domingo, 4 de março de 2012

(2012/253) Narradores de Javé

1. (Parte 1) Uma cidade que vai ser inundada pela barragem. Um povo desesperado para salvar sua terra, sua memória. Oral - não têm nada escrito. Mas, se escrevem, vira patrimônio. Se científico, salvam a cidade. Então é escrever. Mas quem sabe as letras? Só um. Antonio Biá. Morto em 1950. Nascido em 2025.

2. (Parte 2) Mas não há de ser tão fácil. Os moradores de Javé querem é o couro ralado do Antonio Biá. Que vai, vai, mas vai no tranco, com muito solavanco. Dão-lhe um livro desses de atas. Ele tem um lápis e deve começar sua escrituração. Mas o cabra é malandro que só ele. Na primeira oportunidade, quer é o cangote de Tetê - e, quando o pai pega os dois no flagra, a saída é começar a Odisséia de Javé por ele mesmo.

3. (Parte 3) Mas cadê que ele escreve?! O pai de Tetê dana a contar uma história de Indalécio, dado fundador de Javé, e seu povo e umas coisas de bois, mas Biá escreve é nada, inventa outra história mais creditosa, diz ele, mais ao estilo de Grotius, assevera. Mas escrever que é bom, nada. E, depois, tem aquilo de o barbeiro lhe oferecer umas barbas cortadas em troca de pôr lá uma história de bem-feito. É outro que vai ficar a ver navios. Alguém tem que pôr marcação em cima desse Biá...

Narradores de Javé - parte 1/10

Narradores de Javé - parte 2/10

Narradores de Javé - parte 3/10





 OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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