(2012/556) "Os intelectuais" e o PT - porque de intelectual e de purista o mundo está cheio
No final da ditadura, ali pelo meio dos anos 80, quando as prisões, legais (poucas) e ilegais (muitas), já haviam quase acabado, todo começo de noite podia-se ir à Cinelândia, no centro do Rio, e tomar um chope nos bares da praça, discutindo política. O local fervilhava. Ali, todo dia, se decidia como e quando se faria a Revoluçao. Essa gente formava a elite intelectual dos partidos de esquerda. Eram os "pensadores" do socialismo e dos meios para chegar lá. E saiam dali bêbados, ou quase, para ir dormir mais uma noite revolucionária. Ações práticas, que é bom, nada. Só análises, discussões, e, no final, culpar a ignorância e venalidade do povo, que se deixava comprar por tijolos ou dentaduras.
Quando o PT nasceu, nasceu lotado dessa gente. É verdade que, sendo eles relativamente muitos e muito divididos em grupos, a despeito do autoritarismo inerente ao seu modo de pensar, produziram uma notável democracia interna no partido. E enquanto essa gente teve importância e domínio sobre o PT, o partido se viu isolado da sociedade, tendo inclusive um fracasso retumbante na sua primeira eleição. Quando, afinal, a visão pragmática e mais próxima do que o povo de fato anseia começou a tomar conta do partido, trataram de sair (ou serem saídos), não sem fazer um imenso escândalo, exatamente na imprensa burguesa...
(R. Godinho)
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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