"Veríssimo lembra a expressão “sabo barbudo” com que Leonel Brizola se referiu a Lula nas eleições de 1989.
Vou me servir do Veríssimo e contar como foi essa história.
Eu estava ali, num congresso do velho PDT – nada a ver com o que está aí – no Riocentro, quando ela aconteceu.
Mas suas origens são anteriores.
Quando Brizola foi eleito governador do Rio de Janeiro, ainda nos estertores da ditadura, o general Euclides, irmão do General Figueiredo, disse que Brizola era um sapo, que precisava ser engolido para, depois, ser expelido.
Ficou a história do sapo.
Na disputa do segundo turno, com Collor, Brizola sabia perfeitamente o que fazer.
Mas havia mágoa e resistência interna a apoiar o Lula.
O vereador carioca Pedro Porfírio andava com uma caixa para fazer um “votação” paralela que, à base de ressentimentos, iria recomendar uma posição pró-voto nulo.
Brizola já tinha tido um primeiro contato com Lula, que o meu caro amigo Ricardo Kotscho, uma das pessoas mais corretas e doces que se possa imaginar, de forma meio canhestra, vazara para a imprensa.
Brizola, entáo, usou uma espécie de “jiu-jistu” argumentativo.
Desceu o pau no lombo de Lula, com vontade.
Os “nulistas” vibraram.
E o velho, sabido, depois do destampatório, termina assim:
- Eu sei que o Lula tem esses defeitos todos, que a direita o usou para nos cortar o caminho. Mas, olhem só, pensem que ironia: não seria uma maravilha fazer a elite brasileira ter de engolir este sapo barbudo?
O plenário veio abaixo e a aliança tornou-se sólida como uma rocha.
Pois é.
A elite teve de engolir, mais de uma década depois.
E continua, como receitava o General Euclides Figueiredo, tentando expelí-lo.
O Veríssimo também acha e também acha que ela vai acabar ficando entalada de novo"
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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