores, de sorte que, indiretamente, o curso pretende igualmente ajudar a leitores e leitoras da Bíblia a lerem-na mais adequadamente, por força de os ajudar a aprofundar sua capacidade de leitura.</div>
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Não se esqueça, o curso É DE GRAÇA, aproveite!</div>
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<a href="https://fuv.edu.br/cursos-de-extensao-inscricao?code=wnx-ayer-ibd" target="_blank"><span style="color: orange;">INSCRIÇÕES AQUI!</span></a></div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-7280434567710959872020-04-13T11:47:00.002-03:002020-04-13T13:42:56.158-03:00(2020/054) Curso GRATUITO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Yk5xuBNQYqY/XpR7Tfvj6gI/AAAAAAAAWYg/F9FtIxb-IuwWtoV1W-RWP7M8dSdUykBTgCLcBGAsYHQ/s1600/postagem_facebook_feed_profetas_osvaldo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1458" data-original-width="1200" height="640" src="https://1.bp.blogspot.com/-Yk5xuBNQYqY/XpR7Tfvj6gI/AAAAAAAAWYg/F9FtIxb-IuwWtoV1W-RWP7M8dSdUykBTgCLcBGAsYHQ/s640/postagem_facebook_feed_profetas_osvaldo.png" width="526" /></a></div>
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<a href="https://fuv.edu.br/#pb-content-93" target="_blank"><span style="color: blue;">INSCRIÇÕES (CLIQUE AQUI) NO SITE DA UNIDA</span></a></div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-28658917229288948492020-04-10T10:14:00.002-03:002020-04-10T14:14:23.628-03:00(2020/053) O eixo em torno do qual gira Gênesis 1-11<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a>Gênesis 1-11 é independente de Gênesis 12-50. A colagem das duas seções é posterior à elaboração de cada seção, tendo sido certamente levada a termo por terceiros que não os responsáveis pelas duas.<br />
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O eixo em torno do qual gira Gênesis 1-11 se encontra graficamente desenhado. Tal eixo está fincado no chão da narrativa em três lugares: Adão e Eva, Caim e Abel e Noé.<br />
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<div style="text-align: justify;">
Em Adão e Eva se estabelece um confronto decisivo entre o culto agrário e o culto cruento. Na narrativa, recusa-se o culto agrário, assume-se o culto cruento, e, o que é mais importante, explica-se que a recusa do culto agrário e a determinação de que apenas o culto cruento tem serventia é a declaração de que a culpa pelo pecado só pode ser coberta com sangue. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A declaração teológica de que apenas com sangue e morte se cobre o pecado não está em Adão e Eva. Ali está a sentença - o pecador certamente morrerá, a disputa entre os dois tipos de culto (Adão e Eva fazem roupas de folhas, a divindade recusa a cobertura e faz roupas de pele) e se institui, em termos de cena, o fato de que aquela sentença de morte pode ser sempre provisoriamente contornada pelo sacrifício expiatório, substitutivo de um animal sacramentalmente executado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na passagem de Caim e Abel, aparece metade do motivo de Adão e Eva: o conflito entre os dois tipos de culto. Caim é como Adão e Eva: estes, fabricaram roupas de folhas, aquele oferece à divindade produtos da agricultura. Da mesmíssima forma como a divindade recusa as roupas de folhas do casal, recusa também o culto agrário de seu filho. Pais e filhos devem submeter-se ao mesmo tipo de culto: o de sangue, cruento, no altar. Dos dois temas de Adão e Eva - a divindade não aprova o culto agrário, só o cruento, e o culto cruento é o único que pode adiar indefinidamente a pena de morte pelo pecado), um deles está em Caim e Abel. O outro, está em Noé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há duas histórias de criação e duas histórias de dilúvio. As duas de criação foram coladas uma depois da outra, mas as duas do dilúvio foram misturadas uma na outra. Depois de separar as duas, em uma delas, o segundo motivo da narrativa de Adão e Eva, que não está em Caim e Abel, pode ser identificada em detalhes impressionantes em uma das duas narrativas de Noé, justamente a que emprega o mesmo termo para nomear a divindade que é empregado nas duas narrativas anteriores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De modo resumido, a divindade se arrepende de ter criado as suas criaturas, porque ele considera que elas são más, e as decide matar. Separa uma família e mata todo mundo, enfurecidamente. Os dois termos - arrependimento e fúria - estão no texto hebraico. No final da história, Noé constrói um altar, sacrifica um de cada tipo de animal puro e a fumaça do sacrifício chega até as narinas da divindade arrependida e furiosa. O resultado é que a ira do deus irado é aplacada, ele raciocina assim: minhas criaturas são más, mas toda vez que eu sentir esse cheiro, aceitarei no lugar da morte que elas merecem a morte do animal que agora me aplaca com seu sacrifício.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pronto. Todo o resto de Gênesis 1-11 gravita em torno desse eixo teológico. Não tenho dúvidas de que Gênesis 1-11 tem a função histórica de assentar a novidade sacerdotal: cada judeu deve ir a Jerusalém para sacrificar lá um animal, para que a divindade o permita viver mais um ano. Os sacerdotes de Jerusalém inventaram isso. Com isso, inventaram o Ocidente inteiro. Gênios. Do mal, mas gênios. Perto deles, nossos pastores de TV são estagiários.</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-53580513654662290692020-04-10T09:55:00.002-03:002020-04-10T12:05:03.420-03:00(2020/052) Sobre o estudo sério da Bíblia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Falemos sobre as possibilidades de estudos sérios da Bíblia. Sim, estudos, no plural. Não há um apenas. O que não significa que todos sejam iguais ou levem ao mesmo destino. Cada um atende a interesses específicos, está atrás de respostas para perguntas específicas, e deve ser praticado por quem deseja aquele destino, porque faz aquelas perguntas. Sem a pretensão de ser exaustivo, relaciono os seguintes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1. No campo histórico, as metodologias históricos-críticas, atualizadas no campo hermenêutico pelo interesse sociológico (abordagens histórico-sociais). Atenção: o que se quer aqui não é o personagem (Adão, Noé, Abrão, David, Elias, Jesus etc.). O que se quer aqui são os autores dos textos, esses mesmos que gente que poderia estar fazendo melhor o que dizem que se deve fazer diz que estão mortos. Mas não estão não.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Naturalmente que só deve praticar esse estudo sério quem tiver na cabeça esse tipo de pergunta: o que os autores históricos dos textos quiseram dizer. Para isso, se tem de colocar o texto no seu momento e contexto histórico exato. Deve-se operar com as epistemologias e as ferramentas da História, da Arqueologia, da Exegese, da Análise do Discurso. Deve-se ser escravo da tradução e da perspectiva histórica, e deve-se estar interessado única e exclusivamente no que o texto significava<i>. </i>Preciso falar, por causa dos críticos muitas vezes não muito honestos e/ou informados, que não se trata - nunca! - de assumir como autor dos textos aquele que a tradição diz que foi. Uma tolice. Trata-se de reconstruir o autor por meio do texto. Mas não apenas ele: ele, seu contexto histórico, seus destinatários, sua intenção, sua cultura, sua estratégia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2. No campo literário, as metodologias de análise de narrativas. Para o método anterior, trata-se de ferramenta, não de abordagem. Para quem deseja transformar a ferramenta narratológica em abordagem, então a questão histórica se torna irrelevante. Não se tem mais em mente o autor, mas os personagens. O que eles dizem, para quem, no texto, estão dizendo, por que, no texto, estão dizendo, seu contexto frasal, retórico, sua estratégia. Como não se pode imaginar que esses personagens nasceram sozinhos, cria-se a figura retórica de um autor implícito e tenta-se sair da trilha de quem assume o autor real como chave e critério para compreensão histórica. A compreensão aqui é literária. O risco é a interpretação ficar flutuando sobre a autoridade de quem interpreta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema de grande parte de quem lida com essa abordagem é gastar metade do tempo tentando convencer as pessoas que o método histórico é bobagem e grande parte da outra metade falando de teoria, filosofia, conceito, autores fundamentes, sem dar muita atenção, de fato, à interpretação, sem mostrar como se pode efetivamente demonstrar que o que se está dizendo ser o que o personagem quis dizer é o que se está dizendo. Além disso, a despeito de que a neurose dos praticantes extremos dessa abordagem seja matar os autores e menosprezar o contexto histórico que produziu o texto, é impossível assistir a dez minutos de apresentação da abordagem sem ouvir referência ao contexto social da época em que o texto teria sido escrito - é o curioso caso de assassinato seletivo: assassinam-se os autores, mas não os destinatários, os reis, os poderosos, a cultura da época. Todavia, a despeito ainda dos enormes defeitos de quem tenta praticar a abordagem, ela não deve merecer a crítica que seus praticantes merecem. Não é culpa da abordagem - é deles.</div>
