(2012/094) Da guerra entre a mídia e os blogs sujos - uma guerra a ser enfrentada no campo dos valores

1. Quem lê os blogs sujos, isto é, os blogs não alinhados com a grande mídia - e há milhares deles na Internet, alguns já famosos, pode concordar com o que vou dizer: há, nesse instante, uma guerra entre a mídia e os blogs alternativos, os chamados sujos (Serra assim os chamou!). Uma guerra.

2. A guerra se trava no campo ideológico. As armas são informação e contra-informação. A mídia, que deveria tratar com informação, há décadas trabalha com manipulação - no que a Globo é campeã. Não se trata, aí, de informar, mas de formar, como que informando.

3. Os blogs sujos entram batendo duro na mídia, desdizendo praticamente tudo que ela diz, apresentando outras versões em torno dos mesmos fatos e, às vezes, outros fatos, escondidos pela mídia.

4. Porque a mídia trabalha manipulando interpretação de fatos e/ou escondendo fatos, além de supervalorizando uns que lhe interessam, pondo outros para debaixo do tapete.

5. Trata-se de uma guerra ideológica. Político-ideológica.

6. O leitor e ouvinte está perdido no meio dessa guerra. Se não dispõe de instrumentos para analisar, verificar, conferir, sopesar - não tem como decidir.

7. Os fatos se avolumam, as matérias se multiplicam, as contra-informações sobem à casa dos milhares: e o leitor se perde. Não há como acompanhar o avanço das tropas. O efeito na consciência do povo é tremendamente imobilizador.

8. Primeiro, porque não temos nós mesmos como verificar os fatos, e eles são muitos.

9. Depois, porque as interpretações nunca estão nos próprios fatos, mas nascem da construção teórica que aplicamos sobre eles - que pode ser no máximo da honestidade de tentar compreendê-los em sua dimensão fática ou deturpá-los no máximo de nossa intenção política.

10. A nós, leitores, quer-me parecer, só cabe uma saída: decidir com base em valores - qual dos dois lados dessa guerra está lutando a partir de valores (ao menos declarados) populares, na defesa do povo, das camadas menos favorecidas, dos excluídos, da população, enfim?

11. O caso Pinheirinho é emblemático disso: de um lado, a mídia, a defender a desapropriação em nome da Lei de um bairro de 6.000 pessoas, favorecendo um mega-especulador: Naji Nahas. De outro, os blogs sujos (e ao lado deles a sociedade civil!), condenando ruidosamente a desapropriação, pondo-se do lado de 6.000 pessoas. De um lado, bilionários. De outros, pobres.

12. É só decidir. pelo valor.

OSVALDO LUIZ RIBEIRO