sexta-feira, 1 de novembro de 2013

(2013/1293) Fio de sangue

Derramar sangue...

Há um fio de sangue na história do Ocidente...

Os animais mortos para as roupas de pele de Adão e Eva...


O animal morto por Abel...

Os animais mortos por Noé...

O animal morto por Abraão...

Os animais mortos pelos judeus, as centenas de milhares de animais mortos pelos judeus no Templo dos Animais Mortos, na Jerusalém dos animais e dos profetas mortos...

Então, matam Jesus.

O fio de sangue opera sua força hermeneucizante e o homem pendurado no madeiro é interpretado como o animal morto...

Teologia...

É preciso, dirá o primeiro teólogo do sangue, que sangue seja derramado, porque Deus exige sangue.

Isso se repetirá com tanta força, por tanta gente e por tantas vezes que todos acreditarão...

E não se dão conta de que, assim fazendo, colocam uma Lei acima daquele que dizem tratar-se do Todo Poderoso...

Se o fosse, não haveria Lei acima dele, nem de sangue, nem de água, nem de fogo, nem de terra...

Mas inventaram uma Lei - a do sangue: é preciso sangue, muito sangue, de todos, ou de um deus...

Não é sequer mito sofisticado - é a mais cruenta e sanguinolenta mitologia.

Ad maiorem Dei gloriam...

E teria bastado dizer ao primeiro teólogo do sangue que ele sofria de espasmos mentais...

Ainda há tempo?

Somos suficientemente lúcidos para o fazer, dois mil anos depois?

Somos teólogos o suficiente?







OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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