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<br /></div>
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3. No campo teológico. Ah, achou que eu não diria que há métodos de interpretação sérios que sejam teológico, né? Bem, aqui, não me refiro à prática de cada crente interpretar como quiser o texto, cada qual aplicando a ele a sua própria fé. Isso se faz por dois defeitos: a fragmentação do tecido da instituição religiosa em que a leitura teológica é produzida (cada denominação cria sua própria doutrina e prende nela o texto sagrado) e o analfabetismo estrutural fundante da sociedade brasileira. </div>
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<br /></div>
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Levada a sério, a bordagem se traduz em verificar como os textos sagrados foram interpretados pelos teólogos, seja cada teólogo em particular, seja na perspectiva de determinada época ou de determinado concílio fundamental. Pode-se, por exemplo, estudar como determinada corrente da tradição interpretou determinado motivo da Escritura. Esse é um capítulo do que se chama de história dos efeitos, história da recepção. Tem sua utilidade, se feito com caráter absolutamente técnico, isto é, histórico, mas não resulta em nenhuma, em absolutamente nenhuma informação sobre o significa histórico do texto, tanto quanto, talvez em menor grau de radicalidade, não resulta em informações confiáveis sobre os personagens.</div>
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<br /></div>
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O que é que você quer fazer? Quer o significado histórico do texto? Quer entender como os personagens se movimenta nas cenas narrativas? Quer acompanhar o desenvolvimento histórico das doutrinas teológicas? Decida o que você quer, assuma a abordagem pertinente e pare de encher o saco dos outros falando mal do caminho dos outros. Cuide de seu caminho, porque ele pode estar totalmente errado: você pode estar tentando ir ao Japão montando em um jegue...</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-55750035095415469722020-04-10T07:54:00.000-03:002020-04-10T11:53:44.971-03:00(2020/051) Razão pela qual há quem recalque os fatos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
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Provavelmente é uma lei, sem exceção: todos os que recalcam os fatos, negam-nos, fingem que eles não existem, que só haja interpretação, metáfora, ectoplasmas hermenêuticos - todos, sem exceção, fazem-no ou para se enganar, ou para enganar os outros.</div>
<br />
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Nietzsche fazia para enganar os outros. Sempre foi a favor dos fatos, e um deles era o fato de que a religião aí estava para meter a ralé pobre em seu lugar, cordata, de cabeça baixa, ciosa, como fez Lutero saber aos cem mil assassinados do campo, que a uns cabe o dever de mandar, e a outros cabe a sina de obedecer. A religião aí está para isso, lição número um da novel religião protestante, criem-se mil Teologias da Libertação que queiram, sempre haverá cem mil conservadores dos movimentos carismáticos, essa água de apagar a fogueira... Mas Nietzsche temeu o que o século XIX estava fazendo com a religião, movimentos de padres franceses, discursos revolucionários, a Comuna de Paris, Rousseau, Marx! Não - não é verdade nada do que estão dizendo: a história tem um rumo? Não! Os fatos são concretos? Não" Tudo, absolutamente tudo, quando interessa, claro, é gosma de interpretação, escarro vivo da Hermenêutica. Essa leitura é de Losurdo.</div>
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<br /></div>
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Desde então, recalcar os fatos é a forma retórica para convencer os ouvintes a assumir a interpretação que se quer que eles assumam. Só há interpretações, mas esta aqui é "a" interpretação! Freud advertiu aonde isso dá: doença, certamente, da alma e do espírito. Outro psicólogo - porque o recalque da realidade é um problema psicológico, naturalmente, quando se trata de se enganar, e político, quando se trata de enganar desavisados desprotegidos, Rogers, disse que eles, os fatos, são amigos. Mas para grande parcela <i>cult</i> do século XX, não há fatos.</div>
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<br /></div>
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Em relações de força Ginzburg mostrou como franceses tentaram esquecer que foram colaboracionistas articulando teorias de que o real não existe, de que a realidade é o que dizemos que ela seja: naturalmente, gente que não pode se olhar no espelho. Outros, que estiveram em um dos piores lados a se estar na carnificina da Segunda Guerra, tentaram esquecer os campos de concentração, ainda é Ginzburg contando, vergando a vara do esquecimento dos fatos e se banhando nas águas da retórica mágica da interpretação seguindo nosso desejo, mas acabaram se matando. O suicídio é o tapa na cara da tresloucada metáfora!</div>
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<br /></div>
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Todos os que, de uma forma ou de outra, em seu quarto, ou em cátedras, dizem que não há fatos precisam - urgentemente - reconciliar-se com a vida. E rápido: porque o Fato acima de todos os fatos, a Morte, é aquele episódio derradeiro, diante do qual não se logra sucesso em brincar de faz de conta.</div>
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<br /></div>
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No entanto, também a Morte é um cálculo para esses lunáticos da Hermenêutica: enquanto eu estiver vivo, negarei os fatos, e, quando a Morte me pegar, não terei mais de fazer de conta que levo a vida a sério.</div>
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<br /></div>
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Senhores, que haja mil interpretações de fatos. No fundo desse conjunto, lá está ele, o senhor absoluto da vida, ele, sempre recalcado, ele, sempre retornando na forma inapelável do incontornável eu te disse...</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-80318375358466152202020-04-08T17:58:00.003-03:002020-04-10T11:46:51.240-03:00(2020/050) Sobre vento, sopro e espírito em hebraico não ser exatamente o que você pensava<a href="https://1.bp.blogspot.com/-S3rtEiakZGQ/Uq8WF0_ZfKI/AAAAAAAAUOY/agkjW6B2N_oy8pcDP8n6wsDa1B2dFW9vgCPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-S3rtEiakZGQ/Uq8WF0_ZfKI/AAAAAAAAUOY/agkjW6B2N_oy8pcDP8n6wsDa1B2dFW9vgCPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
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Os dicionários - todos - de hebraico traduzem o termo ruah como ou vento, ou sopro ou espírito. Vento e sopro a gente entende de primeira - o sopro é uma espécie de vento, ou o vento é uma espécie de sopro. No entanto, o que vento e sopro têm a ver com espírito, ou o que espírito tem a ver com vento e sopro.</div>
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Bem, a questão está mal colocada. Primeiro, o problema da relação entre espírito, vento e sopro nada tem a ver com hebraico, mas com nossa própria língua. Tenha em mente que o judeu e o israelita usavam uma só e a mesma palavra - ruah - para se referir a vento e a sopro, bem como áquilo que, hoje, considera-se espírito.</div>
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<br /></div>
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Pois esse é o problema: o que hoje se considera espírito. Para o usuário da Bíblia, "espírito" - que aparece nas traduções - é uma espécie de fantasma. Eu brinco em sala de aula, dizendo que a alma ou o espírito é o Gasparzinho. É a esse Gasparzinho, a esse fantasma, à alma, que a mente se remete quando lê a palavra espírito. Para o leitor cristão da Bíblia, há um fantasma dentro de cada pessoa, e, a rigor, a pessoa realmente seria a sua alma, esse fantasma, esse Gasparzinho, e não o corpo em si. O termo hebraico ruah, então, referi-se-ia a esse fantasma que habita provisoriamente o corpo das pessoas, que teologicamente o chamam de alma.</div>
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Entretanto, esse conceito não é suportado pelo termo hebraico. O sentido de ruah relacionado ao corpo humano tem a ver com aquela cena de Yahweh soprando nas narinas do Adão - o sopro da vida, o vento da vida. É a essa mesma ideia de sopro da vida que o livro de Eclesiastes se refere: que o pó volte à terra, e o sopro ao deus que o deu. Não há aí qualquer ideia, conceito ou figura de alma, fantasma, Gasparzinho. E não há nada aí de identidade vinculada a essa alma - que não existe nesses textos. Quando Almeida traduz "alma vivente", está pintando com as cores de Platão, o grego, o texto de um judeu - em hebraico, nefesh hayah não significa alma vivente, mas garganta viva, e a garganta é viva porque a respiração, o sopro, o vento passa por ela: ruah, ruah, ruah, ruah... Não é da alma que se trata, mas apenas da vida, dom da divindade, que se traduz na manutenção da respiração, do sopro, do vento, disso que se chama hoje de "espírito", mas se interpreta à moda grega, que nada tem a ver com a moda bíblica.</div>
