1. É. Claro que é. Mas - e essa me parece a questão: a violência é de causa moderna?, é um fruto da modernidade?, nasceu com ela? A resposta é um sonoro não.
2. Talvez o que seja realmente fruto da modernidade seja justamente a publicização do discurso democrático, da valorização dos pobres, um eco programático de certo campo cristão, nunca antes levado a termos, contra o qual se insurgiram nobres e governos entre os séculos XVII e XIX, na luta pela manutenção do status quo.
3. Se há um incremento da capacidade de matar na modernidade, e há, é apenas porque a modernidade permite ao homem fazer-se maior, mais forte, mais poderoso - compare-se um tanque de guerra e o Hubble - nesses termos, a mesma coisa: um soco mais forte, um olhar mais profundo.
4. Há uma ambiguidade civilizatória na modernidade? Há - somos melhores do que nunca e somos piores do que nunca - mas isso se dá porque a modernidade põe nas mãos do homem condições poderosíssimas, para as quais seu "espírito" não está pronto - mas imaginem-se essas condições, para a qual uma sociedade de igualdade, liberdade e fraternidade não está pronta nas mãos de uma civilização pré-moderna, que não se constrange de ir a público, como fazia Kierkegaard, e a instituir como o fundo da cozinha o lugar dos homem não-nobres?, dos pobres?, de 99% da população, então...?
5. Sinto um tremendo desconforto diante desses discursos que culpam a modernidade pelos males do homem. Às vezes, sinto que há interesses nisso.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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