No texto, flutuam suspensões, grãos de potenciais sentidos em criogênio, flocos-caixas de Pandora...
Como o peito da fêmea, deitada, em entrega e espera, a respiração inflando e desinflando o peito desejoso e ardente, as partículas ardem de desejo e espera...
Pelo quê?
Pelo ato de ser, por aquele ou aquela que vai tirá-las da intermitência angustiante de ser quase tudo que se queira, mas não ser nada...
Não importa se a suspensão será suspensa pela sua atualização pelo mundo de quem liberta as partículas arfantes - ou se, ainda por este ou esta, mas nos termos do mundo de quem as prender nesse peito de hormônios acumulados...
Ah, sim, a suspensão da suspensão redundará em sentidos completamente diferentes, se é o mundo de cá ou se é o mundo de lá, do libertador do sentido ou do aprisionador do sentido, o mundo a determinar com que sentido a suspensão de sentido será suspensa...
São atos de ser incomparáveis...
Mas, às partículas, o que importa, apenas, é liberdade de ser...
É ao libertador que cabe a decisão de ou prendê-las em seu mundo de leitor ou prendê-las no mundo do pulverizador que as pôs a flutuar ali...
(...)
Contexto é sentido.
Por isso, não percebo como um texto pode falar por si mesmo.
Não, não fala.
Quem o fala é ou o contexto do leitor ou o contexto do escritor.
No texto, há apenas partículas em suspensão...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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