quarta-feira, 18 de setembro de 2013

(2013/1096) Se Losurdo está certo, sou, nesse sentido, liberal e moderno - e contra tudo que é anti-liberal e anti-moderno


"A tomada de posição a favor de Hegel (e de Croce e Gentili) é, assim, uma tomada de posição a favor do moderno, e, no que diz respeito à Itália, a favor do Risorgimento, que significou a derrocada do Antigo Regime, o advento de um Estado nacional moderno e a derrota de um Estado clerical claramente ainda pré-moderno (recordem-se o poder temporal do papa, o caráter confessional das instituições, o gueto para os judeus).

Tal como o encontro com Croce e Gentili, assim também a antítese Hegel-Syllabus não tem origem meramente especulativa. No documento pontifício, a condenação da liberdade de consciência e de expressão, da igualdade jurídica (com a supressão do "foro eclesiástico"), da obrigação escolástica e da escola pública, a condenação, em uma palavra, do mundo e da liberdade dos modernos, coincide simultaneamente com a denúncia da visão "do Estado como origem e fonte de todos os direitos". O Syllabus não cita nomes; mas, alguns anos depois, o cardeal Ketteler é enfático: "Há muitos anos o liberalismo nos grita: tudo por obra do povo. Hegel nos diz: o povo, como o Estado, tem o poder absoluto sobre a terra. Com essa máxima combateu-se a autoridade que provém de Deus e escarneceu-se da nossa fórmula: pela graça de Deus". O eminente homem da igreja assim prossegue: "o liberalismo faz do Estado um Deus na terra", no sentido de que "não há nenhuma lei divina e eterna acima da lei do Estado". De modo análogo, ainda antes do Syllabus, argumenta na Itália Antonio Rosmini, segundo o qual a "moderna antropolatria", que encontra sua expressão acabada em Hegel, desemboca na "estatolatria", no desejo de modificar o ordenamento político e social segundo o arbítrio do homem.

O Hegel do qual Gramsci se vale é o Hegel combatido pelo conservadorismo enquanto liberal e moderno, enquanto expressão da consciência histórica, da possibilidade de mudança e da possível iniciativa transformado do sujeito humano" (LOSURDO, Antonio Gramsci - do liberalismo ao "comunismo crítico", p. 15-16).

Que mais seria preciso dizer?




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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