Escrever, para mim, é como retirar cacos de vidro da pele, porque atravessei uma parede de vidro feita e ele se espatifou sobre mim. Assim de vidro cravado, vou retirando com a pinça dos dedos, pedaço a pedaço, e exorcizando-me da memória. Nada há que escrevo que não tenha um filamento de sangue, um grama de carne, uma extensão de pele...
Não faço por ninguém.
Não faço para ninguém.
Faço tão somente porque os pedaços de vidro vêm à superfície e é preciso extraí-los.
E, quando terminarem esses, lanço-me contra a parede de novo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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