sábado, 17 de agosto de 2013

(2013/898) Um garoto morto, quatro familiares mortos, investigação policial, hipóteses e Assassin's Creed - e eu com isso?


Psicologicamente, somos susceptíveis a escolher o lado da história que mais nos agrada ou que se aproxime mais de nosso modo particular de ver as coisas...

Quando saiu a notícia de que um menino poderia ter matado quatro pessoas em SP, entre elas pai e mãe, minha primeira reação foi dar plausibilidade à história. Montada minha posição psicológica, meu cérebro passa a aplicar mais rigor crítico às teorias que pretendam substituir essa - por exemplo, a de que policiais teriam cometido o crime.

Eu ainda acho que é muito difícil de explicar que uma terceira pessoa esteja envolvida nos crimes e na morte, e então não suicídio, do garoto. Ainda acho que pode ter sido ele - e falo apenas de minha sensação mental sobre a coisa toda.

Agora vem a parte interessante. Ontem, ouvindo o rádio, enquanto ia para o trabalho, deparei-me com a declaração de que o menino ficará violento por força de passar muitas horas jogando um vídeo-game muito violento. Não disseram o nome. O delegado dava a coisa por certa.

De pronto, eu, que sou jogador de vídeo-games, mas não gosto desses jogos mais violentos, simplesmente por uma inabilidade de comando manual do teclado, vi-me tomado por uma má vontade - simplesmente porque falar mal de vídeo-games me afeta pessoalmente...

Curioso, não?


O efeito deve ser igual ao de pôr crianças para ler livros religiosos com passagens muito violentas - Bíblia, Corão - por horas e horas, até torná-las entorpecidas. Sabemos o efeito disso. Um jogo violento, proibido para menores, exposto a um garoto de 13, bem, o efeito devem julgá-los os especialistas...

Não era sobre isso que eu queria falar, mas sobre minha seletividade crítica. No fundo, não há como nos livrarmos disso - operarmos por "afinidade". A saída é reconhecermos isso e aplicarmos severamente a crítica a todos os lados, inclusive aos nossos. E, para garantia, pedir a alguém "do outro lado", com a mesma crise de neutralidade que nós, para fazer a mesma coisa - assim, bato mais no contra e ele bate mais em mim - no fim, quem sabe, ganhamos alguma dose de objetividade crítica para analisar situações complexas...

E essa, definitivamente, é uma delas...






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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