1. Hans Jonas em sua obra O Princípio Responsabilidade – Ensaio de uma ética para a civilização tecnológica (Rio de Janeiro: PUC; Contraponto, 2006, 353p) está entre minhas leituras desta semana. Para este filósofo judaico-alemão, a ética tradicional no Ocidente, moldada, ainda que a contragosto, pelo esquema teleológico judaico-cristão, padece de um mal peculiar: a fixação na utopia positiva do futuro. Enquanto as conseqüências das relações humanas podiam ter seus efeitos previsíveis, elas podiam ser moldadas eticamente em termos de relações de reciprocidade de direitos e deveres. Com o advento da era tecnológica, especialmente no século XX com todos os seus malefícios, as intervenções humanas no seu contexto vital perderam a possibilidade da previsibilidade. A fixação na utopia positiva, na qual se espera sempre um futuro melhor, com promessas de paraísos terrestres, não pode mais ser mantida. Face à possibilidade de extinção da espécie, em termos físicos e em termos de sentido de vida, não se justifica mais uma aposta do tipo tudo ou nada no futuro. O futuro necessita ser visto sob o prisma da precaução, gerando a eficácia do princípio da responsabilidade nas ações humanas no presente, tendo em vista seus eventuais efeitos nefastos no futuro. O arquétipo desse ideário é a relação de pais com seus filhos, uma relação destituída de reciprocidade. É esse conjunto de reflexões que Hans Jonas designou de “princípio responsabilidade”.
2. O original do livro é de 1979. Embora radicado nos Estados Unidos, o autor o escreveu em alemão. Em inglês saiu cinco anos depois. No Brasil, a obra saiu em 2006.
3 O ideário do “princípio responsabilidade” de Hans Jonas teve recepção em muitos lugares pelo mundo afora, perfazendo hoje um lugar comum entre pensadores e ativistas das questões ambientais. A idéia da inclusão das gerações futuras nas preocupações éticas e decisões políticas no presente foi acatada inclusive na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, que trata do meio ambiente. Destaco um trecho de suas reflexões: “... a ética almejada lida exatamente com o que ainda não existe, e o seu princípio da responsabilidade tem de ser independente tanto da idéia de um direito quanto da idéia de uma reciprocidade – de tal modo que não caiba fazer-se a pergunta brincalhona, inventada em virtude daquela ética: “O que o futuro já fez por mim? Será que ele respeita os meus direitos” (p. 89).
4. A leitura vale a pena.
HAROLDO REIMER
2. O original do livro é de 1979. Embora radicado nos Estados Unidos, o autor o escreveu em alemão. Em inglês saiu cinco anos depois. No Brasil, a obra saiu em 2006.
3 O ideário do “princípio responsabilidade” de Hans Jonas teve recepção em muitos lugares pelo mundo afora, perfazendo hoje um lugar comum entre pensadores e ativistas das questões ambientais. A idéia da inclusão das gerações futuras nas preocupações éticas e decisões políticas no presente foi acatada inclusive na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, que trata do meio ambiente. Destaco um trecho de suas reflexões: “... a ética almejada lida exatamente com o que ainda não existe, e o seu princípio da responsabilidade tem de ser independente tanto da idéia de um direito quanto da idéia de uma reciprocidade – de tal modo que não caiba fazer-se a pergunta brincalhona, inventada em virtude daquela ética: “O que o futuro já fez por mim? Será que ele respeita os meus direitos” (p. 89).
4. A leitura vale a pena.
HAROLDO REIMER
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