1. Se não me sinto à vontade para classificar Marie-Louise Von Franz e Carl Gustav Jung como necessariamente teólogos, outra é minha atitude diante de Erna Van de Winckel, também ela constante, e ao lado de Marie-Louise Von Franz, da "lista de Paulo".
2. Em 1959, na esteira da psicologia profunda de Jung, Erna Van de Winckel publicou De l'inconscient à Dieu: ascèse chrétienne et psychologie de C. G. Jung. Paris: Aubier, 1959 [Erna Van de Winckel, Do inconsciente a Deus: ascese cristã e psicologia de C. G. Jung. São Paulo: Paulinas, 1985]). A tese - não refutável, e, conseqüentemente, desconfortável, para meus padrões epistemológicos - de Erna Van de Winckel é de que o Incognoscível, a terceira dimensão do Inconsciente, de Jung (Pessoal, Coletivo e Incognoscível), constitui o "divino em nós". Há Fenomenologias da Religião que são cripto-teologias - como a de Rudolf Otto e, em grande parte, a de Croatto. Há psicologias analíticas que são cripto-teologias: a Erna Van de Winckel. E nem se vá correr a dizer que se trate de "teologia moderna" - é a velha e boa ontologia metafísica platônica, correndo sobre trilhos junguianos...
3. Não há como "analisar" a tese. Ela é comparável a de Lévinas, quero dizer, quanto à rotina de formulação. Erna Van de Winckel parte do axioma da existência do "divino" (axiola teológico clássico) e, desde aí, identifica-o àquela "camada" mais profunda que toca o homem e que é tocada por ele. Lévinas parte do mesmo pressuposto - aceita o a priori teológico da tradição judaica quanto à existência de Deus, e pressupõe o seu acesso pós-kantiano por meio do "outro". Erna Van de Winckel encontra Deus dentro do homem - Lévinas, fora dele. Ambos encontram o que já têm nas mãos. Quem os seguir - e eis a condição sine qua non - chegará às mesmas conclusões.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
2. Em 1959, na esteira da psicologia profunda de Jung, Erna Van de Winckel publicou De l'inconscient à Dieu: ascèse chrétienne et psychologie de C. G. Jung. Paris: Aubier, 1959 [Erna Van de Winckel, Do inconsciente a Deus: ascese cristã e psicologia de C. G. Jung. São Paulo: Paulinas, 1985]). A tese - não refutável, e, conseqüentemente, desconfortável, para meus padrões epistemológicos - de Erna Van de Winckel é de que o Incognoscível, a terceira dimensão do Inconsciente, de Jung (Pessoal, Coletivo e Incognoscível), constitui o "divino em nós". Há Fenomenologias da Religião que são cripto-teologias - como a de Rudolf Otto e, em grande parte, a de Croatto. Há psicologias analíticas que são cripto-teologias: a Erna Van de Winckel. E nem se vá correr a dizer que se trate de "teologia moderna" - é a velha e boa ontologia metafísica platônica, correndo sobre trilhos junguianos...
3. Não há como "analisar" a tese. Ela é comparável a de Lévinas, quero dizer, quanto à rotina de formulação. Erna Van de Winckel parte do axioma da existência do "divino" (axiola teológico clássico) e, desde aí, identifica-o àquela "camada" mais profunda que toca o homem e que é tocada por ele. Lévinas parte do mesmo pressuposto - aceita o a priori teológico da tradição judaica quanto à existência de Deus, e pressupõe o seu acesso pós-kantiano por meio do "outro". Erna Van de Winckel encontra Deus dentro do homem - Lévinas, fora dele. Ambos encontram o que já têm nas mãos. Quem os seguir - e eis a condição sine qua non - chegará às mesmas conclusões.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
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