quarta-feira, 21 de outubro de 2009

(2009/542) Parábola dos pardaizinhos


1. Voeja o bando de pardaizinhos, irrequietos, ávidos, quérulos, desejosos. Parecem articulados, o bando dos pardaizinhos, pardaizinhos de perto e de longe. Piri-piri-piri, pardoejam daqui e dali, excitadíssimos. Os corredores enchem-se de suas asas e de seus pezinhos ligeríssimos, seus biquinhos trinadores. As janelas, delas, entram e saem, em vôos pássaros apressados, um vai e vem, um entra e sai, o coraçãozinho deles a bater bum-bum a mais de duzentas por minuto, e subindo... Vão tomar banho de areia! Vão fazer a festa!

2. No teto, mora o ouriço. E ele olha, divertindo-se, o alvoroço das penas. Ri-se, mas não pode rir muito alto, que, se o pegam no forro do telhado, arrancam-lhe os espinhos do corpo...

3. Ele queria, coitado, subir até a cumeeira, e, de lá, gritar aos pregos que saltam de galho em galho o quão reveladora e divertida é a algazarra passarinha. Mas ele não pode. Tem seus segredos de forro de telhado...

4. Como terminará a história? Bem, logo veremos.


OSVALDO OURIÇO RIBEIRO
PS. o ouriço bem devia compreender a farra dos pardaizinhos, porque, afinal, talvez seja a faina de toda gente pardalar. Mas é que o ouriço não sabe fazer festa. Logo, deve considerá-la com uma ponta de inveja, vai ver. Mas esse tipo de festa não se há de ver o ouriço organizar.

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