Meu amigo Alessandro Petrucci postou uma foto-montagem no Facebook. Carros, com adesivos gospels (bastante cínicos), do tipo "foi Deus que me deu" e, ao lado, famintos de África e, então, sapecou o comentário, que aplaudi: Deus podia parar de dar carro para uns e dar comida para outros...
Perfeita sacada...
Genial.
Mas, então, se empolgou.
Achou de comentar que a culpa é da Teologia da Prosperidade e afins...
Não, não é. A Teologia da Prosperidade reapareceu recentemente, mas é mais antiga. É bíblica, até. Está em Malaquias 3,10. Esteve na cúria romana, e levou à revolta do monge Lutero. Mas não foi, jamais, a pedra de toque da fé cristã...
E, todavia, Deus sempre deu algumas coisas para uns e pouca comida para os pobres. Mesmo o Novo Testamento, em momento de triste flagrante de naturalização dos fenômenos políticos-sociais, disse que pobres são coisas que brotam da terra, e dos quais não temos como nos livrar.
Antes do Cristianismo, havia fome e miséria no mundo. Depois dele, continuou a haver. E, com ele, Deus deu muitas coisas a muitos cristãos - terras (tomadas de bárbaros, de índios e de negros), por exemplo. E Deus sempre deu pouca comida aos famintos, preocupado, sempre, com questões de doutrina...
Não, a Teologia da Prosperidade pode ter seus pecados, ah, e os tem, mas a fome do mundo e a crítica dos ateus não precisa dela para cair sobre nossa cara: todos os dias, desde o início, nos esforçamos por merecê-las...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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