Não sei como as coisas são com outros. Sei como elas são comigo - e são assim: depois que aprendo uma coisa, que descubro, ela se torna desinteressante um tanto. O prazer por que sou tomado é enorme - mas apenas na fase da procura e do encontro, quando estou estudando, pensando, investigando. Aí, tudo é gozo e agonia eternas, esforço e suavidade, suor e revelação, tudo é mágico, tudo acontece, faz-se e é assim: nasce, diante de mim, a descoberta...
Para a contar aos outros, o prazer se vai. Enfado. Sentar para escrever aquilo com que já deliciei é um esforço desagradabilíssimo, enfadonho, patologicamente amargo...
Ah, seu eu tivesse escrito tudo que descobri... Mas meu corpo pede: não, não quero mais...
Acho que a dose de prazer pela descoberta é tão intensa, tão cavalar, tão hiperbolicamente exagerada que o corpo não apenas se sacia - torna-se resistente...
Desenvolvo alergias...
Preciso inventar um modus operandi novo - contar ao mundo as coisas que descubro, enquanto as estou descobrindo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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