1. Ra(re)tificando o Parecer CNE/CES n. 118/2009, o Parecer CNE/CES n. 051/2010 incluiu, entre seis eixos anteriores, um "eixo teológico" como um dos agora sete eixos que devem nortear a elaboração de uma grade de Teologia - no MEC. Escrevi sobre isso (aqui e aqui). Quando escrevi, avisei, estava tomado de mau humor. Ainda estou, mas é como rescaldo de incêndio.
2. Gostaria de explicar por que acho um equívoco a inclusão do "eixo teológico" no Parecer. Primeiro, deixe-me dizer que não me refiro aqui ao ato político de sua inclusão. Deve haver e há razões mil para que lá ele seja alocado. Que pressões! Foi por meio de ação política - tão-somente política - que a Teologia entrou no MEC - não será por outro meio que se manterá aí. Frase de efeito, logo se vê...
3. Refiro-me, contudo, ao uso pretensamente "técnico" do termo "eixo teológico". Porque, na prática, a Teologia não é "ciência" - em nenhum sentido com que se pretenda manejar a palavra "ciência". Teologia é racionalização - não racionalidade - de mito, seja a cristã, seja qualquer outra. E é assim porque ela é muito, muito antiga. Na boca de Platão e Aristóteles, e antes deles, Teologia e Filosofia eram a mesma coisa. Filosofia foi separando-se, fazendo-se cada vez menos "teológica", vale dizer, mitológica, até a sua completa emancipação. Teologia ficou (como) Mito. Nunca saiu disso. Mesmo - principalmente! - no Cristianismo...
4. Não era de se esperar algo muito diferente. A "racionalidade" não tem trezentos anos (refiro-me à "razão emancipada", bem se vê) - a Teologia, dois mil e quinhentos. A Teologia crê falar de e a partir de Deus - de a a partir dos deuses -, de modo que juntam-se, aí, a fome e a vontade de comer. Levará tempo uma eventual transformação da Teologia em - de verdade - ciência humana. De modo que, hoje, constituindo mito e confissão, a sua inclusão ao lado dos eixos norteadores, esses, sim, científico-humanistas, subverte a racionalidade de um modo que dificilmente se corrigirá. Como, em nome de Deus, um eixo científico caminhará ao lado do eixo teológico? Nunca... Salvo se, das duas uma, ou a Ciência se converter... ou a Teologia se perder...
5. Seja como for, lá vai ela, a fila dos teólogos, satisfeita, com seu eixo incluído. No papel, era quanto lhes bastava. Mas cá tem um teólogo desgostoso. Que se registre em ata, por favor.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Gostaria de explicar por que acho um equívoco a inclusão do "eixo teológico" no Parecer. Primeiro, deixe-me dizer que não me refiro aqui ao ato político de sua inclusão. Deve haver e há razões mil para que lá ele seja alocado. Que pressões! Foi por meio de ação política - tão-somente política - que a Teologia entrou no MEC - não será por outro meio que se manterá aí. Frase de efeito, logo se vê...
3. Refiro-me, contudo, ao uso pretensamente "técnico" do termo "eixo teológico". Porque, na prática, a Teologia não é "ciência" - em nenhum sentido com que se pretenda manejar a palavra "ciência". Teologia é racionalização - não racionalidade - de mito, seja a cristã, seja qualquer outra. E é assim porque ela é muito, muito antiga. Na boca de Platão e Aristóteles, e antes deles, Teologia e Filosofia eram a mesma coisa. Filosofia foi separando-se, fazendo-se cada vez menos "teológica", vale dizer, mitológica, até a sua completa emancipação. Teologia ficou (como) Mito. Nunca saiu disso. Mesmo - principalmente! - no Cristianismo...
4. Não era de se esperar algo muito diferente. A "racionalidade" não tem trezentos anos (refiro-me à "razão emancipada", bem se vê) - a Teologia, dois mil e quinhentos. A Teologia crê falar de e a partir de Deus - de a a partir dos deuses -, de modo que juntam-se, aí, a fome e a vontade de comer. Levará tempo uma eventual transformação da Teologia em - de verdade - ciência humana. De modo que, hoje, constituindo mito e confissão, a sua inclusão ao lado dos eixos norteadores, esses, sim, científico-humanistas, subverte a racionalidade de um modo que dificilmente se corrigirá. Como, em nome de Deus, um eixo científico caminhará ao lado do eixo teológico? Nunca... Salvo se, das duas uma, ou a Ciência se converter... ou a Teologia se perder...
5. Seja como for, lá vai ela, a fila dos teólogos, satisfeita, com seu eixo incluído. No papel, era quanto lhes bastava. Mas cá tem um teólogo desgostoso. Que se registre em ata, por favor.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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