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<br /></div>
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Agora se pode compreender porque o israelita e o judeus mais antigos aplicam ao vento, ao sopro, à respiração o mesmo termo: ruah. Não era porque estavam pensando em alma. Para que esse mito impere, primeiro Alexandre terá que conquistar o mundo...</div>
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<br /></div>
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Uma última palavra. Há tradições diferentes no Antigo Testamento, tradições que passam pela crença no duplo. Não é nem o conceito de respiração vital (ruah) judaico nem o conceito de alma grega, mas um conceito mais antigo e mais universal, que antropólogos chamam de duplo. Cria-se que a pessoa morria e ia, ela mesma, para o mundo dos mortos. Esse duplo da pessoa passa a viver em outro andar, abaixo da criação, no sheol. Não se aplicava a esse duplo a palavra ruah, mas outra, muito interessante: 'elohim (a mesma para designar os deuses). Quando Saul consulta a profetiza mágica e ela invoca Samuel, o termo que descreve o ser que sobe do sheol é 'elohim, e não ruah. Estamos aí diante de tradições mais antigas, mas nem por isso menos interessantes...</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
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Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-9066905627066363222020-04-08T13:04:00.003-03:002020-04-10T11:45:49.828-03:00(2020/049) Por causa do feriado religioso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
Há trocentas religiões. Apenas em um sentido se pode colocar todas no mesmo saco: todas elas imaginam um mundo além deste mundo, digam sobre ele o que disserem, e constroem para este códigos de vida com base no que imaginam para aquele. É o império do faz-de-conta (que pra o religioso não é faz-de-conta, claro está) sobre o real.<br />
<br />
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Ah, o real. O século XX é o século do Hinduísmo e do Budismo fazendo passar sua filosofia sobre o Ocidente. O real é maya, ilusão. É a tese fundamental do extremo oriente, e ela é reacionária até a próstata. A única realidade real é a do outro lado, a imaginária, chamada de "espiritual". Esse pensamento contaminou tudo no século XX, e quanto mais se fazia força para a religião sair da praça, mais essa filosofia ocupava os bancos vagos. Porque o discurso científico de que a realidade é ilusão é, na verdade, Hinduísmo secularizado. A pós-modernidade vive em castas!</div>
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<br /></div>
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Não apenas ilusão, e a realidade pode ser moldada. É o que eles dizem. O cara que inventou o Pensamento Positivo se matou. Pelo visto, não funciona. Outro, pastor de uma das maiores igrejas do mundo, na Coreia, David Yonggy Cho e praticamente toda a diretoria da igreja foram condenados - mas são velhos demais para as grades - por terem fraudado a igreja, a despeito de terem ensinado milhões no mundo a orar de modo eficiente. Pelo jeito, precisaram de artifícios do demônios, porque a técnica de bosta que inventariaram só funciona para enganar bobo. Mais próximo dos livros, os que se encantam com a religião tudo é interpretação, tudo é metáfora vão se cagando de medo do SARS-Cov-2. Também essas patacoadas cripto-religiosas não funcionam.</div>
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<br /></div>
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Na verdade, tudo isso é tão velho quanto andar pra frente. As pessoas querem crer. Elas querem boas notícias, adoram ser enganadas. A ralidade dói demais. Já se disse que os fatos são amigos (Carl Roger), mas as pessoas não são amigas dos fatos, e preferem mil conversas e lorotas religiosas, mil promessas fáceis, porque a vida é uma merda só. Não precisa ser. Mas é. E é também por um acordo tácito (às vezes, assinado mesmo, pelo qual até religiões podem ganhar um país inteiro, murado, bonito, no meio da Itália) entre pilantras da política e do governo e pilantras da fé e da religião: a religião promete que os deuses estão no controle, a despeito dos diabos, e o poder instalado pode deixar morrer dez mil à tua direita, dez mil à tua esquerda, que já aprendemos na Bíblia que fodam-se os da direita e os da esquerda, que meu deus é mais!</div>
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<br /></div>
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As modas passam, o auto-engano permanece, e não sei se algum dia ele será superado. Eu queria que sim, Marx dizia que com certeza será, e os amigos dessa operação status quo alegram-se de que tão cedo ele não se vá, que os templos se enchem, se não no Velho Mundo, certamente no Novo e nas terras de ninguém...</div>
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<br /></div>
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Vamos comer peixe, que é Semana Santa. O peixe, criação divina, dizem, eu mato e como, e louvo. O SARS-Cob-2, também criação divina, me come vivo e eu não louvo. Não faz sentido nenhum... Mas está tudo bem. O mundo é maya mesmo, não é?</div>
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<br /></div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/-c8ZoJB2yBE" width="560"></iframe>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-57102524776371823762020-04-02T22:19:00.001-03:002020-04-10T11:28:00.575-03:00(2020/048) É duro o choque de realidade<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a>É duro o choque de realidade.<br />
<br />
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Eu vivo no meio de religiosos e acadêmicos de todo o Brasil. Sem generalizações, grassa um cada vez mais a(celerado) pós-modernismo no meio das Humanas. O real é uma construção da mente! O real é fabricado pelo cérebro! Tudo é interpretação! Um monte de patacoadas, que você tem que ouvir. No outro polo, a pessoa religiosa, que vê a alma do mundo, que não tem alma, que vê deuses, e, entre os deuses, um deus só, que só existe sozinho e sem ninguém mais (esses são os piores), que para tudo têm explicação religiosa (cada uma mais varrida do que a outra), sobrenatural, espiritual, doutrinária, essa lenga-lenga mitológica e patológica, que tem gente que diz que faz bem (só olhar para a janela e ver o bem que faz).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aí, vem um vírus como esse. A realidade líquida que os pós-modernos tanto amam de repente caga na cabeça - literalmente - de todo mundo. Interpreta agora, meu amigo! Reduz tudo à linguagem, meu caro! Transforma tudo em interpretação, gente boa!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, 02 de abril, ainda que os números sejam todos subnotificados, sem exceção, batemos a casa dos 1.000.000 de infectados testados. É uma infecção hermenêutica! Na verdade, não há quarentena, não há vírus, não há mortes rondando cada porta - tudo é linguagem, e só, um a que contamina, um b que para a respiração, um c que enterra... Tudo é mera construção da mente, tudo é uma coisa que meu cérebro vai criando...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algum tempo, a pessoa que eu conhecia que mais dizia e escrevia que tudo é interpretação morreu em uma curva. Talvez tenha pedido ao deus de sua crença, se ainda a tinha, que tudo fosse interpretação e que a curva fosse uma hermenêutica visual. Mas não era. A morte é material, biológica, real, incontestável. Não era interpretação. Não era o cérebro criando. Não era realidade líquida. Era o concreto material na frente. Game over.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deveremos chegar à casa das centenas de milhares de mortes, na melhor das hipóteses. E eu vou levantar e sair da sala toda vez que, estando eu nela, um idiota qualquer venha falar de realidade hermenêutica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A realidade, hoje, é escarro, pulmão em falência, e horror. Nada mais real. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
