1. Depois de ler Domenico Losurdo, Nietzsche, um rebelde aristocrata, vem-me à mente a idéia de que, afinal, Nietzsche poderia ter ligado o tema da morte de Deus à ascensão da democracia. Losurdo pinta Nietzsche como um aristocrata radical, contra-democrático, escravocrata, elitista e segregacionista, tudo de quanto eu detesto (e, ainda assim, gosto do filósofo).
2. A Revolução Francesa era, para Nietzsche, uma desgraça - a derrocada da civilização, a emergência da gentalha, da chandala, o fim da ordem natural. E isso tudo por conta da democracia. E, é fato, onde há democracia, os deuses deve(ri)m morrer...
3. Mas Nietzsche estava errado. A despeito da democracia, Deus não morreu, nenhum. A despeito dos deuses, a democracia foi inventada, e tenta-se praticá-la. Não é uma conta fácil de fechar. Deus, por exemplo, abomina certas coisas, e, na hora do voto, Deus dá instruções: não foi assim ano passado, quando Cerra transmitia aos eleitores a perfeitíssima idéia de que Deus abomina aborto, homossexualismo, essas coisas todas, fazendo eco com a multidão dos pastores midiáticos e youtubiáticos? Então - Nietzsche achou que Deus estava morto, porque a democracia nascia: e, no entanto, a democracia era mais uma forma, das muitas, de Deus ser usado para o controle da população.
4. Uma aluna do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Mileidy von Rondon, defendeu uma dissertação de Mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública/RJ. Defendeu a tese de que o homem religioso não tem autonomia moral, logo, é incapaz de assumir atitudes e tomar ações morais/éticas - porque sua consciência está presa à idéia religiosa/dogmática divina, e obedece à sua injunção (Eutanásia, Autonomia Moral e Religião: investigação acerca do fenômeno de segmentação moral). Se Mileidy está certa, Nietzsche equivocou-se. Mas talvez apenas porque julgava que o que nascia era democracia mesmo, ao passo que era apenas um modo novo e dissimulado de manter as coisas no mesmo lugar... de os mesmos e antigos sacerdotes se perpetuarem, mas, dessa vez, pelo fortalecimento da massa: o que era demais para o gosto aristocrático de meu "adorável" filósofo...
2. A Revolução Francesa era, para Nietzsche, uma desgraça - a derrocada da civilização, a emergência da gentalha, da chandala, o fim da ordem natural. E isso tudo por conta da democracia. E, é fato, onde há democracia, os deuses deve(ri)m morrer...
3. Mas Nietzsche estava errado. A despeito da democracia, Deus não morreu, nenhum. A despeito dos deuses, a democracia foi inventada, e tenta-se praticá-la. Não é uma conta fácil de fechar. Deus, por exemplo, abomina certas coisas, e, na hora do voto, Deus dá instruções: não foi assim ano passado, quando Cerra transmitia aos eleitores a perfeitíssima idéia de que Deus abomina aborto, homossexualismo, essas coisas todas, fazendo eco com a multidão dos pastores midiáticos e youtubiáticos? Então - Nietzsche achou que Deus estava morto, porque a democracia nascia: e, no entanto, a democracia era mais uma forma, das muitas, de Deus ser usado para o controle da população.
4. Uma aluna do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Mileidy von Rondon, defendeu uma dissertação de Mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública/RJ. Defendeu a tese de que o homem religioso não tem autonomia moral, logo, é incapaz de assumir atitudes e tomar ações morais/éticas - porque sua consciência está presa à idéia religiosa/dogmática divina, e obedece à sua injunção (Eutanásia, Autonomia Moral e Religião: investigação acerca do fenômeno de segmentação moral). Se Mileidy está certa, Nietzsche equivocou-se. Mas talvez apenas porque julgava que o que nascia era democracia mesmo, ao passo que era apenas um modo novo e dissimulado de manter as coisas no mesmo lugar... de os mesmos e antigos sacerdotes se perpetuarem, mas, dessa vez, pelo fortalecimento da massa: o que era demais para o gosto aristocrático de meu "adorável" filósofo...
5. Mas talvez eu esteja sendo apenas um pouco exageradamente crítico. E, de mais a mais, é melhor viver hoje, numa democracia de fachada, do que nos tempos em que o discurso democrático não estava disponível como escudo e defesa. Deus está vivo - mas, graças à democracia de fachada, posso usá-lo também para a minha defesa, quando o usam para minha desgraça... Nos dois casos, entretanto, ele está vivo, bem vivo, da mesma forma como sempre esteve...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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