Direi que aqueles - todos - que repetem (por repetir) o que outros falaram pelo fato de outros terem falado, pela razão de ele estar hipnotizado e enamorado de outros, que falaram, que faz do que outros falaram a razão de todas as coisas, a chave de todo conhecimento, os repetidores, que são da mesma espécie daqueles que, depois de tanto ouvir sacerdotes, de tanto cheirar cheio de sangue e animal morto, depois de tanto sentir a fumaça e o calor das brasas, depois de tanto assistir a tanta sanguinolência sacerdotal, cuidaram que era assim que se devia ler a morte daquele homem morto...
Quando nos deixamos levar pela onda dos discursos, sejam eles quais forem, quando nos fazemos folha morta a flutuar nas vagas das palavras, sejam elas quais forem, quando aceitamos, passivamente, as retóricas - a tradição, o passado, a herança, a verdade, somos os herdeiros de todos os erros e perversões...
A tradição, o passado, a herança, deve ser recebida com crítica profunda, com critérios de seleção éticos rigorosos e, a despeito de ser tradição, herança e passado, tudo quanto for anti-ético, perverso, cruel, equivocado, a-crítico, deve ser deixado do lado de fora.
Sim, também - e principalmente - no âmbito da fé.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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