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Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-11586371666332739232020-04-01T15:32:00.000-03:002020-04-01T20:06:55.829-03:00(2020/047) Deixem-me dizer por que o cristianismo é intrinsecamente mau<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Pares de olhos mais arregalados do que os de Aye-Aye se me dirigem quando digo que o cristianismo é intrinsecamente mau. Dos dois lados, à direita e à esquerda, balançam-se as cabeças e grunhem-se as goelas. É uma besta, declaram. E talvez estejam certos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, tenho uma razão para eu dizer o que eu digo. Eventualmente ela é uma razão errada. Mas esse é o problema de todas as razões - eventualmente, podem estar erradas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A única forma de você julgar é conhecendo a razão dada. No caso de minha declaração quanto a ser intrinsecamente mau o cristianismo, tudo se deve ao fato de que ele se ergueu sobre a plataforma sacerdotal de Jerusalém, e, que eu saiba, aquela é a doutrina religiosa mais pervertida que alguma vez alguma religião já inventou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A teologia sacerdotal de Jerusalém, e, até onde eu saiba, a única desse tipo em toda a história, inventou uma narrativa assim: os camponeses judeus e suas senhoras são maus, a divindade vai matar todo mundo, e a única forma de a divindade não matar todo mundo, salvando só os justíssimos funcionários dele, é um judeu e uma judia irem ao templo de Jerusalém com um animal para que o sacerdote sacrifique o animal no lugar do judeu e, assim, a divindade tenha sua sede de "justiça" - faz-me rir! - saciada... até o próximo ano. No ano que vem, de novo a matança santa...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se não me crê, leia o livro de Hebreus, no Novo Testamento e assista a vídeos sobre a celebração do Kaparot no Youtube. Enjoy yourself!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que Paulo e outros teólogos fizeram? Fizeram isso, Colocaram cada ser humano no mesmo lugar que o desgraçado do coitado do camponês judeu, e todo ser humano virou um ser que a divindade quer matar e vai matar, porque a teologia é a mesma de Jerusalém, sem tirar nem pôr. Depois disseram que a morte de Jesus era o mesmo que o cordeiro no altar, mas que bastava aquela morte. Pronto: uma teologia da graça com anabolizante, já que Jesus é o cordeiro com suprimentos alimentares: "este é o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhando assim, parece bom: acabou a coisa toda. Mas não é. No alicerce permanece sem nenhuma crítica, nenhuma, absolutamente nenhuma, a declaração de que todo homem e mulher não presta, que a divindade tem sede de sangue ("sem derramamento de sangue não há perdão de pecados", diz o boníssimo apóstolo da graça!) e que só se está vivo porque a divindade deixou. No extremo, ainda aparecem celerados teológicos a inventar que meia dúzia é eleito e meia dúzia vai fritar no óleo quente, essa doutrina celerada feita por celerados para celerados. Já tem severos problemas psicológicos quem admite a base da teologia paulina, e acrescentar a eles toques de elitismo a ela é assinar atestado de insanidade ética!</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando a pessoa leva o cristianismo para casa, leva a plataforma sacerdotal. Ali, a psicologia profunda da doutrina entranha nos ossos. A pessoa começa a imitar a divindade, a olhar para todos com olhar de acusação e condenação, impede-se de perdoar, porque não há perdão no cristianismo, mas execução do inocente pelos assim declarados pecadores. Cada século do cristianismo real é exatamente a sobreposição incessante da plataforma fundamental do cristianismo, a sacerdotal, sobre a alegada boa notícia da graça. O cristão deve odiar-se enquanto pessoa, e, odiando-se, odeia a tudo e todos - impossível amar ao próximo como a si mesmo, quando a sua doutrina ensina que você é intrinsecamente uma perversão, um acúmulo corporal de nojos e pecados. Não há Evangelho que cure isso, prova-o a história cristã.</div>
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<br /></div>
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Boa notícia teria sido anunciar ao mundo que as teologias de condenação pelo pecado são perversões políticas de um bando de religiosos dementes. Algo como Zaratustra a dizer no ouvido do funâmbulo, que vai morrer, que não tem inferno. Mas não: Paulo e todos os teólogos armaram sua barraca de vender limões sobre a carcaça dos cordeiros mortos, e a graça fede a cadáver até hoje... Graça teria sido libertar os homens da teologia sacerdotal. Antes, enfiaram aquela podridão teológicas na carne do Ocidente inteiro.</div>
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<br /></div>
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Bastaria repetir o que Jesus disse à mulher acusada de ser adúltera: não te condenam os que te acusavam? Nem eu te condeno! Ora, se nem ele condenava, mandemos Paulo ir cagar no mato - e já!</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-22196503646032673412020-04-01T14:56:00.001-03:002020-04-02T18:48:22.451-03:00(2020/046) Miserere, essa obra-prima, e o que eu acho do Cristianismo<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
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<i>Miserere </i>é uma das composições mais espetaculares que a humanidade uma vez criou, e essa performance é uma das imbatíveis. Houve dias em que ouvi dezenas de vezes seguidas. Há momentos da execução que são simplesmente estupefacientes, de fazer você parar e se perguntar como alguém pode compor tão bem assim, e alguém pode cantar tão bem assim...</div>
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<br /></div>
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Para mim, isso é o que restou de dois mil anos de cristianismo. Naturalmente que vivo e sobrevivo de cristianismo, já que sou professor de curso de Teologia, e professor especialista em Bíblia e suas ferramentas. Mas a experiência religiosa em si se foi há mais de uma década completamente, e há duas, aos poucos.<br />
<br />
Eu entendo que alguém possa gostar de sua idealização do cristianismo. Mas se trata disso - de sua própria idealização. Porque o cristianismo real, histórico, o que realmente se pode chamar concretamente de cristianismo, esse é assassino em todos os sentidos, desde o corpo até as ideias, e ainda hoje, quando insiste estupidamente no mito monoteísta, essa bestificação filosófica incompatível com a Modernidade, a pluralidade cultural e a consciência humana.</div>
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<br /></div>
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Mas eu nem mesmo idealização mantenho. Não vejo esperança alguma na religião, e principalmente na religião monoteísta de modo geral. Em momentos como a de crise de saúde, religião serve para a gente se esconder debaixo da cama ou para tornar mais estúpidas ainda pessoas naturalmente já estupidificadas pelos mitos e pelas batinas e ternos.</div>
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<br /></div>
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Quanto eu sinto alguma saudade, ouço canções como <i>Miserere</i>. Não tanto pela letra, mitológica como tudo na religião, mas pelo efeito místico-estético que a performance me proporciona, conquanto eu saiba absolutamente sempre que são minhas enzimas e células a produzir cada sensação. É como uma vontade enorme de urinar, a bexiga vai explodir, você corre e urina, e é das coisas mais prazerosas da vida. É assim: a bexiga de minha alma, que nada é além da mente, se enche, e eu preciso correr e ouvir a memória do que devia ter sido, do que podia ter sido, mas nunca nem jamais será, porque não tanto sejam maus os homens e a mulheres, que também são, mas porque intrinsecamente má é a plataforma, e sem cura possível...</div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/H3v9unphfi0" width="560"></iframe>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-42860757079832784922020-04-01T12:07:00.000-03:002020-04-01T12:10:52.396-03:00(2020/045) Estética, política e heurística - o óbvio desprezado<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
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As discussões sobre leitura e interpretação estão totalmente viciadas, para não dizer equivocadas. À direita e à esquerda, a torto e a direito, lançam-se teses sobre leitura, e, no conjunto, considero-as, todas, deficientes. E a razão é porque elas nunca - pelo menos eu nunca identifiquei a questão em todos os textos que li - circunscrevem a tese ao jogo de leitura ao qual a tese seria pertinente. Para os propugnadores de teses, há um jogo de leitura e pronto. Para eles, ler é uma coisa só... E não é. Ler são três coisas diferentes.</div>
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<br /></div>
