1. Posso escrever vinte postagens, mas é quando Haroldo escreve que fico realmente excitado. No caso de Jimmy, penso que a cadeira quebraria, e eu cairia para trás. Quando acordasse do desmaio, veria que tinha sido um sonho... Já Haroldo, quando escreve, ainda que pouco (para meus padrões e minha ansiedade), meu coração bate - seja de alegria, seja de curiosidade. Terá aprovado meus devaneios? Terá se aborrecido? Dessa vez - terá ele se dado conta de que escreveu a postagem de nrº 500 de Peroratio?
2. Se possível fora repetir os adágios da infância da consciência, mas, esteticamente, anda posso, diria que sua boca fosse a de mil anjos. Eu quero tornar-me historiador, Haroldo. Mas não sou - não ainda. Penso que esteja a um passo, tanto no que diz respeito ao direito, quanto ao fato.
3. De direito, essa semana que o dia de hoje abre tem alguma chance de me garantir o desejo - faço a prova na Rural, você sabe. Acho até que sua declaração cripto/pseudo (escolhe) profética brinca, fraternalmente, com essa informação, que você detém. Chances há. Mas só a terça dirá, e, se passar de segunda, então só a sexta...
4. Quanto ao fato. Bem, sem que eu soubesse, venho me preparando para uma guinada historiográfica. Você foi uma das dobradiças, você sabe... Tornei-me professor, primeiro, de Hermenêutica. Desde sempre, de Metodologia. Recentemente, de Epistemologia. Minhas veias deixam correr Morin, complexidade e transdisciplinaridade. Penso estar maduro (ou quase). Para a prova de Historiografia e Teoria da História, quase tudo já tinha lido e comprado. Comprei só o atualíssimo.
5. No outro extremo do espectro, apaixonei-me por Ginzburg e o paradigma indiciário. Aliei a isso a minha experiência com Exegese e uma atenção heurística dedicada à Fenomenologia da Religião - daí saíram Nehushtan e A Cosmogonia de Inauguração do Templo de Jerusalém. São trabalhos feitos em ambiente "teológico", mas que são, funamentalmente, histórico-fenomenológicos - sobretudo, indiciários...
6. Quanto à profecia, meu amigo, escrevi as duas postagens mais pesadas de Peroratio até aqui. Não se trata de uma bravata, mas de uma nudez. Não posso aplicar o que disse à profecia bíblica, a nenhum deles, a nenhuma delas - que, você sabe, leio-os, contudo, como a homens e mulheres, e não como a oráculos. Em tudo, concordo com o que você disse. Quando disse o que disse a respeito de profecia, disse-o em relação ao homem contemporâneo, duzentos anos depois de Kant, cento e cinqüenta, depois de Feuerbach e Marx, cem, depois de Freud, tantos, depois de Schopenhauer, Nietzsche, Dilthey, Peirce, Heidegger - Morin. E nem fala das ciências duras...
7. Eventualmente o homem não leu nada disso: não devia ter-se metido em teologia, então. Meteu-se: está bem, peca por ignorância. E, contudo, a despeito do "direito germânico", leva multidões para o buraco... Leu-os? E, ainda assim, abre a bocarra escancarada e cheia de dentes teocráticos? Cínico! Canalha! Tudo se resume a isso: ou se entrou por Kant, ou se ficou na Idade Média - com todos os riscos que isso carrega consigo. Todos. Méritos? Você vê algum? Se nem Gottwald, você se lembra, gostaria de trocar sua Califórnia pela "idade de ouro libertária das tribos israelitas", quanto mais, nós, pelo barroco e o gótico...
8. Quem me arrancou aquelas postagens foi um blog de um pastor que se diz evangelical, ele e um outro grupo de pastores que igualmente assim se chamam, para, sempre, diferenciarem-se dos demais. Eles, os bons, os outros, os maus. Eles, os éticos, os outros, embusteiros - pois eu digo que embusteiros eles o são mais do que aqueles, porque leram todo o XIX, aqueles, não. Se leram, cospem-lhe na cara. Mas os "evangelicais" até estudam em instituições "progressistas"... Mas vá a uma de suas igrejas, amigo, e verás o que sai daqueles púlpitos: a mesma Nicéia... Ou não entenderam nada do XIX, ou têm-se em alta conta demais...
9. Sabe, amigo, o direito germânico viciou-nos a olhar os pecados pelo viés do pecador. Aí pesa a inocência, a ignorância, coisas de culpa e dolo. No entanto, do ponto de vista das multidões arrastadas na alienação, não faz nenhuma diferença serem-no por meio de hipócritas ou de santos: o buraco é mesmo.
10. É como se quiséssemos que todos os povos tivessem acesso a luz elétrica e água tratada, avanços da modernidade, mas que permanecessem mansos e fiéis aos deuses, na fé plácida da pré-modernidade... ou da pós, dá no mesmo! Só podia sair isso da cabeça de teólogo mesmo... dentre os quais, aqui vai um. O segredinho, contudo, é que não é bem na mão dos deuses que se quer que eles fiquem...
