segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

(2008/96) Enquanto aguardamos o CNE


1. Haroldo nos traz notícias sobre o andamento do "caso" Teologia no MEC - (2008/95) Teologia no MEC. Eu estava mais ou menos inteirado do assunto, mas por meios não-oficiais. Não tinha certeza dos nomes - e você confirma o nome de Marilena Chauí. A informação não-oficial que eu tinha mencionara o seminário da Bahia, um batista, de Feira de Santana, mas não mencionara a "razão" alegada. Eu teria de ler o Projeto para ter uma idéia do que significa, nesse caso, "excessivamente pastoral" - só posso fazer uma idéia...

2. Quando coordenei o processo de elaboração do Projeto da Faculdade Batista do Rio de Janeiro - FABAT (havia um colegiado nada, nada unido, mas, ainda assim, progredimos), formulei, e foi aprovada, a seguinte definição: "um curso cujo objetivo é a formação de profissionais de Teologia, com fundamentação bíblica em diálogo com as Ciências Humanas e com ênfase em pesquisa". A definição contempla a pastoral, já que os "pastores", aí, enquadram-se na categoria "profissionais de teologia", mas não se reduz a ela. Todavia, só uma análise do Projeto em questão, aquele que foi objeto do pedido de "vistas", decidiria.

3. Seja como for, o Parecer que Haroldo cita é "pragmatista" - (em sentido pragmático, é político). Não sei se poderia ter sido diferente. Sequer houve discussão aberta. Foi, mesmo, o resultado de uma gestão política por parte de cristãos, evangélicos e católicos. Seja como for, é o válido, aprovado, e em vigência.

4. Pragmatista o Parecer, nós, evangélicos, pouco caminhamos na direção de aproximarmo-nos epistemologicamente das regras do jogo das "ciências". Pelo contrário - como o demonstram nossas discussões "epistemológicas", que começam a ser publicadas -: vamos argumentando no sentido de manter a Teologia com um salvo conduto epistemológico - o que se chama "fé", mas caracteriza, a rigor, corporativismo de mercado (nisso e disso nem nos envergonhamos, porque achamos, "natural"): os ídolos da tribo, de Bacon, consistem em nossa regra de fé! O vício é a norma. Na Teologia, todas as bocas são tortas.

5. Mais cedo ou mais tarde, não faz diferença ter sido mais cedo, alguém ia se dar conta do que está aí. Não sei as razões (reais) que levaram a Profª Chauí a pedir vistas, se o alegado é, nesse caso, também o real. Seja como for, não fosse ela, seria outra/o. E, se depender de nós, ajudaremos bastante esse desconforto epistemológico - há até teólogos que querem a Teologia fora do MEC. Quanto aos que a querem cá, querem-na bem confessional - em nome da fé e tudo. "Excessivamente pastoral" parece-me o menor dos nossos problemas.

6. Eu quero a "Teologia" dentro do MEC (naturalmente, não da forma como ela é, ainda hoje, mesmo agora, quando tem a espada sobre a nuca). Mas não me pediram e não hão de pedir, suspeito, a opinião. Se me pedirem, quem sabe?, diria que, primeiro, devemos discutir seriamente o estatuto epistemológico da Teologia. E não poderíamos discuti-lo domesticamente, sequer permitirmos, nós mesmos, que questões de "fé" ("confissão") ajeitassem as coisas. Deveríamos sentar, nós, teólogos, cristãos e umbandistas, já que estes já têm sua própria faculdade reconhecida, representantes da ciências humanas e duras, de preferência aqueles atualizados com as questões epistemológicas da Complexidade e da Transdisciplinaridade (postuladas e patrocinadas pela UNESCO), e, desarmados, sejamos nós, sejam eles, aprofundarmos os termos em que a Teologia aceita fazer parte do jogo acadêmico, bem como que implicações isso tem para o próprio jogo, já que o todo há de se transformar, dada a inclusão de uma nova parte, parte essa, contudo, que há de se incluir segundo os estatutos do todo, e não por meio de sua própria idiossincrasia.

7. Quer dizer, então, Haroldo, que a questão está em discussão. Gostaria de saber quem há de discuti-la. Quem são? Estarão preparados para a tarefa? Estarão abertos? Quais os comprometimentos? São questões importantes demais para deixarmos à mercê do tempo, das rotinas burocráticas. Há que se discutir a sério essa questão - tanto nós, teólogos, quanto eles, a quem nos queremos reunir, como co-irmãos, como co-cientistas, como co-cidadãos.

8. Há algum modo de ajudarmos? De nos manifestarmos? Quer dizer, para além do Peroratio, que, para qualquer interessado, há manifestação aqui a dar com pau...

9. Haroldo, mais uma vez, não entendi um ponto de seu texto: último parágrafo, aquele "mas", que abre a oração em que você diz gostar dos textos que tenho escrito... O que esse "mas" quer dizer?

10. Quanto à minha varanda parecer uma oficina a todo vapor, isso deve-se ao fato de que, desde Nehushtan, tornei-me um harash, a um tempo ferreiro e alquimista... Mas se trata de uma fase diferente da do passado, quando eu, ou escrevia, ou jogava MMORPG. Agora, entre um golpe de maça e um tiro de "bazooca", os demônios que moram em minha cabeça me tomam, e, como o teclado é o mesmo, para um caso, para outro, basta vomitar. Talvez a homeopatia esteja fazendo algum efeito...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Sobre ombros de gigantes


 

Arquivos de Peroratio