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Como praticamente ninguém discute ou leva a sério a questão fundamental da pragmática, os discursos sobre teorias de leitura encontram-se viciados. Se você leva a sério a pragmática, sabe que, quando estamos fazendo qualquer coisa, estamos atualizando uma atitude ou uma ação ou estética, ou política, ou heurística. Cada jogo pragmático desse estabelece um universo com regras, objetivos e resultados condicionados e próprios.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Ler esteticamente é uma coisa, que nada tem a ver com ler politicamente, que é outra coisa, que nada tem a ver com ler heuristicamente, que é ainda outra coisa. Não há regras <i>a priori</i> de leitura. As regras devem-se ao jogo. Se o jogo é estético, as regras para leitura são umas. Se o jogo é político, as regras de leitura, então, são outras. Se o jogo é heurístico, as regras de leitura são ainda outras. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas você não lerá livros nem ouvirá teses nem participará de aulas em que o jogo em que a leitura se dá é anteriormente a qualquer outra coisa situado. As regras de leitura são apresentadas como se as regras fossem absolutas e válidas para qualquer tipo de leitura.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois que você toma consciência disso, isto é, tanto do fato de que há três jogos de leitura diferentes, que impõem diferentes regras para as atualizações da prática de leitura circunscritas a cada um deles, bem como do fato de que as teses em circulação desconsideram solenemente essa questão fundamental, é absolutamente improdutivo discutir sobre leitura... É mesmo pura perda de tempo.</div>
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<br /></div>
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A única forma lúcida de discutir leitura é, antes de tudo, circunscrever o jogo no qual a leitura se dará - se estética, se política, se heurística. Como esses jogos estabelecem eles mesmos e só eles a regra da leitura, a partir daí faz sentido discutir. Antes, é tolice e perda de tempo.</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-72741352287023382412020-03-28T16:13:00.001-03:002020-03-28T16:20:23.002-03:00(2020/044) Fui para o seminário teológico por causa da Bíblia<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Preste atenção no que eu vou dizer, mas isso apenas se você REALMENTE pode olhar no espelho e dizer, honestamente, para você mesmo: como eu gostaria de compreender a Bíblia!... Mas não precisa prestar atenção no que eu vou dizer nem mesmo ler o que vou escrever se: a) você acha que já conhece a Bíblia, b) quer a Bíblia para afastar os demônios, c) quer a Bíblia para curar dor de barriga, d) quer a Bíblia para saber os segredos da vida eterna, e) quer a Bíblia para saber como Deus quer que as pessoas vivam etc. Só continue a ler se a única coisa que você realmente quer é entender a Bíblia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem: se você está lendo a Bíblia, e está se sentindo em casa, escute o que vou lhe dizer: você não está lendo direito. A Bíblia, principalmente o Antigo Testamento, mas, ainda assim, também o Novo Testamento, não tem nada a ver com a sua igreja de hoje, suas doutrinas, sua fé, sua compreensão do mundo, da vida e da morte. Na Bíblia, tudo é diferente em relação ao que você acredita hoje, mesmo que você ache que sua fé é bíblica. Repetindo: se você se sente em casa, não esta lendo de fato, está é enfiando seu mundo na Bíblia.</div>
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<br /></div>
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Eu fui para o seminário teológico em 1987 porque descobri um ou dois anos antes que a Bíblia tinha sido escrita em hebraico. Nesse dia, eu descobri que o que eu lia não era a Bíblia, mas a tradução. Hoje, sei que além de tradução, é uma tradução ruim. Mas na época, só o fato de eu ter descoberto que era tradução já me fez querer aprender hebraico, e no seminário você aprende.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estudei hebraico, passei a traduzir eu mesmo a Bíblia, tornei-me professor de teologia e Bíblia, também de hebraico, sempre em cursos de teologia, adotei a perspectiva histórico-crítica de leitura da Bíblia e considero poder dizer com segurança que nada do que você aprende na igreja sobre a Bíblia tem algo realmente a ver com a Bíblia. Tem a ver como a sua igreja interpreta a Bíblia, e só pelo fato de a sua igreja ser cristã e a Bíblia, não, a Bíblia é judaica, já devia servir para um bom entendedor saber que qualquer leitura cristã da Bíblia não corresponde à própria Bíblia, mas à fé cristã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para quem tem a Bíblia por uma das razões do primeiro parágrafo, não faz diferença nenhuma se a Bíblia é bem traduzida ou não ou se a pessoa entende direito a Bíblia. Ela usa a Bíblia como um amuleto e pronto, então está de boa, vai ser feliz. Mas se você quer mesmo entender aquele livro, esquece o que aprende na igreja e vai estudar seriamente. Você vai descobrir, juro, que a sua fé é mais próxima do Islamismo e do Judaísmo, até da Grécia!, do que da própria Bíblia.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não vou dizer que mentiram para você, porque quem ensinou a você o que você acha que sabe pode ter sido ensinado assim também, e é o caso de um cego a guiar outro cego. Mas dependendo de quem tenha ensinado a você, você pode ter sido enganado de propósito. Mas isso é irrelevante. O que é relevante é isso: você realmente quer entender a Bíblia? Pare imediatamente de tratá-la como um objeto mágico, trate-a como um texto antigo, vá estudar em algum lugar sério (pelamordedeus, não vá estudar em seminário confessional, que vão enrolar você de novo, e, aí, de propósito) e, finalmente, conheça o livro que você tem por sagrado.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Posso garantir que é a segunda melhor coisa da vida.<br />
<br />
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-76308132382300397112020-03-28T12:42:00.003-03:002020-03-28T13:51:53.409-03:00(2020/043) As igrejas praticam o método confessional em teologia bíblica?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
À primeira vista, as igrejas de modo geral aplicariam o método confessional em teologia bíblica. Quero aqui dizer que essa consideração é equivocada. É correto afirmar que as igrejas são organismos confessionais. Cada igreja tem sua própria confissão doutrinária, e ela se expressa o tempo todo a partir dessa confissão. Logo, toda igreja é confessional, e todo crente é confessional. Mas ser a igreja confessional não significa que ela leia a Bíblia, confessadamente, por meio do método confessional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vou explicar o que estou querendo dizer. Tomemos um autor e teólogo confessional - Gerhard Hasel. Ele publicou um excelente livro na década de 70, que foi publicado pela antiga editora batista, JUERP (de tristíssima memória), livrinho chamado Teologia do Antigo Testamento - questões do debate atual. No capítulo dois, descrevem-se cinco métodos de teologia bíblica. O segundo método que Hasel apresenta é o método confessional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Hasel é um teólogo conservador, confessional. Mas não e típico. Ele não sonega informações da pesquisa crítica. Via de regra, teólogos confessionais portam-se desonestamente no mercado da literatura teológica. Pode-se dizer que grassa a mentira nesse mercado. Mas em Hasel se pode confiar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua apresentação do método confessional é honesta. Nos termos desse método, a teologia bíblica, isto é, a leitura teológica da Bíblia deve ser feita pelo prisma da fé - isto é, da doutrina. A teologia bíblica é, para esse método, uma ciência teológica cristã e, além disso - mas tudo isso é a mesma coisa, no fim das contas - a leitura da bíblica se deve dar, segundo o método confessional, com base em pressupostos teológicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem. Eu sou um leitor histórico-descritivo da Bíblia, para usar como referência o primeiro método que Hasel apresenta naquele mesmo capítulo. Uma vez que sou um teólogo descritivo em termos de teologia bíblica, não pratico e nem me interesso pelo método confessional, que acho totalmente inútil. Todavia, ele é honesto. O método confessa que não tenta ler a Bíblia em termos históricos. O método confessional - ele confessa - lê a Bíblia teologicamente. E, considerando-se que cada igreja tem sua própria teologia, cada igreja lê a Bíblia de acordo com seus próprios conteúdos teológicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O procedimento, a despeito de a meu ver ser inútil, já que você vai na Bíblia encontrar o que já tem antes de ir lá, ou seja, a doutrina que você já confessa, o procedimento é honesto, porque o método confessa que é isso que ele está fazendo. Um teólogo bíblico confessional honesto (mas há tão poucos desse tipo!) não engana a igreja dizendo que a doutrina que ele prega está na Bíblia. Dizer isso é mentir. Ele dirá que a doutrina que a igreja encontra na Bíblia é doutrina da própria igreja, e se a igreja fosse outra, encontraria outra doutrina, porque cada igreja encontra na Bíblia apenas a sua própria doutrina.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem: nenhuma igreja, exceto a católica, ensina que a sua doutrina é fruto de sua tradição, e que encontrá-la na Bíblia é uma questão de ler a Bíblia por meios teológicos, controlando a leitura pela doutrina. Desconheço casos. Na prática, as igrejas dizem que a confissão que elas encontram na Bíblia, que é a confissão doutrinária dessa mesma igreja, está na Bíblia. Isso é uma deslavada mentira. Na melhor das hipóteses, pura ignorância.