1. Sim, eu já fui fundamentalista. Muito. Normalmente, ao converter-se, você se torna fundamentalista. Dependendo da igreja em que se converte, torna-se um super-fundamentalista.
2. Converti-me batista. Danei-me. Ultra-mega-power fundamentalista. Pior do que eu, só um calvinista.
3. Eu era bastante "livre" antes da conversão, bem eclético. Mas muito maleável. Um poço de insegurança. Mal formado psicologicamente falando. Crédulo. Religiosamente aberto - susceptível. O fundamentalismo dançou sua dança macabra em mim., os diabos todos do fundamentalismo pisaram seus cascos sobre mim.
4. Foi o Seminário que me libertou - o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Ironia? Mas foi. E talvez eu pudesse datar isso: 1990, 1991, por aí. Não foi "bum"!, liberto, foi aos poucos. Uma doença grave ajudou a acelerar o processo. Em 1992 já estava livre. Formei-me livre. Quando me converti, perdi todos os amigos. Quando me libertei, quase todos.
5. A Internet só veio muito tempo depois. Se tivesse vindo antes, eu teria escrito muita asneira na web, coisas que não se apagam nunca, e hoje, depois de minha libertação, sentiria muita vergonha. Quando lembro as coisas em que eu acreditava, Deus do céu, que vergonha! Imagine ter isso escrito para todo o sempre? Deus, me matava. Já dei curso - Bel presente! - de dispensacionalismo escatológico!
6. Hoje eu sei que posso estar escrevendo alguma besteira: mas o registro é outro. Não falo em nome de Deus, com a arrogância própria dos ortodoxos que, se espirram, é um espirro revelado. Tudo que escrevo escrevo com confiança, mas, quem sabe?, vai que tem algo errado. Se tem, não tem problema: corrijo e sigo em frente. Talvez eu tenha que melhorar meus arroubos - ainda me sinto enraivecido pela patifaria religiosa que impera à minha volta, e eu devia é estar indiferente. Devo cuidar disso - tornar essa patifaria transparente, invisível, que se dane (olha o arroubo aí)...
7. Mas, Deus do céu: quanta asneira está escrita na web: um monte de gente falando como que de uma perspectiva que lhes desse acesso a Deus - e cada asneira maior que a seguinte, de todo tipo, de toda cor. É a liberdade da promiscuidade revelada...
8. Eu não sei se torço para que esse pessoal se liberte - o que vai fazer com que morram de vergonha, depois, quando lerem as sandices que escrevem, ou se desejo, para que não sofram nunca da vergonha mortal de se ver depois de escrever asneiras para o mundo, que fiquem assim, entoupeirados para sempre, enterrados na terra e cegos de si mesmos, felizes com suas crenças de que lhes fala à boca e lhes escreve à mão um como que divino Espírito...
9. Quanto a mim, "graças a Deus" a web atrasou dez anos...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
3 comentários:
E aí, Osvaldo?
Desculpe aí estar toda hora querendo dar um pitaco no que você escreve. Talvez seja mais necessidade minha de tentar, escrevendo, colocar em ordem na minha cabeça tanta informação que tenho recebido lendo aqui os seus posts.
Lendo você falar agora em fundamentalismo eu me lembrei que fui fundamentalista em tudo de que fiz parte desde que comecei a buscar o "Sagrado".
Catolicismo, Budismo, Espiritismo, Evangelicalismo. Um ano na Universal e 7 na Maranata - esta que você deve ver mais amiúde aí em Vitória - ajudaram em muito a piorar isso.
De 2008 pra cá visitei aqui e ali, veio o calvinismo e, a Igreja Batista Regular, mais fundamentalismo.
Aí me dei conta que, ao contrário de você, nunca fui livre... não mesmo!
E como mais de 40 anos preso aos fundamentos faz difícil alçar vôo!
Vou lendo, refletindo - não pára de escrever, não, hem? - já em pé à beira do penhasco...
Às vezes acho você um chato de tão coerente, muito real para o mundo em que vivemos, ou melhor, para o "meu" mundo. Colocando minhas fantasias à parte, o que me move a ler-te é a ânsia por estudar. Gosto muito das palavras, de onde elas vieram e o que significam no real, mas porque não podem ser transformadas, é tão bom "poder" transformá-las... e assim como elas existem boas e más, também as transformamos em boas e más, sei lá, eu acho, elas são mágicas! se as coisas mudam, por que não as palavras? (entendo que isso é perigoso, mas tenho dificuldades em outras opções, td é perigoso, não?)
Tá, não vou exagerar concordando com fundamentalistas, não ao extremo, mas será que existe um meio termo? Essa realidade "crua" não dá pra mim, não. Sabe aquele "fico com Jesus"? Ainda estou resumida nisso, não resumindo meu Jesus, mas o meu entendimento. E ainda teimo em ler Peroratio...rs.
Abraços, professor.
Liana, de Edgar Morin: "enquanto não entendermos, nossos espíritos estarão desarmados". Não se iluda: a moda pós-moderna é moda de controle social, anestesia geral nas consciências. Ser chato, absurdamente chato, é a única forma de resistência no campo teórico. Não sou chato por opção: o que está ao meu redor me impõe ser chato. E sou. Para sobreviver.
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