Derramar sangue...
Há um fio de sangue na história do Ocidente...
Os animais mortos para as roupas de pele de Adão e Eva...
O animal morto por Abel...
Os animais mortos por Noé...
O animal morto por Abraão...
Os animais mortos pelos judeus, as centenas de milhares de animais mortos pelos judeus no Templo dos Animais Mortos, na Jerusalém dos animais e dos profetas mortos...
Então, matam Jesus.
O fio de sangue opera sua força hermeneucizante e o homem pendurado no madeiro é interpretado como o animal morto...
Teologia...
É preciso, dirá o primeiro teólogo do sangue, que sangue seja derramado, porque Deus exige sangue.
Isso se repetirá com tanta força, por tanta gente e por tantas vezes que todos acreditarão...
E não se dão conta de que, assim fazendo, colocam uma Lei acima daquele que dizem tratar-se do Todo Poderoso...
Se o fosse, não haveria Lei acima dele, nem de sangue, nem de água, nem de fogo, nem de terra...
Mas inventaram uma Lei - a do sangue: é preciso sangue, muito sangue, de todos, ou de um deus...
Não é sequer mito sofisticado - é a mais cruenta e sanguinolenta mitologia.
Ad maiorem Dei gloriam...
E teria bastado dizer ao primeiro teólogo do sangue que ele sofria de espasmos mentais...
Ainda há tempo?
Somos suficientemente lúcidos para o fazer, dois mil anos depois?
Somos teólogos o suficiente?
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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