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em cada púlpito, cada igreja, a despeito de pregar doutrinas diferentes, diz que essa doutrina é bíblica, está na Bíblia e é o que a própria Bíblia diz. Por outro lado, o método confessional reconhece que não, que a doutrina confessional controla a leitura da Bíblia e, na prática, coloca a doutrina lá. Logo, para que se pudesse dizer que as igrejas empregam o método confessional na leitura bíblica, as igrejas, primeiro, teriam de parar de mentir. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Confissão, doutrina, fé - isso é única e exclusivamente resultado da Tradição. A Bíblia não tem nada a ver com isso. Para poder ter, o leitor tem de confessar - se é honesto - que é ele, leitor, é ela, a igreja, quem retroage a sua Tradição até as páginas da Bíblia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma igreja que assim agisse poderia ter meu respeito, porque ninguém pode dizer que uma igreja não tem o direito de projetar sua Tradição nos textos. Ms uma igreja que ou se engana, achando que a sua doutrina está na Bíblia, ou mente deslavadamente, dizendo o mesmo, precisa de urgente tratamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só a Tradição salva a doença ética da igreja.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-79787096091772842782020-03-28T10:58:00.002-03:002020-03-28T11:58:43.168-03:00(2020/042) Por que escravos se tornaram cristãos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos livros mais poderosos que li foi Em torno a Galileu, de Ortega y Gasset. Simplificando sua tese poderosa: a história recomeça a cada três gerações. Na época em que ele escreveu o seu poderoso livro, isso correspondia, em média, a 45 anos. A tese quer dizer que, a cada três gerações, a história se altera, podendo tomar rumos completamente diferentes do rumo que até então estava em curso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso tem a ver com a influência de avós sobre os netos. Bisavós não têm tanta influência, porque são mais raros. O pacote cultural vai de pai para filho e de avô para neto, e, então, pode simplesmente desaparecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acho que essa tese de Ortega y Gasset explica uma das coisas mais surpreendentes na história americana. Cristãos, miseráveis e desgraçados cristãos, roubaram pessoas negras da África e as escravizaram. Torturaram-nas, estupraram-nas, prenderam-nas, perseguiram-nas, violentaram-nas, feriram-nas, e, acima de tudo, quebraram suas raízes. Ao mesmo tempo em que se faziam os desgraçados que eram, hipócritas como sempre, enfiavam Jesus goela abaixo dos escravos - como odeio a evangelização do mundo!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando você olha para os negros estadunidenses e brasileiros hoje, quase todos são religiosos e, sobretudo, cristãos. Tratam o deus que lhes estuprou como se fosse um bom deus. Vão aos seus cultos. Dão dinheiro aos seus agentes. Repetem a evangelização que lhes arrancou a alma do corpo e lhes roeu o corpo negro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por quê? Porque não existe memória. Nada mais falso do que falar em memória. Isso não há. O que h[a é uma roda que gira no curso de três gerações. O sofrimento dos negros está fresco no escravo original, em seu filho e em seu neto. Mas o filho de seu neto já começa a viver outro mundo, e a roda gira. A evangelização hipócrita (e toda evangelização é hipócrita) dos cristãos entra na mente do bisneto com muito mais facilidade do que nos ouvidos das primeiras gerações. O verme de Jesus se enfia nas curvas do cérebro da criança preta de quarta geração, e de quinta, e de sexta. 10 gerações depois, o pequeno negro, ainda escravo, ama Jesus. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fico pensando nos primeiros negros e no que as gerações de hoje lhes prestam de homenagem. Ei, dizem as gerações de hoje, sabe aquele deus cujos agentes lhes arrancaram as carnes dos ossos? Pois então, agora nós somos os agentes deles, e, em nome dele, fazemos as mesmas coisas. Convencemos o mundo de que fazemos diferente, mas, no fundo, fazemos as mesmas coisas. No fundo, no fundo, o estado cultural da negritude evangelizada é o resultado preciso, e de longo prazo, da verdadeira escravidão. Seus pais tiveram seus corpos em correntes amarrados. Seus filhos têm as almas... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de três gerações, o carrasco dos pais se torna o salvador dos bisnetos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUI RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-62671342329195765332020-03-28T08:46:00.003-03:002020-03-28T09:08:56.766-03:00(2020/041) Ler é igual a ouvir - você sabe ouvir?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Leia esse diálogo:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
_ Pai, posso pegar a bicicleta?</div>
<div style="text-align: justify;">
_ Filho, já falei que sou eu que vou à padaria.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Qual é a relação entre as duas partes do diálogo? O que tem a ver o filho pedir para pegar a bicicleta e o pai falar a ele que é ele, o pai, que vai à padaria?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entender a relação entre essas duas partes do diálogo é uma questão de saber que ler é uma questão de saber ouvir. Se você ler em voz alta e tentar pronunciar o tom de voz que o diálogo sugere, fica bem mais fácil entender.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira parte é um pedido. Leia em voz alta como se você mesmo fizesse o pedido. Já a segunda parte é a resposta obviamente negativa ao pedido, de sorte que, ao ler também em voz alta, procure emular o tom.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se fez o exercício, conseguiu entender a relação? A resposta não se dá no mesmo nível do pedido. Se a resposta fosse no nível do pedido, o pai teria dito:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Filho, você não pode pegar a bicicleta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o que ele disse foi que ele, o pai, é quem iria à padaria, como se o filho tivesse pedido isso. Veja:<br />
<br />
- Pai, posso ir à padaria?<br />
_ Filho, já lhe disse que eu é que vou à padaria.<br />
<br />
Será se o pai entendeu errado o filho? Não. O que ocorre é que no diálogo, o filho apenas faz um pedido, mas sem dizer para que ele queria o que estava pedindo. Por sua vez, o pai percebe a verdadeira intenção do pedido, e responde não ao pedido aparente, mas à intenção do pedido. Veja:<br />
<br />
_ Pai, posso pegar a bicicleta, (<i>para eu ir à padaria</i>)?<br />
<div style="text-align: justify;">
_ Filho, (<i>você não pode pegar a bicicleta para ir à padaria, porque</i>) já falei que sou eu que vou à padaria.</div>
<br />
Na resposta, está implícito que o pai não autorizou o filho a pegar a bicicleta, mas ele passou sua resposta para outro nível: o nível da razão do pedido, da intenção do pedido. Uma vez que o pai disse que quem vai na padaria é o próprio pai, e não o filho, então está implícito que o que realmente o filho queria era ir à padaria. Mas então porque ele pediu a bicicleta? Ora, porque ele queria a bicicleta <i>para ir à padaria</i>.<br />
<br />
Esse tipo di diálogo ocorre muitas vezes no nosso dia a dia. É preciso ler textos tendo sempre isso em mente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, interprete esse trecho de Êxodo 33,18b-19a:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mostra-me por favor a tua glória.<br />
