1. Há uns quatro anos, um aluno, para quem dei carona, contou-me que era "médium" cristão, que tinha visões e sonhos. Teve um. Sonhou que Obaluaê aparecia para ele, e ficava de pé, em frente à esposa dele... Ele acordou apavorado: era o mal, visitando sua esposa, que, ele assevera, de fato, depois disso, adoeceu gravemente...
2. Ele queria saber minha opinião.
3. Eu lhe disse que via ali dois fenômenos completamente diferentes - um (ainda?) inexplicável; outro, completamente explicável.
4. O inexplicável: não se sabe exatamente que fenômeno é esse das premonições. Ele existe. Há casos de sintonia finíssima. Minha mãe era médium espírita e "viu" a queda do Viaduto Paulo de Frontin na véspera. Não, nenhum orixá apareceu para ela: ela viu a cena... Abandonou o Espiritismo de tanto sofrer, vendo coisas que aconteciam e ela nada podia fazer, como o assassinato do vigia da Padaria Paulista, que, inutilmente, ela avisou...
5. Inexplicável.
6. Tanto a União Soviética quanto a CIA fizeram pesquisas sobre isso, empregaram estudos, na Guerra Fria. Não sei no que deu.
7. Mas eu acredito que seja algum fenômeno "natural". Seja como for, ainda inexplicável... Não descarto, todavia, que sejam "sobrenaturais", mas, nesse caso, jamais terão explicação.
8. O explicável: a tradução da premonição é - SEMPRE - cultural, e ela está carregada dos vícios, dos motivos, das imagens, do sujeito. "O que ele vê" é de sua própria cabeça, fruto de sua cultura.
9. Meu aluno, e eu disse isso para ele, viu Obaluaê... Por quê? Porque ele interpretou o sonho - no momento em que ele acontecia - como mal, e ele, sendo cristão, tem no mal a figura dos diabos, e o diabo da doença é o mais mal de todos, e o diabo da doença, para ele, é aquela figura africana, que ele, na cultura cristã dele, tem por diabólica, Obaluaê... Tudo preconceito, mas, de qualquer forma, fruto da cultura...
10. Pior ainda: a esposa dele ficou doente porque foi atacada por vírus. Fato na Natureza, da "criação" - isso não tem nada de "mal". Mas a cultura teologia dele trata isso como "mal", e a sua mente interpreta isso como "Obaluaê"...
11. Eu, então, arrematei: continue dando ouvido aos avisos que recebe - mas não leve a roupa que eles vestem a sério: isso, é a parte suja deles...
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
3 comentários:
Osvaldo,
agora eu fiquei sentido com você!
Faz algum tempo que lhe relatei um fato ocorrido comigo, na mesma linha do que lhe contou o aluno a quem você deu carona, fato este que, por não conseguir compreender, nem encontrar nos meus eventuais interlocutores uma explicação razoável, mesmo que uma opinião, vinha me perturbando bastante nos últimos quatro anos, como uma barreira me impedindo de, usando a expressão da sua postagem, não levar a roupa que os avisos vestem a sério.
Agora, acesso Peroratio, e leio essa postagem com a explicação que me faltou!
A experiência que tive veio num momento em que começava a substituir um projeto retórico - a doutrina da denominação de que eu era membro - por outro - leituras em outras áreas da religião com as quais eu tomava contato.
E aquela experiência me dizia que o rumo que eu tomava era errado.
Não segui um, nem retornei para o outro, mas isso ficou me martelando a cabeça, não permitindo que eu seguisse adiante... até agora, acredito eu e assim espero.
De toda forma, obrigado, amigo, de verdade!
Abração!
Luciano, não me recordo da "consulta" ou do "desabafo". O fato de eu não recordar não é significativo: esqueço as coisas com muita facilidade (Bel tem que me recontar muita coisa de nossos 25 anos, porque esqueço)...
Seja como for, as resposta que dou para temas difíceis são arrancadas de mim na hora da pergunta.
Era uma aula, todos os alunos olhando para mim e, de repente, o tema da aula se transforma em questões dessa ordem e natureza: foi a resposta que consegui dar...
Não tem nada a ver com você, então larga mão de fazer beicinho...
:o)
Em bom facebookês: KKKKKKKKKKKKKKKK! Fazer beicinho foi ótimo!
Eu sei disso, foi mais a provocação mesmo!
Mas valeu!
Abração!
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