Uma vez que todos os seres humanos historicamente dados, culturalmente localizados e geograficamente distribuídos, em todos os tempos e lugares, desenvolveram religião e religiosidade, disso extrai o nobilíssimo amigo que a religião é uma dado antropológico - com o que até os micos-leões-dourados hão de concordar, e isso sem mesmo diplomas de doutorado. Animado pela anuência que recebe da platéia, pronto, o nobre colega mete os pés pelas mãos e dana a concluir que, nesse caso, o objeto da religião, o "Transcendente" (e, tenha certeza, ele se refere a "Deus") é uma realidade extra-humana, porque todos os seres humanos "o" (ah, esses raciocínios!) captam, percebem, "desvelam"...
Tsc tsc tsc...
Se ao menos ele estivesse se referindo ao campo mítico aberto pela percepção hermenêutica da realidade e os lugares extra-físicos criados nesse contexto de mito, dentro do qual se põem a mover inúmeras entidades: kamis, mana, orixás, exus, santos, deuses, deusas, anjos, diabos, serafins, fadas, gnomos, duendes etc...
Mas não: ele é daqueles jogadores que roubam o ás, daqueles legisladores que, como acabamos de ver recentemente, legislam em causa partidária...
Triste.
Sim, a fabulação mitológica é uma marca da humanidade inteira - todos os povos, sempre, de todos os lugares, inventaram mitos: o que prova, e nada além disso, que o cérebro é uma fantástica máquina de parir fábulas...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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