quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

(2013/153) Porque a distância torna tudo tão belo...


Conta-se que em 1642, numa cidadezinha de Portugal, ainda herdeira de certa arquitetura árabe, com pelo menos uma mesquita remanescente, um padre encantou-se com uma famosa sociedade esotérica e dedicou-lhe umas quantas leituras de monografias. Mas só lia.

Uma tarde, deu-lhe na cabeça que talvez fosse interessante participar de alguma atividade no santuário local da sociedade.

Visitou. Agendou. Participou.

Foi, ele registrou em seu diário, uma experiência interessante.

À saída, o seja-lá-qual-for-o-nome convidou-o a se filiar à sociedade local e a participar de suas reuniões...

O padre pôs a mão sobre o ombro do funcionário e lhe disse algo assim:

_ Por trinta e dois anos sou padre e conheço por dentro e por fora todas as desgraças de minha própria sociedade. De perto, todas elas são assim: envelhecidas e tristas, cheias de mazelas e hipocrisias... Se queremos que minha visão de sua sociedade permaneça assim, mítica, melhor que eu não participe dela: a proximidade me revelaria que onde quer que entremos, os mitos desaparecem, se temos olhos para ver...

E se foi.

Quando pensa naquela sociedade, ainda tem dela uma visão como que de algo na bruma...




OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente reflexão professor porque inevitavelmente foi minha experiência, entretanto, levei quase todos os meus dias de vida para perceber que assim se sucede. Basta ler e compreender a dimensão da verdade que você quis compartilhar conosco e mais palavras para que?

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