domingo, 25 de abril de 2010

(2010/346) Da virada "iluminista" de Nietzsche


1. Ainda não posso falar dela. Losurdo ainda não a apresentou. Todavia, depois de 190 páginas de descrição exaustiva, carta a carta, caderno de preparação a caderno de preparação, livro a livro, do "jovem" Nietzsche - a rigor, quando ele pouco mais era do que um "estafeta" de luxo de Wagner, de modo que reproduzia muito do que o músico alemão "pensava" e dizia -, finalmente Losurdo deixa escapar uma já próxima "virada 'iluminista'" do filólogo-filósofo. Como, à época, a Alemanha está dividida basicamente entre dois "partidos" - democráticos, "otimistas", iluministas, moderistas, de um lado, e "trágicos", aristocráticos e contra-iluministas de outro, e uma vez que Nietzsche está até o pescoço enfiado neste último grupo, a distância dessa reconstrução e o Nietzsche que eu julgava conhecer dos livros que li e leio estava me surpreendendo e enlouquecendo. Agora, contudo, Losurdo antecipa a "chave" do enigma - Nietzsche experimentará uma virada "iluminista" - e é justamente essa virada iluminista que eu reconheço no filósofo que admiro, conquanto ele jamais - arrisco - abandonará a sua índole aristocrática e anti-democrática. Mas isso eu tolero...

2. Se você ainda não comprou Nietzsche, o Aristocrata rebelede, de Losurdo (Editora Revan), recomendo que o faça urgentemente.


OVALDO LUIZ RIBEIRO

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