sexta-feira, 11 de março de 2011

(2011/165) In the air tonight - o som de minha adolescência solitária


1. Fui um adolescente pobre e solitário, criado dentro de casa, sem contato com outras pessoas que não meus irmãos - descontada a escola, naturalmente. Mas era de casa pra escola, da escola pra casa. E portão trancado. Um dia, ouvi essa música na rádio - o som incorporou-se em cada célula do meu copo, seu timbre, sua cadência, sua percussão. Não tínhamos vitrola nem discos, à época, só rádio, e era muito raro que ela tocasse. Quando eu a pegava no ar, era sempre pela metade. Mas se dava pra flagrar ainda a virada da bateria (no vídeo, aos 3:16 minutos), eu ia no céu, beijava a face de Deus, e voltava... Aquela virada de bateria era um sacramento - e eu nem sabia!

2. Por isso foi fácil a crítica teológica e bíblica para mim. Nunca precisei da doutrina para beijar as faces de Deus. Fui doutrinado à parte de já ter beijados as divinas faces, de modo que doutrinas, para mim, eram como bandeirinhas de São João - depois da festa, ficam velhas, e se joga fora.

3. Fico profundamente penalizado com a massa evangélica, tão idólatra da doutrina, do dogma, das verdades de catequese, crentes nisso como deus - como "Deus", o que é pior. Compreendo que seja difícil para a maioria, vítima de um sistema cateqúetico anti-ético, desumano. Todavia, quem teve Phil Collins como "evangelizador", pode dispensar Lutero e Calvino, se me entendem - e, se não, está mais uma vez explicado... E que pena!






OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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