I.
Há o mesmo infinito, desdobrando-se de si mesmo, para fora de nós, para dentro de nós. Infinitos que são, há infinitas questões, infinitos seres, infinitas forças. Mas e na dobradiça que estamos - é mesmo a própria dobradiça que somos cada um de nós, desdobrando-nos em diferentes e idênticos infinitos.
II.
II.
Um dia, farei um manifesto pela pluralização da felicidade: não é uma palavra para ser empregada no singular - é um mito a felicidade. É uma palavra para ser executada no plural - felicidades! Pequenas porções, dia sim, dia não, dia talvez, de tal sorte que você sempre espera que elas cheguem e sabe que elas se vão, como as cigarras nos carvalhos...
III.
III.
Se verdade houvesse nas mitologias, ela estaria no politeísmo: porque a vida não é gerada por "um" princípio - tolice! A vida é o resultado complexo de inúmeros processos em sinergia. Quando se pensou a mitologia do UM, pensou-se politicamente - governo. Outra tolice: o Universo não tem governo, mas é o resultado igualmente complexo de inúmeros processos em sinergia.
O UM não é tanto uma ilusão quanto um produto político.
IV.
IV.
A vida é tão crua e dura e brava e grave que as religiões inventadas inventaram que os deuses comiam carne e bebiam sangue. Por quê? Porque comemos carne e bebemos sangue. Como somos nós, assim tecemos os deuses...
V.
V.
Há mais de dois mil e quinhentos anos, Heráclito teria escrito essas simples e complexas palavras: "viver de morte, morrer de vida".
Mas demoramos esse tempo todo para compreender...
Mas quantos de nós realmente já compreendeu?
VI.
Estamos vivos e os deuses fazem o que querem conosco.
VI.
Estamos vivos e os deuses fazem o que querem conosco.
Mas, quando morrermos todos, nós finalmente os colocaremos para dormir o sono eterno.
E não há nada que eles possam fazer quanto a isso.
(...)
Se você apurar o ouvido agora, ouvirá soluços nos céus...
VII.
VII.
A transformação das verdades até ontem ontológicas da teologia em metáforas por parte dos neo-teólogos equivale ao trabalho da filosofia grega de alegorizar os mitos clássicos - e é também o medo da execução na conta de ateus que produz, de novo, o mesmo movimento...
VIII.
VIII.
Os livros de Losurdo revelam impiedosamente o quanto se leram mal os autores do século XIX - e isso da parte de muita gente boa... Talvez por isso se prefira, em lugar do mea culpa, a revisão da objetividade e a dissolução da realidade em gosmenta metáfora discursiva: não há mais erros assim...
IX.
IX.
"Quanto mais se fala de espírito, tanto mais comumente se é privado de espírito", disse Hegel, na Filosofia do Direito. Será que é por isso que hoje se fala tanto em espiritualidade?
X.
O Cristo da fé será SEMPRE uma invenção - seja uma invenção institucionalizada ou uma invenção que se venderá como libérrima, mas quer-se institucionalizar em novo rebanho.
X.
O Cristo da fé será SEMPRE uma invenção - seja uma invenção institucionalizada ou uma invenção que se venderá como libérrima, mas quer-se institucionalizar em novo rebanho.
Ponto.
XI.
De dentro da religião institucionalizada, alguém brada, como que dos telhados: a religião institucionalizada bitola, Jesus liberta.
XI.
De dentro da religião institucionalizada, alguém brada, como que dos telhados: a religião institucionalizada bitola, Jesus liberta.
Tenho que tomar muito maracujá com açúcar...
XII.
XII.
Religiosos honestos...
Grande parte, talvez mesmo a maior parte, das desgraças religiosas da história da raça humana tenha sido perpetrada por religiosos honestos.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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