Löwy, e tanos mais, insistem em que a teoria de Feuerbach sobre a religião é idealista e a-histórica, e que Engels, aí sim, traz a religião para o contexto social... Tenho minhas severas dúvidas quanto a esse tipo de enunciado. É como se pudéssemos dizer que a Biologia é a-histórica! Mais - é como se os processos histórico-sociais aqui e agora não fossem possíveis por força da atuação profunda de estruturas anteriores, universais, psicológicas. Ora, é indiscutível que a teologia, isto é, a crença nos deuses e a sua racionalização mítica, constituem o fundamento de qualquer religião, qualquer, seja ocidental, seja oriental. Aqui e agora, os mecanismo de atualização desse processo histórico-psicológico podem ser variados - e são! - mas o processo é o mesmo, porque facultado por estruturas da espécie humana, cuja história não tem a ver com os instantes do aqui e do agora que a sociologia tenta dar conta, mas com os milênios e milênios que, desde lá de cima, observam os sociólogos de lupa na mão.
Óbvio: sem a atualização aqui e agora das estruturas milenares (evolutivas!) histórico-psicológicas da espécie humana essa faculdade não passa de potência inútil. Todavia, sem essa faculdade, os homens sequer religião inventariam.
Não se pode cortar a realidade em fatias.
Mas, se se vai cortar, que ao menos não se imagine que uma fatia se faz sozinha.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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