quinta-feira, 9 de abril de 2015

(2015/407) Sobre o Livro do Êxodo (II)

O livro de Amós é considerado autêntico. Século VIII a.C. Ali há as mais antigas tradições sobre o êxodo. Algumas observações:

a) Amós não dá a menor bola para isso - diz que Yahweh tinha levado para a "Palestina" tanto os israelitas quanto os filisteus e os arameus, e que, por isso, israelitas e cushitas eram a mesma coisa para Yahweh. Ou seja: Amós entendia que o êxodo não era uma exclusividade dos israelitas e que não fazia deles gente melhor do que ninguém.

b) Amós diz que não foi a Yahweh que os israelitas prestaram culto no deserto, mas a outros deuses. Ou seja, o deus original da tradição do êxodo sequer era Yahweh.

c) o êxodo não era uma tradição de Judá. Nunca foi. Era a tradição de um pequeno grupo de pessoas que saíram do Egito e, tendo provavelmente se encontrado com Yahweh em Edom, levaram-no depois para o território onde os migrantes se instalarão, primeiro, misturando-se com a população que lá já estava.

Esse é o básico. Disso se criará uma tradição que: não tem Moisés, não tem Lei, não tem Sinai. Não tem nada disso.

Isso, no século VIII.

No século V, essa tradição vai ser tomada como base para reler o retorno dos judeus da Babilônia, e o livro do Êxodo será escrito - uma enorme invenção épica.

Qualquer um interessado pode ler sobre isso em qualquer bom livro de Introdução ao Êxodo de boas Editoras. Eu disse boas, porque tem muita editora a serviço da "fé" - essas, vão continuar repetindo a EBD e cobrando 70 reais pra isso.










OSVALDO LUZI RIBEIRO

Um comentário:

Anônimo disse...

Pode me indicar algum livro de História de Israel, Osvaldo?
Baixei uns aqui do John Bright e Herbert Donner, mas me pareceram muito "confessionais".

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