segunda-feira, 12 de novembro de 2018

(2018/004) Queremos mesmo um regime democrático?


1. Primeiro, temos de decidir se queremos mesmo um regime democrático. Partimos do pressuposto de que ele seja o melhor regime possível, e, então, nos engajamos em pensamentos, atitudes, retóricas e ações democráticas. O problema é que, se a democracia não é o regime mais car0 possível, é, certamente, um dos mais caros. E a questão, então, é: queremos pagar o preço?

2. Parte do preço que a democracia cobra é a inegociável condição crítica e autônoma da sociedade, considerando-se, necessariamente, cada um dos cidadãos. Isto: cada pessoa tem de ser e assumir-se ser cidadão. Para isso, tem de desenvolver pensamento crítico, autônomo. Para isso, não pode entregar sua vontade a nada, além de si mesmo e à noção de bem comum.

3. Cheguei onde queria: a religião, como um todo, e a cristã, em particular, é um obstáculo gigantesco à democracia e à cidadania. A própria religião, aliás, não é democrática. Logo, um sistema que não é nem pode ser democrático não trabalhará jamais para a democracia, e, quado acha trabalhar, engana-se, quando não engana a todos.

4. É preciso superar toda forma de mitologia para que se alcance a autonomia, mesmo as mitologias do bem, como se quer fazer crer incautos engajados. Nesse sentido, toda e qualquer coisa que se coloca acima do cidadão - doutrinas, representações divinas, livros sagrados - é um entulho, um empecilho, uma muralha, a impedir o avanço necessário da consciência crítica.

5. Queremos, mesmo, um regime democrático? Então, comecemos a pensar SERIAMENTE (porque o que vejo é muita pantomima) no que o teólogo Bonhoeffer disse: um cristianismo não religioso para um ser humano em estado adulto...

6... ou comecemos a nos convencer de que ditaduras de Jesus são ótimas...







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

2 comentários:

Espaço criativo disse...

Me lembrei de que ainda em meu curso no mestrado na Unida eu lhe falado sobre minha dúvida de que se não havia uma incompatibilidade entre religião e democracia...de fato, tendo em vista o triste cenário em que nos encontramos, há comprovação de sobejo de que não há entendimento entre esses pontos.

Peroratio disse...

Sim, não resta dúvida de que religião e democracia não combinam, são rivais e provavelmente intrinsecamente incompatíveis. Dentre todas, as piores são as monoteístas. Essas, não há esperança alguma de conciliação.

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