(2010/559) De Sergipe, Bel

1. Coisa pequena e menor, de tornar ainda mais pequena e ainda mais menor a pessoa que a pratica, pessoa mesquinha, atrasada, essa coisa de racismo - e aqui quero me referir especificamente a essa onda anti-nordestina que se propagou nos ambientes de classe-média, aborrecidíssimos que ficaram, coitados! (bem-feito!), com a vitória de Dilma Rousseff: aí, como não podem contra ela e contra as urnas, dão a grasnar asneiras e a zurrar imbecilidades Internet a fora, até caírem nas garras da justiça.

2. Pois bem - O Nordeste não precisaria ter feito mais nada, absolutamente nada, para merecer, de mim, toda a minha admiração, todo o meu respeito, toda a minha gratidão: porque o Nordeste deu-me... Bel. Bel é descendente de sergipanos, e, ainda de quebra, leva sangue capixaba nas veias. As terras morenas sergipanas só podiam ter cozido em banho-maria esse doce de canela em calda que é Bel, essa jangada sem leme, e foi o Sergipe, além do mais, dadivoso em colocar tal delicioso doce na mesa de um carioca e tal jangada em meu mar... Acho que por trás de todo racista há um pote de mágoa, um desamor terrível, uma infelicidade atroz, e, além disso, a incapacidade inexorável de ser feliz: o racismo é a vingança dos pequenos, dos insignificantes, de homens e de mulheres da estatura de percevejos - e com o mesmo odor... Já Bel, bem, Bel é um pote de perfume do vento, das areias, das águas e das palmeiras de Pirambu...



OSVALDO LUIZ RBIEIRO