Desencaixotando velhos livros e re-encaixotando, para doá-los à biblioteca da Faculdade Unida, sentimentos variados me tomaram. Alguns livros estão dentro de minha pele, incorporaram-se à minha carne, como Estruturas Teológicas Fundamentais, de George Fohrer. É um sentimento interessante, bom, nostálgico, grato. Um a um, os pedaços de mim são organizados em pilhas que permitam o máximo deles dentro da caixa reutilizada...
A certa altura, cai-me à mão O Pequeno Príncipe. Como estou lidando com literatura bíblico-teológica, meu cérebro acha curiosa a presença do pequeno livro ali. Ponho-o dentro da mesma caixa e sorrio... Ora, grande parte dessa literatura teológica tem a mesma dimensão que O Pequeno Príncipe - não é mais do que literatura ético-política, positiva ou negativa, projetos de alteração de mundo, e quase nada de científico. A diferença é que O Pequeno Príncipe vende-se e lê-se como literatura, e as obras de teologia, racionalizações sobre mitos o tempo inteiro, como "conhecimento"...
Não me dói despedir-me das obras de mitologia. Na área de Teologia Sistemática, 99,99% deles. Apenas aqueles livros que contêm história - História da Teologia, por exemplo, têm substância, se não se equivocam. Teologia mesmo, como teologia, é O Pequeno Príncipe para momentos de liturgia...
Todavia, sou fruto dessa biblioteca - cada rabisco, cada comentário, cada marcação, um pequeno parto.
Um gesto de obstetrício desprendimento meu, então.
Que sejam úteis.
Como já foram.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário