domingo, 2 de dezembro de 2012

(2012/843) Fragmentos facebookianos

I.

É um fenômeno interessante - os monoteístas são os únicos religiosos do planeta (que eu saiba) que não sabem o nome de seu Deus...

No fundo, deriva do mesmo fenômeno histórico, com dois desdobramentos, um cristão e um muçulmano.

Não vale retrucar, alegando que o nome sagrado é YHWH, por isso são consoantes e não há mortal que saiba como pronunciar isso - uns falam Jeová, outros Yahweh, outros, J
avé, outros, Yahuh, mas ninguéwm sabe como se pronunciava, à época...

A "explicação" mais sem-vergonha que há é que era "respeito" - tinha-se tanto respeito pelo Nome, que não se usava...

Bem, o AT usa mais de 5.700 vezes o Tetragrama... "Respeito" estranho, não?

Ah, e claro, se você correr na Internet, vai encontrar quem jure saber a pronúncia... Acredite: você vai sentir vontade de acreditar...


II.

Não vai acontecer é nunca, never, nunquinha de dia nenhum, mas, não seria sensacional se, no meio desses sermões despudorados de tronchos, Deus aparecesse em pessoa e dissesse bem alto: "_ Cala boca, seu desinfeliz, que eu não falei nada disso?"...

Ah, ia ser fenomenal...

Mas pode esquecer, não vai acontecer é nunca... Não importa o tamanho da asneira que se diga, Deus vai deixar por isso mesmo.
..

O que faz bastante sentido: porque se ele não faz nada na hora dos estupros e dos assassinatos de mulheres, porque ia se meter nessa coisa de pregação?

A coisa perde assim meio que o desencanto, quando você raciocina dessa forma, mas faz você encarar a vida de frente: somos nós e nós mesmos - ou a gente se ajuda, ou tamo tudo é lascado...


III.

Uma praga veterotestamentária de um desqualificado para as artes agourentas de Balaão:

Não, não quero que a oposição acabe...

Não, não quero: quero que se levante uma oposição altiva, séria, nobre, com moral, respeitável - o que não temos.

Assim, fique claro: quero uma oposição à Dilma, ao Governo, a esse e ao próximo, ao próximo e a todos os que vierem depois dele - de que lado sejam.

Mas que
ro - é meu desejo - que essa oposição que aí está, de FHC à Globo, passando por todos os demais, principalmente pelas canetas amestradas dos jornalões, todos, explícitos e implícitos, sequem e esturriquem, e o pó em que se tornem escorra para a latrina da História...

Pronto.

Soltei a praga...

Juro que esperei pela mula...

Mas ela não me barrou a maldição...

Vai ver a mula era eu mesmo...


IV.

A prova de que meia dúzia de palavras teológicas profundas não significam nada, mas absolutamente nada, é o fato de que o escritor de um dos livros de Teologia mais "profundos" dos últimos 200 anos, Temor e Tremor, Sören Kierkegaard, era alguém que escrevia, sem constrangimentos, que o povo, a gente pobre, não devia nem podia ler jornais, porque logo logo acharia que tinha ideias a expressar...

Não me deixarei enganar por palavras bonitas e profundas...

No fundo delas, pode morar um anjo que sente nojo de gente...

Não vou brigar com meus instintos por que me protegem da "fé" - vou agradecer a eles a porção de sanidade que me resta...

Pobre, preto, puta, mulher, gay - cada teólogo e crente tem seus ódios guardados no peito: e ele vaza e transvaza em livros de piedade...


V.

Veja, você pode ler algures: "'Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro'. I Jo 4.19 (RC). Deus não ama incondicionalmente: Deus ama para ser amado".

Não importa quem o disse, porque não quero polemizar com quem disse - importa o que está dito. Tenta-se me fazer crer/entender que Deus ama "para ser amado", e essa declaração se tira de 1 Jo 4,19. O texto bíblico diz que nós amamos a Deus porque ele nos amou primeiro. O texto não está falando que Deus nos ama para que o amemos - o texto está dizendo outra coisa: que nós o amamos porque ele nos amou. A razão pela qual Deus nos teria amado nem por um segundo passa por "esse" texto... E, no entanto, quer-me fazer crer/entender numa coisa que supostamente está nesse texto. Se eu não sei ler ou se eu leio mal, sairei por aí a repetir...

E assim se faz um Cristianismo "bíblico"..


VI.

O problema dos argumentos e das declarações apologéticas, isto é, carregadas de interesse ideológico, é que a ideologia nunca captura a realidade inteira - ela deixa sempre um imenso pedaço do real de fora. 

Por quê? Porque a ideologia não é a pergunta pelo que o real é: é o esforço de fazer com que se acredite que o real é do jeito que se está dizendo.

A ideologia é o advogado no tribunal - sempre: ou é promotor ou é defensor.

No face, o leitor precisar ser juiz - porque é a ideologia a pipocar segundo a segundo, imagem a imagem, na sua tela.

E isso faz da vida de quem deseja "comentar" muito fácil, porque, uma vez que a ideologia é um cobertor curto demais para o defunto, é de extrema facilidade apontar os pés do morto que ficaram para fora...





OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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