Uma vez que inventamos uma fé "racional" (na verdade, ela é racionalização, isto é, tem a forma de razão, mas sustenta-se sobre a crença na doutrina e, a partir daí, tomando-a como verdade, "raciocina"), é preciso compreender a fé que nos ensinam.
Pastor, perguntei, é a fé que salva?
Sim...
Sim...
Nesse caso, a fé é uma "obra"?
Não, não.
Mas se eu tenho que crer para ser salvo, então a fé é uma espécie de coisa que eu faço, uma espécie de obra...
Não, Osvaldo, porque quem opera em nós o querer é Deus: a fé é dom, é dádiva, é dada: não é obra nossa...
A conversa terminou ali. Nunca mais conversei com o pastor sobre isso. Ali eu já acho que entendi o jogo. Naquela resposta estava o começo da demolição do edifício inteiro: se não era eu a operar, mas Deus, então eu pregava à toa, porque se é Deus que prega e é Deus que faz crer, então quem não crê não crê porque Deus não fez crer... Tudo ficou calvinista demais e, como toda coisa calvinista, uma ilusão: não há verdadeiras pessoas onde não há verdadeiras ações humanas...
Meses depois, os caminhões começaram a recolher os escombros...
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