- Eu é que farei passar a minha bondade diante de ti.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se conseguiu interpretar bem a frase anterior, conseguirá interpretar essa. Se desejar, diga-me o que entendeu nos comentários que eu respondo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-46660707750943054212020-03-26T14:11:00.003-03:002020-03-26T15:02:53.462-03:00(2020/040) Nem graça nem lei<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Nem graça nem lei, ou nem lei nem graça. A disputa milenar dos cristãos, ou, dito de outro modo, a turma de Tiago e a turma de Paulo nos impuseram um jugo, que, a rigor, se revela falso. Não é que seja falsa a polaridade, como se não é que seja uma questão de escolher entre a graça ou a lei, mas que ambas devem andar de braços dados. Não se trata disso. É mais que isso. O que é preciso é assumir definitivamente que não é nem uma questão de graça nem uma questão de lei. Nem graça nem lei.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A dicotomia graça e lei resulta de duas tentativas de superar a condição humana conforme vista em específicas tradições judaicas. No fundo, são soluções mitológicas para um problema mitológico. São soluções compreensíveis para quem opera racionalizações dentro do mito judaico. Fora do mito judaico, não há nenhum sentido nem na lei nem na graça. Paulo e Tiago podem ir dormir, que seu turno de trabalho acabou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na condição moderna, não estamos, nós humanos, presos a qualquer mito religioso, já que descobrimos que mitos religiosos são mitos que inventamos. Se inventamos, e inventamos mesmo, então desinventamos, e vamos viver livres dessas camisas-de-força. Não é preciso um caminho da lei ou um gesto de graça para que sejamos o que já somos. Não há do que ser salvo e não há caminho a ser trilhado que não aquele que nós mesmos inventamos de trilhar... Para o bem e para o mal, boa ou má, com altos e baixos, esta é a condição humana, e não há como alterar isso ou tratar isso como um suposta queda, nem no mito nem nas paródias metafóricas pós-modernas. Acabou. Crescemos. O mundo se tornou adulto, e nós, também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seria muito curioso sentar com Jersus e perguntar a ele o que ele achava realmente de Tiago. Quanto a Paulo, desse ele diria: mas quem é esse Paulo de quem nunca ouvi falar?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUI RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-20879238824881798562020-03-25T21:14:00.002-03:002020-03-25T21:19:09.923-03:00(2020/039) SARS-COV-2, Covid-19, coronavírus: o que eu acho disso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
1, A população deveria ter sido testada, e apenas a população contaminada, posta em quarentena. Falar que não tem teste é mentira: tem dinheiro suficiente para elaborar teste para todos. Só não se decidiu, porque se gasta com bancos, mas não com o povo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2. Já que estamos entregues à própria sorte, quem pode deve preservar-se em quarentena. É uma coisa egoísta, mas é o que há. A conversa mole de que é altruísta, porque assim se ajuda os velhos só tem algum sentido porque não se testou ninguém. Ou seja, um erro quer justificar outro.<br />
<br />
3. Para mim, estamos no meio de uma crise provocada. Não creio que o vírus seja natural, muito menos que seja chinês. Já circulava na Itália dois meses antes. Para mim, foi criado em laboratório. Não acredita? Um a um. Mais cedo ou mais tarde, descobriremos. Você sabia que a famosa gripe espanhola, que matou milhões, a despeito do nome, nasceu em um quartel militar nos EUA? Pode se informar na Wiki se desejar. Não sei se a contaminação do mundo inteiro estava programada. Pode ser que tenham deixado escapar o vírus. Mas não descarto contaminação programada. O fato de que todos os países estejam contaminados não impede a hipótese, porque quem manda no mundo hoje não são os países, mas as corporações, cerca de 300 detêm todo o poder no planeta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
4. Instalada a contaminação, os donos da grana decidiram não gastar dinheiro com o povo. O grosso da grana vai para os 300. Basta ler as matérias na Internet. O que se vai dar de dinheiro para os 300 não tem comparação com nenhuma das crises anteriores, nem mesmo somadas. Não acho que a contaminação programada tenha algo a ver com controle populacional. Bobagem. Acho que é uma crise provocada para ganhar dinheiro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5. Os números atuais permitem calcular cerca de 200.000 mortos nos próximos 45 dias, se os números permanecerem os atuais. Em fevereiro, a média de contaminação identificada era de 4.000 por dia. Nesse final de março, já batemos a casa dos 40.000. Se com 4.000 por dia, morreram até agora 20.000, com 40.000, devem morrer 200.000. Mas são projeções. Nada ainda indica, nos números, números acima disso. Saberemos quando a relação entre casos identificados e mortes puder ser avaliada. Eu acompanho diariamente os números do <a href="https://coronavirus.jhu.edu/map.html" target="_blank">Johns Hopkins</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
6. É potencialmente possível que haja crise social. As populações podem sublevar-se. No Brasil, há graves possibilidades. Na minha opinião, o Brasil pode tornar-se o pior caso do planeta. Pior do que em países africanos, porque aqui há miséria em nível africano, mas redes de contágio muito mais eficientes do que lá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
7. Para encerrar, não podíamos ter um Imbecil maior no Planalto. Ele e toda a corja golpista que lambe-lhe o saco só podem ser um plano diabólico para desgraçar nossa vida. Se você votou nele, tomara que pegue o vírus. Mas a merda é que a porra do vírus não consulta o título eleitoral de ninguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
8. Não escrevi nada acima para ser crido. Escrevi para daqui a de anos eu ver o quanto estava errado...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUI RIEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-86541692543263654502020-03-25T09:28:00.000-03:002020-03-25T11:09:47.550-03:00(2020/038) Religião, Covid-19 e por que no fundo se tem um grande circo armado<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Não importa o que digam os especialistas progressistas, as pessoas vão à religião pela magia. Elas acreditam no grosseiro, no bruto. O mundo, para os religiosos, é mágico, fantástico, cheio de fantasmas, diabos, deuses. O mundo, para os religiosos, é um grande filme de terror. O que elas querem da religião é bênção, ajuda, socorro, arrimo, comida, casa, saúde, amor, trabalho, dinheiro... Quando um especialista me fala que a função da religião é dar sentido à vida não falo nada, porque sei que ali vai alguém que ou não conhece nada de religião, ou nada sobre os seres humanos, ou nada sobre as duas coisas. O que elas querem da religião é o que literalmente a religião promete pra elas. Fosse metáfora, Macedo passava fome...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vejamos então o caso do Covid-19. Pensemos no religioso típico. Ele acredita mesmo em deuses, milagres, essas coisas. Para ele, isso é real, tão real quanto caganeira. Mas os progressistas vivem em mundos ambíguos: metade do cérebro vive no mundo moderno, que ele tenta transformar em pós-moderno, certamente para conciliar as coisas irreconciliáveis, e a outra metade do cérebro vive no mundo religioso. Para tentar conciliar as duas coisas, ele quer transformar o mundo religioso em uma gosma metafórica. Uma coisa ridícula. Em nenhuma hipótese isso funciona na cabeça do religioso. Ele está no mundo religioso extamente como o mundo religioso se apresenta para ele, literalmente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aí vem o Covid-19. Não quero discutir a quarenta. Mas o governo estabelece a quarentena. O homem moderno, que sabe que religião é teatro, automaticamente sabe que é para fechar o teatro. Mas o religioso não é moderno, ele não sabe - é ignorante - que religião é teatro. Ele realmente acredita em deuses, milagres. Para ele, mesmo se mil vírus entrarem em todos os seus orifícios, ele só pega a doença se os deuses deixarem. Na perspectiva religiosa, ele está certo... Seus líderes ensinam isso todos os dias, todas as noites, em todos os textos, mesmo nos fundantes. Aí, o progressista fala mal dos líderes religiosos e dos próprios religiosos, porque, levando a sério a religião, não aceitam que ela seja tratada como teatro: vamos manter os cultos, porque Deus é maior. Ora, e não é não?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, a gente tem que tomar tenência. Ou você brinca de religião, ou brinca de sociedade moderna. As duas coisas não combinam, principalmente para uma população absolutamente ignorante, liderada por religiosos entre encantados com a conversa fiada da conciliação entre modernidade e obscurantismo e pilantras profissionais, vagabundos de Jesus, bandidos de Deus e canalhas do Espírito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como resolver isso? Só na porrada. O religioso não vai entender nunca que o que ele opera lá no seu lugar mágico é encenação social. Os governantes têm, todavia, de agir assim: não podem levar a sério o que se opera lá, no sentido de considerar que o que ali ocorre é o que o religioso pensa que ocorre. Ele tem de tratar religião como futebol - se fecha estádio, fecha templo. Salvo, claro, se ele é da mesma máfia da liderança religiosa pilantra bem conhecida nas TV...<br />
<br />
