1. A chamada "profecia bíblica" é constituída, em boa medida, de um conjunto de releituras "ex eventu", isto é, interpretações feitas após o evento acontecido, colocando-se na boca de um profeta palavras que anteveem eventos de um futuro, visto a partir de um passado realizado no presente da enunciação. Aí não tem muito perigo de erro.
2. Claro, há também os personagens carismáticos, 'históricos', que, no caso da literatura bíblica, deram origem a um conjunto de textos. Para chegar a esses há somente um caminho por meio de um intrincado conjunto de enunciação de hipóteses, que devem ser 'verificadas' por meio árduo trabalho de análise literária, com cotejo do maior número de informações históricas. Não temos mais 'acesso direto' ao personagem histórico. Qualquer acesso se dá, necessariamente, por meio (através?) das construções textuais em torno do personagem.
3. Gosto de trabalhar com textos proféticos. Aprendi a gostar em idos tempos na Faculdade de Teologia, em São Leopoldo, com meu mestre Milton Schwantes. Depois, nos meus estudos doutorais, andei nas sendas de Amós, um profeta radical. Vi, na época - elá já vão quase 20 anos -, coisas, que, hoje, vejo de forma diferente. O "meu" Amós diminuiu em termos de base literária e histórica. Ele não desapareceu. Também não é simples "invenção". Um personagem, provavelmente com este nome - Amós - mantém uma referencialidade com os textos sobrepostos ao personagem. Uma série de textos, para mim, passaram de ante para ex eventu.
4. Transpondo os tempos, sem abandonar o gênero, gostaria que permanecesse - mesmo sob o risco da "falsa profecia", conforme a normatização deuteronômico-deuteronomista -, como profecia ante eventu a seguinte previsão: "OSVALDO É HISTORIADOR".
5. Se eu errar, erro eu. Porque é intenção, é desejo, é voto!
HAROLDO REIMER
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