Por eu ter postado Mamãe Oxum, de Zeca Baleiro, perguntam-me se eu teria "voltado" ao candomblé, cuidando que eu fora, algum dia, do culto.
Digamos que eu tivesse, um dia, sido do culto: alguém imagina que eu, na altura do campeonato, pudesse simplesmente trocar um deus por outros? Para mim, a questão não se resume a que deus - mas ao problema deles todos, depois que se descobre como eles vieram à luz...
Penso que estou irremediavelmente impedido de enamorar-me de deuses, kamis, orixás. Nem as deusas me poderiam arrastar ao mar...
Se houvesse um deus que me pudesse, todavia, encantar e convencer-me a curvar-me é o Tempo: esse, lentamente, come-me as carnes, os ossos, bebe-me o sangue, lambe-me as cartilagens, suga-me todos os caldos, como grande aranha que é. Ao final, deixará de mim apenas o pó...
O Tempo é maior do que a Morte. A Morte eu posso driblar e matar-me eu mesmo antes que ela tenha o prazer. Mas o Tempo...? O Tempo não - dele eu não consigo fugir - ele é o único realmente onipresente...
O Tempo é maior do que a Morte. A Morte eu posso driblar e matar-me eu mesmo antes que ela tenha o prazer. Mas o Tempo...? O Tempo não - dele eu não consigo fugir - ele é o único realmente onipresente...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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