Se tem que fechar cultos? Obviamente que sim. Mas depois não me venha com conversa fiada sobre a função semântica da religião... Religião é teatro, e a população tem de saber disso. Enquanto não disserem isso para ela, vai ser isso aí, esse circo, essas cenas horrorosas, obscurantismo em altíssimo grau.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não tenho paciência com quem crê tentar conciliar mundos irreconciliáveis. E aposto ainda que, passada a crise, voltarão os iluminados pós-modernos a falar as mesmas patacoadas líquidas que falam hoje, enquanto os religiosos continuarão ignorantes como são hoje, porque os iluminados pós-modernos não mexem uma palha para os tirar de lá. Pelo contrário. E, então, virá outra cepa...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUI RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-63252656460656524182020-03-23T17:59:00.002-03:002020-03-25T09:16:46.675-03:00(2020/037) Deus, esse estrategista<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Acho que eu até poderia ser Deus. Mas eu teria que jogar no lixo todos os meus escrúpulos. Por isso, acho que morrerei essa merda de ser humano que sou...</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Se eu me baseio no que as pessoas falam sobre Deus (mas, cá entre nós, a gente se basearia em que mais?), Deus pode não apenas evitar o contágio do Covid-19, mas até curar e, in extremis, ressuscitar alguns dos que morreram - no caso de ele mesmo não os ter matado, claro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não sei o que é maior: o poder desse deus ou a fé de seus crentes...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De qualquer forma, é muito poder: pode não apenas provocar a infecção, como já ameaçam os crentes quando escutam coisas que a seus santos ouvidos aparecem como heresia e apostasia, mas curar também. É muito poder. Ele decide quem vai ser infectado e depois, quem vai ser curado. Viva Calvino, o único teólogo coerente da história inteira, provavelmente porque o único que levou a sério o caráter desse deus...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro lado, não me parece decente da parte da divindade. Ela contamina as pessoas, depois fica esperando orações, e cura alguns. Deve precisar de louvores, e, então, provoca hecatombes, para ter aos seus pés milhões de pessoas desesperadas, em ridículo papel psicológico...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A fé e o louvor precisam de pessoas que pensam pouco, humilham-se muito, têm nenhum amor próprio e possuem um coração em que habita o medo eterno. Sem gente assim, esse deus já teria sido processado e expulso no universo...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Espero manter a sanidade em meio aos casos da fé.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
OSVALDO LUI RIBEIRO</div>
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-26075775127656386582020-03-22T21:59:00.001-03:002020-03-22T22:06:00.494-03:00(2020/036) Você é cristão? Segundo Rui, não<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Rui consegue ser (tão) (mais) radical (quanto) (do que) eu. E numa coisa concordamos: não há cristãos de fato. Rui diz isso por uma caminho. Eu, por outro: os que andam por aí - todos - são discípulos de Paulo, não de Jesus.</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hvl3XQtYsN4" width="560"></iframe>
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
Para quem não conhece, esse é Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária - PCO. É a pessoa que eu mais tenho ouvido no último ano. O problema de acompanhar as palestras semanais de Rui é que seus ouvidos se tornam imprestáveis para outros analistas...</div>
</div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Peroratiohttp://www.blogger.com/profile/04297474506122957201noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6815246807252272318.post-72696665243990292032020-03-20T19:12:00.000-03:002020-03-22T22:12:08.178-03:00(2020/035) Não gosto de gente que...<div style="text-align: justify;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a><span id="goog_395622483"></span><span id="goog_395622484"></span>... fala com você como se fosse automática sua adesão à cosmovisão dela. Estava agora ouvindo o grande Nicolelis, e ele, em sua entrevista, com um tom que nem um pouco me agradava, de repente disse, como se fosse óbvio, como se se tratasse de uma informação compartilhada pelo entrevistador e a que todos os seres humanos houvessem aderido, que a cérebro molda o mundo, que ele cria a realidade, que a seu turno é apenas uma ilusão...</div>
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Se eu sou o entrevistador, dou um tapa na hora na cara da pessoa e continuo como se nada tivesse acontecido, e, quando, de olhos arregalados, ela perguntasse o que foi aquilo, eu, fleumaticamente, perguntaria: mas foi isso o quê?</div>
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Tenho saco não. Nem quando a pessoa tem grife...</div>
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... e se a criatura disser que não foi isso que eu quis dier, eu retrucaria: então aprende a dizer o que pretende dizer.<br />
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E quer ver a coisa mais engraçada: em outro vídeo, recentíssimo, ele está dando orientações de como se lidar com a crise do Covid-9. Ué, Nicolelis. Precisa lidar não. É uma ilusão, meu amigo. É só sacudir a cabeça que a ilusão se dissipa...</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
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<a href="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="64" data-original-width="48" src="https://1.bp.blogspot.com/-jU1CeDKhbHA/Ukt1hkfoxXI/AAAAAAAATko/adbqBFAlP3syxQGbjcy5jw_VnzRH6iv2ACPcBGAYYCw/s1600/Avatar_Osvaldo.jpg" /></a></div>
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Em sua luta política e aristocrática contra o cristianismo que se massificava, Nietzsche soltou todos os seus cães raivosos contra a História da Igreja, contra a Teologia - "todo teólogo é um mal filólogo" - e contra a própria ideia de Deus. Um dia, em um de seus livros que me parecem mais espetaculares (tenho esse problema com Nietzsche: odeio-o e adoro-o), ele disse com todas as letras:</div>
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"<span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">129 - As condições de Deus. 'O próprio </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">Deus não poderia subsistir sem os homens sábios</span><span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">!' - </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">disse Lutero</span><span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"> e com muita razão; mas 'Deus </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">pode</span><span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"> ainda menos </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">subsistir sem</span><span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;"> os insensatos'- isso, o </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">bom Lutero</span><span style="background-color: white; color: #3c4043; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">, não o </span><span style="background-color: white; color: #52565a; font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 14px;">disse</span>" (A Gaia Ciência).</div>
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De fato. Em outros termos, os homens criaram os deuses. Todos. Sem exceção. Aristóteles já havia dito isso há mais de dois mil anos, mas a sociedade não estava madura para lhe dar ouvidos. Ele disse que os deuses eram reis porque os homens têm reis, e, se você sabe contar até dez, pelo menos, então ninguém precisa explicar a você a que conclusões essa declaração leva.</div>
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Até onde posso controlar, o eco dessa declaração retorna no século XIX, mais fortemente com Feuerbach, que vai pouco além de aonde Aristóteles foi, conquanto diga-o não em uma frase solta, mas em livros inteiros: "Deus" é uma projeção antropológica. Animado com a possibilidade de, com essa tese, interromper a emancipação política das massas, Nietzsche sobe aos telhados e grita mil vezes, com 100 decibéis de pulmões: Deus está morto!, Deus está morto! Nada em Nietzsche é teologia, estejam atentos a isso. Tudo ali isso é política... E ele mesmo sabia que, a despeito de seu anúncio e das teses de Feuerbach, o corpo morto de Deus - palavras dele - seria carregado pelas ruas, ainda, por muitos séculos, pelos homens que o criaram e o mataram.</div>
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Sim, o corpo de "Deus" será arrastado ainda por muitos, muitos séculos, pelos homens, pelas ruas, e isso em decorrência do fato de que os homens não são apenas criadores dos deuses. Foram seus criadores, sim, mas, assim como os próprios homens, os deuses também morrem. Todavia, assim como os homens morrem, mas os deuses podem salvá-los, morrendo os deuses, os homens também podem salvá-los. Que Deus morreu, pelo menos o filósofo louco já sabia. O que ele não sabia, e se sabia, calou-se, é que os homens não carregariam pelas ruas o seu corpo morto, até que, putrefato, ele se desintegrasse na História. O que os homens fizeram foi salvá-lo. O qu carregam pelas ruas, agora, nesse minuto, é o corpo vivo de "Deus", "Deus" que criaram, mataram e agora ressuscitaram. Já haviam ressuscitado o Filho há dois mil anos. Ressuscitar o Pai, isso era coisa para o que já tinham inclusive expertise...</div>
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OSVALDO LUIZ RIBEIRO</div>
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