11. A propósito, um dos meus Aforismos preferidos:
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Se possível fora repetir os adágios da infância da consciência, mas, esteticamente, anda posso, diria que sua boca fosse a de mil anjos. Eu quero tornar-me historiador, Haroldo. Mas não sou - não ainda. Penso que esteja a um passo, tanto no que diz respeito ao direito, quanto ao fato.
3. De direito, essa semana que o dia de hoje abre tem alguma chance de me garantir o desejo - faço a prova na Rural, você sabe. Acho até que sua declaração cripto/pseudo (escolhe) profética brinca, fraternalmente, com essa informação, que você detém. Chances há. Mas só a terça dirá, e, se passar de segunda, então só a sexta...
4. Quanto ao fato. Bem, sem que eu soubesse, venho me preparando para uma guinada historiográfica. Você foi uma das dobradiças, você sabe... Tornei-me professor, primeiro, de Hermenêutica. Desde sempre, de Metodologia. Recentemente, de Epistemologia. Minhas veias deixam correr Morin, complexidade e transdisciplinaridade. Penso estar maduro (ou quase). Para a prova de Historiografia e Teoria da História, quase tudo já tinha lido e comprado. Comprei só o atualíssimo.
5. No outro extremo do espectro, apaixonei-me por Ginzburg e o paradigma indiciário. Aliei a isso a minha experiência com Exegese e uma atenção heurística dedicada à Fenomenologia da Religião - daí saíram Nehushtan e A Cosmogonia de Inauguração do Templo de Jerusalém. São trabalhos feitos em ambiente "teológico", mas que são, funamentalmente, histórico-fenomenológicos - sobretudo, indiciários...
6. Quanto à profecia, meu amigo, escrevi as duas postagens mais pesadas de Peroratio até aqui. Não se trata de uma bravata, mas de uma nudez. Não posso aplicar o que disse à profecia bíblica, a nenhum deles, a nenhuma delas - que, você sabe, leio-os, contudo, como a homens e mulheres, e não como a oráculos. Em tudo, concordo com o que você disse. Quando disse o que disse a respeito de profecia, disse-o em relação ao homem contemporâneo, duzentos anos depois de Kant, cento e cinqüenta, depois de Feuerbach e Marx, cem, depois de Freud, tantos, depois de Schopenhauer, Nietzsche, Dilthey, Peirce, Heidegger - Morin. E nem fala das ciências duras...
7. Eventualmente o homem não leu nada disso: não devia ter-se metido em teologia, então. Meteu-se: está bem, peca por ignorância. E, contudo, a despeito do "direito germânico", leva multidões para o buraco... Leu-os? E, ainda assim, abre a bocarra escancarada e cheia de dentes teocráticos? Cínico! Canalha! Tudo se resume a isso: ou se entrou por Kant, ou se ficou na Idade Média - com todos os riscos que isso carrega consigo. Todos. Méritos? Você vê algum? Se nem Gottwald, você se lembra, gostaria de trocar sua Califórnia pela "idade de ouro libertária das tribos israelitas", quanto mais, nós, pelo barroco e o gótico...
8. Quem me arrancou aquelas postagens foi um blog de um pastor que se diz evangelical, ele e um outro grupo de pastores que igualmente assim se chamam, para, sempre, diferenciarem-se dos demais. Eles, os bons, os outros, os maus. Eles, os éticos, os outros, embusteiros - pois eu digo que embusteiros eles o são mais do que aqueles, porque leram todo o XIX, aqueles, não. Se leram, cospem-lhe na cara. Mas os "evangelicais" até estudam em instituições "progressistas"... Mas vá a uma de suas igrejas, amigo, e verás o que sai daqueles púlpitos: a mesma Nicéia... Ou não entenderam nada do XIX, ou têm-se em alta conta demais...
9. Sabe, amigo, o direito germânico viciou-nos a olhar os pecados pelo viés do pecador. Aí pesa a inocência, a ignorância, coisas de culpa e dolo. No entanto, do ponto de vista das multidões arrastadas na alienação, não faz nenhuma diferença serem-no por meio de hipócritas ou de santos: o buraco é mesmo.
10. É como se quiséssemos que todos os povos tivessem acesso a luz elétrica e água tratada, avanços da modernidade, mas que permanecessem mansos e fiéis aos deuses, na fé plácida da pré-modernidade... ou da pós, dá no mesmo! Só podia sair isso da cabeça de teólogo mesmo... dentre os quais, aqui vai um. O segredinho, contudo, é que não é bem na mão dos deuses que se quer que eles fiquem...
11. A propósito, um dos meus Aforismos preferidos:
129 - As condições de Deus - 'o próprio Dus não poderia subsistir sem os homens sábios' - disse Lutero, e com muita razão, mas 'Deus ainda menos poderia permancer sem os insensatos', foi o que esse bom Lutero não disse" (Nietzsche, A Gaia Ciência).
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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