sexta-feira, 1 de novembro de 2019

(2019/034) Pó

1. Ouvindo a rádio no carro hoje manhã, tocava Balanço das Horas. 1985 era o ano do aprofundamento de minha fundamentalização religiosa idiota, e depois de ter perdido o Rock in Rio, eu não acompanhava a onda musical da década. Um imbecil eu era, como todo fundamentalista. Era o auge do Metrô, banca musical que lançava a música que eu ouvi no carro.

2. Fui verificar a história da banca, e me entretive acompanhando o vai e vem de sua vocalista, bonita moça. Tudo gente franco-brasileira, classe média, provavelmente classe média alta. A moça abandona a banda um ano depois, no auge da fama. Classe média é assim: tem 500 opções de vida...

3. Depois da viagem no muito bem escrito texto da Wiki sobre a banda, fiquei pensando no fato de que cada ser humano vivo e morto tem e teve uma história singular, conquanto comparável a de tantos outros. Seus altos e baixos, suas dores, suas alegrias, as razões pelas quais fizeram isso e aquilo, deixaram de fazer aquilo e isso, uma trama na qual cada qual precisa decidir se faz, o que faz, quando faz...

4. Um dia, o Universo vai se transformar tão radicalmente que a sua forma de existência atual se desintegrará. Isso fará com que não haja mais memória alguma de nenhum de nós, nem de Virgina, nem dos neandertais. Será como se nada tivesse existido, como se ninguém tivesse vivido. Tanta alegria e tanta dor absolutamente desintegrados. Puro pó...

5. Se a vida não colocasse em nós uma força de querer viver, para nada além do que ela mesma, acho que a gente anteciparia esse destino inexorável agora mesmo...







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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