domingo, 1 de fevereiro de 2015

(2015/151) Masturbação ou sexo arriscado?

A julgar pelo que leio, 99% das pessoas leem alguma coisa para se masturbar. Não creem - e, se creem, têm vergonha de confessar - poder recuperar o sentido que alguém escreveu no papel. Sempre saem com senões e relativizações sem nenhuma coragem, o que me leva a admitir que simplesmente não acreditam mesmo na possibilidade. E, se não acreditam, por que leem senão para masturbarem-se?

Com um pedaço de papel, pode-se praticar a masturbação (leitura estética) ou o sexo arriscado, sem proteção. Talvez esse negócio da masturbação com o papel seja um derivado psicológico, uma exigência do tempo: falar que acredita na possibilidade de entender o que João disse no que João escreveu é confessar que vê os mortos e fala com eles, de modo que os escrúpulos levam ao silêncio e aos mãos ao próprio pênis.

Quanto a mim, arriscarei sexo até morrer. Quando eu quiser masturbar-me, escreverei eu mesmo poesias, posts em Facebook, em Peroratio, em qualquer canto. Mas, quando eu estiver nas mãos com um pedaço de papel escrito por outro, quero erotizar-me até à salivação completa num sexo frenético e selvagem.

O quê? Não é sexo? É a mesma masturbação que você faz na frente do computador? E como você pode saber, se simplesmente não tenta, posto que, filosoficamente, já descartou a possibilidade?

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