1. Papai Noel é mito para crianças - e, como todo mito, tem sua função política e social. Dura até que a criança esteja pronta para entrar em outra dimensão do mito, em outros jogos.
2. A Teologia (mesmo a acadêmica, grandíssima parte dela, a sua esmagadora parte) é mito, tanto quanto a religião. Funciona porque ainda movimenta peças sociais relevantes: Estados, cidades, famílias, pessoas...
3. Enquanto essas peças forem movidas por esse mito - Teologia, religião - a Teologia e a religião permanecerão.
4. Elas já teriam desaparecido, na forma como são, hoje, se os homens tivessem outra fase, na qual usariam outras estratégias que não o mito teológico. Quando crianças, usam o mito de Papai Noel, quando adultos, a Teologia e a religião e, nessa terceira fase, que não há, outra coisa, talvez, outro mito. Mas não há, de modo que os homens entram na fase do mito teológico e morrem nele - vão para o céu, o inferno, reencarnar, ressuscitar, ir para o Nirvana...
5. Eu acho que, dentro de algumas décadas, muitas, não menos do que cem anos, talvez bem mais, a Teologia e a religião sofrerão transformações profundas - e não duvido que a primeira delas, todavia, a mais importante, seja a sua tomada de consciência de que é imaginação, fantasia, poesia e nada mais.
6. Hoje, se um teólogo ou religioso dá-se conta disso, acaba a brincadeira - caso ele não se transforme num simples pesquisador. Mas isso é apenas porque o teólogo e o religioso não têm a consciência de que já é fantasia, mesmo quando ele acha que é real.
7. No futuro, todavia, acredito que todo religioso saberá que sua religião é como um filme de cinema - alegra, comove, conforta, dá medo, mas é uma peça de ficção. Funciona no nível psicológico, mas sem realidade física...
8. Chegaremos lá.
9. Alguns, já chegaram.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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