quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

(2012/051) Cinco ou seis - no mais, mais do mesmo



1. É uma intuição. Para virar tese, dependeria de pesquisa e fundamentação. O que não farei. Logo, fica a intuição que, na prática, acho que vivencio. Formulo-a: trate-se de livros ou de pensadores, originais, independentes, que têm alguma coisa mesmo a dizer são cinco ou seis. Os demais são, apenas, carregadores de andor. Algumas vezes, bons carregadores de andor. Outras, nem isso.


2. Nem todos os pensadores são pensadores. Pensadores são os que pensam acima, para além do que está dado. Na Idade da Pedra, a pedra aí, espalhada, ele vem com cobre. Na Idade do Cobre, cobre a dar com pau, ele vem com bronze. Na Idade do Bronze, montanhas disso, ele vem com ferro... Pedra é bom, cobre, excelente, bronze, nem se fala, ferro, Deus do céu! Não se trata do valor das Idades, mas do fato de que os pensadores pensam o hoje/amanhã - farejam no ar os esporos do futuro, antecipam-se, são homens e mulheres que vivem fora do tempo - e não no passado (os teólogos), mas no futuro, amanhã...

3. Cabe ao restante dos mortais constituirmo-nos bons carregadores desses esporos: ler bem, compreender adequadamente e transmitir com propriedade. Nada pior do que um carregador de andor metido a pensador. Fez mal seu dever de casa: não entendeu quem leu, não leu direito, e ensina pior ainda. Faz mal o que pensa fazer, porque não pensa direito. Melhor um bom carregador de andor do que um mau pensador, uma fraude pedagógica e filosófica. E entendam-me: são mais úteis os carregadores de andor do que os pensadores - porque pouco acesso aos pensadores, que são poucos, teremos, dependendo para isso, então, dos trabalhadores braçais, utilíssimos!

4. Isso vale para os livros. Há livros inúteis, absolutamente desnecessários. Lede tudo, certamente, mas, então, estejamos prontos a perder tempo: muito do que se lê é perda de tempo. Naturalmente que não estou me referindo á leitura-distração: aí, se você se distrai, e é isso exatamente que quer, parece que escolheu bem o passatempo. Falo, todavia, de leitura informativa/formativa. Essa, ou se escolhe bem, ou se corre o risco de deformação.

5. O desafio é, em nossa geração, sabermos identificar quem são os pensadores que devem ser lidos... E que coisa terrível cairmos na mão de professores que nos fazem crer orientar-nos, quando, na realidade, estamos diante de maus carregadores de andor a fazer de conta que são pensadores... Aí, ou um milagre nos salva, ou vamos morrer desenganados... pior, iludidos...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

Anônimo disse...

Osvaldo,
se esse seu texto tivesse sido publicado antes da lista de livros eu teria sabido porque insisti no pedido da mesma.
Apesar do perigo das listas, você nos aponta pensadores e bons carregadores de andor, nos ajudando a não perder tempo - ou a perder menos tempo, já que também nos orienta a não seguirmos sua lista, mas irmos à nossa.
De qualquer forma, de novo, valeu pela ajuda.
Abração!

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