1. O Protestantismo, a despeito de ser tão conservador quanto Roma e o evangelicalismo moderno, deu à Europa um impulso de leitura e de cultura sem precedente. Dois ou três séculos de leitura tornaram aquele bolsão social um caldeirão de possibilidades políticas: no final do século XVIII, a sociedade não tolerou mais os desmandos da coroa e da Igreja, rompeu os grilhões e construiu o início de uma nova sociedade.
2. Não foi outra coisa a razão disso: foi a leitura, a cultura, a deiscência de um fruto maduro, mas que não amadureceu espontaneamente, senão que foi amadurecido pelo fermento da cultura.
3. No Brasil, lamentavelmente, a leitura e a cultura - no sentido de estudo, informação e crítica - é baixíssimo. O fermento crítico não existe. Vive-se como na Idade Média - as informações ficam de possa do clero, mas não chegam às massas e, quando chegam, chegam na forma de catequeses programáticas, seja de direita, seja de esquerda...
4. O povo mesmo, ele, por si mesmo, não detém as condições de fermentação e deiscência. Da ignorância não pode brotar conhecimento, conquanto de um coração solidário possa brotar o pluralismo... Todavia, além de ignorante, assim mantido programaticamente, nosso povo vai se tornando intolerante, preconceituoso, obscuro, tanto mais crente se torna.
5. O modelo pedagógico adotado pelas igrejas torna-se ainda mais responsável pelo aumento de ignorância e intolerância, posto que não se sai desse vale perverso com os próprios pés - senão pelo alcance de informações libertadoras, de base intelectual para formação de consciência crítica.
6. Sim, o povo é cúmplice com os desmandos da patifaria evangélica da alta cúpula - mas é cúmplice-vítima. Ele acredita, porque não tem em si as forças necessária para desacreditar...
7. Entramos num ciclo vicioso difícil de desmontar: a ignorância popular aumenta a intolerância; a intolerância aumenta a resistência à informação e à transformação; a resistência à informação e à transformação aumentam ainda mais a ignorância e a intolerância - a espiral desenvolve-se exponencialmente, perigosamente...
8. Se a liderança evangélica mais progressista não parar de enrolar com a conversa mole de "Bíblia e Oração", e não inserir a membresia, urgentemente, em rotina críticas, o Brasil passará por tristes dias de obscurantismo, anacronismo, violência e intolerância - tudo isso em nome de Deus.
9. A questão é se os líderes ditos progressistas arriscarão o controle que tem sobre a massa, dando a ela o poder de libertar-se, inclusive, deles.
10. Duvido.
11. Assim, é esperar pelo pior.
12. Ou pelo milagre...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Não foi outra coisa a razão disso: foi a leitura, a cultura, a deiscência de um fruto maduro, mas que não amadureceu espontaneamente, senão que foi amadurecido pelo fermento da cultura.
3. No Brasil, lamentavelmente, a leitura e a cultura - no sentido de estudo, informação e crítica - é baixíssimo. O fermento crítico não existe. Vive-se como na Idade Média - as informações ficam de possa do clero, mas não chegam às massas e, quando chegam, chegam na forma de catequeses programáticas, seja de direita, seja de esquerda...
4. O povo mesmo, ele, por si mesmo, não detém as condições de fermentação e deiscência. Da ignorância não pode brotar conhecimento, conquanto de um coração solidário possa brotar o pluralismo... Todavia, além de ignorante, assim mantido programaticamente, nosso povo vai se tornando intolerante, preconceituoso, obscuro, tanto mais crente se torna.
5. O modelo pedagógico adotado pelas igrejas torna-se ainda mais responsável pelo aumento de ignorância e intolerância, posto que não se sai desse vale perverso com os próprios pés - senão pelo alcance de informações libertadoras, de base intelectual para formação de consciência crítica.
6. Sim, o povo é cúmplice com os desmandos da patifaria evangélica da alta cúpula - mas é cúmplice-vítima. Ele acredita, porque não tem em si as forças necessária para desacreditar...
7. Entramos num ciclo vicioso difícil de desmontar: a ignorância popular aumenta a intolerância; a intolerância aumenta a resistência à informação e à transformação; a resistência à informação e à transformação aumentam ainda mais a ignorância e a intolerância - a espiral desenvolve-se exponencialmente, perigosamente...
8. Se a liderança evangélica mais progressista não parar de enrolar com a conversa mole de "Bíblia e Oração", e não inserir a membresia, urgentemente, em rotina críticas, o Brasil passará por tristes dias de obscurantismo, anacronismo, violência e intolerância - tudo isso em nome de Deus.
9. A questão é se os líderes ditos progressistas arriscarão o controle que tem sobre a massa, dando a ela o poder de libertar-se, inclusive, deles.
10. Duvido.
11. Assim, é esperar pelo pior.
12. Ou pelo milagre...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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