Não me engano, aceitando considerar que um ateu está em um patamar epistemológico mais apurado do que um crente, um teísta. Não, não está.
Um ateu é, a meu juízo, o outro lado da moeda, da mesma moeda.
Um ateu que se manifeste sobre deus é tão crente quanto um teísta que pregue Jesus.
Digo isso para, agora, tentar fazer ver a quem, ciente disso, foge da questão.
Quando eu me pronuncio sobre a fé das pessoas, não estou me pronunciando sobre o deus em que elas acreditam. Se há alguma coisa lá, onde elas cuidam haver, isso não se pode saber, nem afirmar nem negar.
Mas alto lá! Estamos falando da crença - e essa crença é um fenômeno de aqui e de agora, antropológico, histórico, psicológico, sociológico - humano.
Dele, desse fenômeno de crer, dele, sim, posso falar - e, nesse sentido, não faria qualquer ressalva à fala de Dawkins, nos termos em que ele se pronuncia no vídeo abaixo.
Um crente que não compreende que a sua crença é estruturalmente igual a todas as crenças tem um problema epistemológico sério e um problema ético sério.
Um teólogo, então, ainda mais grave, porque, se é teólogo mesmo, e não comprou diploma, conhece a história da teologia, a história do pensamento e a história das religiões, e sabe que ele crê - se crê - igual a todos os demais crentes de todos e quaisquer deuses.
É indesculpável uma crença que se ilude consigo mesma, tomando-se como outra coisa que não apenas crença - e se o crente afiança-se em sua própria crença, é o maior exemplo de vaidade, presunção e arrogância que se pode encontrar: ele, fundamento dele mesmo.
Não posso falar nada sobre deus e os deuses - mas posso falar tudo sobre a crença neles: e, nesse sentido, todos eles são invenções da crença humana.
Invenções tão eficientes que nos fazem chorar, sorrir, matar e morrer por elas... Seja Jesus, seja Buda, seja Krishna, seja Alá, seja Ogum.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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