1. Outro dia, fui chamado de burro. E devo ser. Muito, muito burro. Eu não sei ler. Também me foi dito isso. Leio errado os que os outros escrevem. Vai ver é isso mesmo - burro, duas vezes burro. Todavia, mais do que burro, trata-se de ser um burro teimoso...
2. Um estudo de caso, que demonstrará, cabalmente, minha burrice. Tomo nas mãos o livro organizado por Ivan Domingues, Conhecimento e Trandisciplinaridade II - aspectos metodológicos. Na p. 319, começa um artigo de M. L. Ramos, "Um Domínio Poético na Teoria da Autopoiese". Li-o. A certa altura, depois de confirmadas minhas suspeitas a respeito da "perda de rumo" de Maturana e Varela (depois de um revolucionário começo biológico, aproximam-se do orientalismo não-fundacional), deparo-me com essa declaração:
3. "A teoria da autopoiese, partindo de uma visão materialista do homem e do meio ambiente, não é realista, por não atribuir a esse meio uma objetividade e uma existência em si, como reinvidicam as ciências naturais.
Pelo contrário: tudo que é dito, é dito por um observador, de tal forma que não existe mundo independentemente de uma determinada experiência. Não se trata de negar a existência de uma realidade exterior, mas sim de afirmar que essa existência só é possível através de um processo constituído pela interação entre um sistema vivo e o seu ambiente" (p. 324-325).
4. Entendi o que li? A "existência de uma realidade exterior" a mim, depende do processo de interação entre o meio ambiente e eu mesmo? Sério, é? Quer dizer que eu estou vivo desde o Big Bang? Significa que a "vida" é tão antiga quanto a Tabela Periódica? Quer dizer que é a minha consciência, minha interação, "eu-ação-no-ambiente" que defino a existência desse "mundo"? Puxa vida!
5. Bem, se mundo, aí, é a minha concepção/representação de mundo, vá lá - choveu-se no molhado. Mas se mundo aí é a Tabela Periódica, pelamordeDeus!
6. Vai ver li errado. Ramos não disse que, "ao contrário" do que dizem as ciências naturais, não há alguma coisa lá fora, não há o mundo-em-si (é maya!) - quem o diz é a Autopoiese! - com a tautologia e o paradoxo de dizer que o que me organiza sou eu mesmo, mas que, para eu me organizar, já tem de ser eu, mas, se eu não sou eu antes de me autoorganizar, mas sou fruto da auto-organização, como pode ter sido que "eu" tenha me auto-organizado? Não - mil vezes, não. A minha auto-organização se deu antes de mim, antes da vida, pela matéria inorgânica e real, que existe anterior a e independentemente de mim...
7. Não, Ramos diz que não está dizendo que não há realidade lá fora, mas, sim, que é a minha interação com ela que a faz existir!: "Não se trata de negar a existência de uma realidade exterior, mas sim de afirmar que essa existência só é possível através de um processo constituído pela interação entre um sistema vivo e o seu ambiente". Não é isso que está escrito? O que me faz pensar que os japoneses criaram o terremoto - numa histeria coletiva, "interagiram" com a placa tectônica, e, pela força própria da cultura japonesa, fizeram a terra tremer...
8. Na verdade, nesse momento, por força de nossa interação com eles, os sóis todos do Universo produzem, na fornalha infernal que são, os elementos químicos da Tabela Periódica. Somos deuses! Como o galo que canta e faz, cantando, o sol nascer, Ramos me diz que o mundo é mundo graças a mim! Louvado seja Deus!
9. Devo ser burro mesmo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Um estudo de caso, que demonstrará, cabalmente, minha burrice. Tomo nas mãos o livro organizado por Ivan Domingues, Conhecimento e Trandisciplinaridade II - aspectos metodológicos. Na p. 319, começa um artigo de M. L. Ramos, "Um Domínio Poético na Teoria da Autopoiese". Li-o. A certa altura, depois de confirmadas minhas suspeitas a respeito da "perda de rumo" de Maturana e Varela (depois de um revolucionário começo biológico, aproximam-se do orientalismo não-fundacional), deparo-me com essa declaração:
3. "A teoria da autopoiese, partindo de uma visão materialista do homem e do meio ambiente, não é realista, por não atribuir a esse meio uma objetividade e uma existência em si, como reinvidicam as ciências naturais.
Pelo contrário: tudo que é dito, é dito por um observador, de tal forma que não existe mundo independentemente de uma determinada experiência. Não se trata de negar a existência de uma realidade exterior, mas sim de afirmar que essa existência só é possível através de um processo constituído pela interação entre um sistema vivo e o seu ambiente" (p. 324-325).
4. Entendi o que li? A "existência de uma realidade exterior" a mim, depende do processo de interação entre o meio ambiente e eu mesmo? Sério, é? Quer dizer que eu estou vivo desde o Big Bang? Significa que a "vida" é tão antiga quanto a Tabela Periódica? Quer dizer que é a minha consciência, minha interação, "eu-ação-no-ambiente" que defino a existência desse "mundo"? Puxa vida!
5. Bem, se mundo, aí, é a minha concepção/representação de mundo, vá lá - choveu-se no molhado. Mas se mundo aí é a Tabela Periódica, pelamordeDeus!
6. Vai ver li errado. Ramos não disse que, "ao contrário" do que dizem as ciências naturais, não há alguma coisa lá fora, não há o mundo-em-si (é maya!) - quem o diz é a Autopoiese! - com a tautologia e o paradoxo de dizer que o que me organiza sou eu mesmo, mas que, para eu me organizar, já tem de ser eu, mas, se eu não sou eu antes de me autoorganizar, mas sou fruto da auto-organização, como pode ter sido que "eu" tenha me auto-organizado? Não - mil vezes, não. A minha auto-organização se deu antes de mim, antes da vida, pela matéria inorgânica e real, que existe anterior a e independentemente de mim...
7. Não, Ramos diz que não está dizendo que não há realidade lá fora, mas, sim, que é a minha interação com ela que a faz existir!: "Não se trata de negar a existência de uma realidade exterior, mas sim de afirmar que essa existência só é possível através de um processo constituído pela interação entre um sistema vivo e o seu ambiente". Não é isso que está escrito? O que me faz pensar que os japoneses criaram o terremoto - numa histeria coletiva, "interagiram" com a placa tectônica, e, pela força própria da cultura japonesa, fizeram a terra tremer...
8. Na verdade, nesse momento, por força de nossa interação com eles, os sóis todos do Universo produzem, na fornalha infernal que são, os elementos químicos da Tabela Periódica. Somos deuses! Como o galo que canta e faz, cantando, o sol nascer, Ramos me diz que o mundo é mundo graças a mim! Louvado seja Deus!
9. Devo ser burro mesmo...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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